Frei Bento Domingues
In Público
28.12.2015
O iaveísmo histórico veicula uma teologia nacionalista, por vezes, de uma extrema violência.
1. Quando se tenta explicar a violência das religiões ou contra as religiões resvala-se facilmente para a justificação do crime.
Nos últimos tempos, repetem-me: o Papa Francisco considera o terrorismo, em nome de Deus, como uma blasfémia, mas, nesse caso, o Antigo Testamento (AT) não é também ele blasfemo?
O exegeta, Armindo Vaz [1], referindo-se a Dt 20,10-18 [2], apresenta Moisés a falar a Israel deste modo:
“Quando te aproximares duma cidade para combater contra ela…, Iavé teu Deus a entregará nas tuas mãos e passarás a fio de espada todos os seus varões, as mulheres, as crianças, o gado; tudo o que houver na cidade, todos os seus despojos, o hás-de tomar como espólio…Quanto às cidades destes povos que Iavé teu Deus te dá em herança não deixarás nada com vida; consagrá-los-á ao extermínio: hititas, amorreus, cananeus, ferisitas, hivitas e jebuseus, como te mandou Iavé, teu Deus, para que não vos ensinem a imitar todas essas abominações que eles faziam em honra dos seus deuses: pecaríeis contra Iavé vosso Deus”.
As explicações históricas do autor são importantes, mas insuficientes.
2. Encontrei, num estudo de Francolino Gonçalves [3], da Escola Bíblica de Jerusalém e membro da Comissão Bíblica Pontifícia, algo diferente. O uso que farei da sua hipótese só me responsabiliza a mim. Passo a transcrever apenas algumas passagens do seu longo texto.
Começa pela opinião comum: “desde há cerca de três quartos de século que o iaveísmo teve como matriz e, durante muito tempo, como único horizonte Israel ou, melhor dito, as relações entre Iavé e Israel. Nesta perspectiva, a eleição de Israel, a sua libertação do Egipto e a aliança que Iavé fez com ele, são os artigos fundamentais da fé iaveísta. Por influência das religiões estrangeiras, em particular da religião cananeia, o iaveísmo ter-se-ia voltado também para o mundo no seu conjunto e teria visto nele a obra de Iavé. No entanto, só teria assimilado plenamente a fé na obra criadora de Iavé, a partir de cerca de meados do séc. VI a.C., sendo Is 40-55 [4], o escrito sacerdotal e vários salmos testemunhos e resultados deste processo de assimilação. Dito isso, a fé na obra criadora de Iavé, que tem por quadro e horizonte o cosmos e a humanidade, teria ficado sempre subordinada à fé na sua obra salvífica, que tem por quadro e horizonte a história das relações entre Iavé e Israel.
“A opinião comum teve a sua formulação clássica na Teologia do Antigo Testamento de von Rad, o estudo do género que maior influência exerceu durante o último meio século. A própria Constituição dogmática Dei Verbum do Concilio Vaticano II (1965) deve muito à Teologia do luterano von Rad.
“A primazia absoluta que se atribui à ideia de história da salvação de Israel, a expensas da solicitude de Deus para com toda a criação, foi alvo de contestações mais ou menos radicais. Os seus autores baseiam-se geralmente numa maior atenção prestada aos escritos sapienciais mais antigos, que a opinião corrente não tem em conta. (…) O AT contém assim duas representações diferentes de Iavé. Segundo uma, ele é o Deus criador que abençoa todos os seres vivos; segundo a outra, ele é o Deus que está ligado a Israel, o seu povo, a quem protege e salva.
“Os exegetas não prestaram a estas vozes discordantes a atenção que mereciam. A esmagadora maioria parece nem as ter ouvido. Por isso, ficaram sem eco, não tendo chegado ao conhecimento dos teólogos, dos pastores nem, por maioria de razão, ao público cristão.
“As minhas pesquisas nesta matéria confirmaram, essencialmente, o resultado dos estudos que referi e, além disso, levaram-me a propor uma hipótese de interpretação do conjunto dos fenómenos religiosos do AT que é nova. A meu ver, o AT documenta a existência de dois sistemas iaveístas diferentes: um fundamenta-se no mito da criação e o outro na história da relação de Iavé com Israel. Simplificando, poderia chamar-se iaveísmo cósmico ao primeiro e iaveísmo histórico ao segundo. Contrariamente à opinião comum, a fé na criação não é um elemento recente, mas constitui a vaga de fundo do universo religioso do AT.”
FRANCISCO, O REFORMADOR
in DN
1. Foi um dos acontecimentos mais importantes do século XX. Pelas suas repercussões religiosas, políticas, sociais, geoestratégicas. Constituiu uma revolução. Refiro-me ao Concílio Vaticano II, cujo encerramento se deu fez no passado dia 8 cinquenta anos. O que seria a Igreja e, consequentemente, o mundo, se não se tivesse realizado o Concílio? O teólogo Juan Tamayo acaba de elencar algumas das transformações operadas.
Passou-se de uma Igreja, sociedade perfeita, à Igreja Povo de Deus; do mundo considerado inimigo da alma ao mundo como "espaço privilegiado onde viver a fé cristã"; da condenação e anátema contra a modernidade e as religiões não cristãs ao "diálogo multilateral": com o mundo moderno, a ciência, a cultura, as confissões cristãs, as religiões não cristãs, o ateísmo; da condenação dos direitos humanos ao seu reconhecimento e ao combate por eles; da condenação da secularização ao reconhecimento e defesa da autonomia das realidades terrestres; da Igreja "sempre a mesma", imutável, à Igreja em permanente reforma; da Cristandade ao Cristianismo; da pertença à Igreja, condição necessária para a salvação, à liberdade religiosa.
2. Muitas questões ficaram por resolver: por exemplo, manteve-se uma estrutura hierárquico-piramidal e o patriarcalismo, impediu-se o debate sobre o celibato obrigatório... Mas, no seu espírito, o Vaticano II constituiu uma abertura revolucionária, uma primavera de renovação. O problema é que se seguiu um longo inverno.
No dizer do teólogo Xabier Pikaza, havia duas leituras possíveis do Concílio: uma linha de fechamento, dos que pensavam que, passada a tormenta, se voltaria à situação anterior, insistindo na manutenção de estruturas de uma Igreja que tomou a sua forma actual na Reforma Gregoriana, no século XI. "Esta é a linha que triunfou com o Catecismo da Igreja Católica e com o Código de Direito Canónico, que não assumem na realidade o Concílio, pelo contrário, se opõem ao seu desenvolvimento, por medo, por falsa tradição (ou por desejo de controlo da Cúria Romana." Assim, as transformações e a evolução foram travadas.
A outra era uma linha de abertura, como exigiam os "sinais dos tempos". De facto, com as independências, estava-se no termo do colonialismo político, o que exigia, por parte da Igreja, o fim do predomínio do catolicismo europeu e ocidental. A Igreja tinha de passar de uma cultura única, "quase monolítica, de tipo greco-latino e europeu ocidental", a uma Igreja verdadeiramente universal, em diálogo com todas as culturas e assumindo a inculturação. O Concílio percebeu que a Igreja tem uma mensagem transcendente (a presença de Deus), mas também que essa mensagem é "inseparável da presença e acção dos cristãos no mundo", em ordem à justiça e à paz.
3. Não foi por acaso que Francisco, o "Papa misericordioso" (José M. Vidal), escolheu o dia 8 de Dezembro, para inaugurar o Ano Santo da Misericórdia. "Escolhi a data de 8 de Dezembro pelo seu grande significado na história recente da Igreja. Com efeito, abrirei a Porta Santa no quinquagésimo aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II. Derrubadas as muralhas que durante muito tempo encerraram a Igreja numa cidadela privilegiada, tinha chegado o tempo de anunciar o Evangelho de um modo novo. Uma nova etapa. Um novo compromisso." Na inauguração, foi claro que quer a Igreja na linha da abertura: "O Jubileu obriga-nos a não esquecer o espírito do Vaticano II, o do samaritano".
Voltar ao espírito do Concílio implica retomar a inspiração do Evangelho, abrindo as portas e as janelas da Igreja. Por isso, Francisco chamou uma Auditoria Externa para que haja transparência nos dinheiros do Vaticano. Avançará, escreve Pikaza, com a reforma da Cúria Romana enquanto tal: "podemos supor que o Papa continuará em Roma, como sinal de unidade eclesial, mas sem Vaticano, no sentido estrito do termo, isto é, sem uma Cúria de poder religioso". Houve quem se apropriasse da Igreja como "sua quinta particular", mas Francisco quer "devolver" a Igreja aos cristãos. Uma vez que a Igreja é todos os cristãos e não uma "superstrutura clerical", os ministérios hão-de ser verdadeiros ministérios, serviços.
4. Há quem deseje para Francisco o que aconteceu a João Paulo I. Mas ele foi dizendo que "as resistências não travam..., impulsionam" e assegurou, há dias, perante a Cúria, que a reforma "continuará com determinação, lucidez e resolução, porque a Igreja tem de estar sempre em reforma". É expectável que na próxima Exortação Apostólica torne possível, como referiu recentemente o cardeal M. Sistach, a comunhão para os divorciados recasados; também admitiu que o preservativo "é um método para prevenir a sida"; há indícios de que o próximo Sínodo possa ter como tema os padres casados, revendo-se então a lei do celibato: este problema, já disse, "está presente na minha agenda".
Enquanto os holofotes estavam concentrados unicamente nos Beatles, algures, num Convento De Frades Menores Capuchinhos, no Ameal, Porto, estes seis "poPbres" davam cartas nos finais dos anos sessenta!!!!Cânticos como o Irmão Sol, Senhor fazei de mim um instrumento da vossa paz passavam competamente à margem dos grandes Hits!!!
Nem vós, ó Francisco Amaral, Jorge Afonso ou António Macedo, vos dignastes incluí-los nas vossas "íntimas" play list!!!!Pobrezinhos, era o que era!!!!
Faz de conta que hoje era ontem (cadê o tempo para actualizações na hora!!!) e que se tratou de vir para a rua mostrar os brinquedos que nos surpreenderam no sapatinho deixado na altoalentejana lareira de terra batida, daquele ano de 1955(?): uma viola de madeira, para mim, e uma boneca para a minha querida mana Luisa Colaço!
Foto.Os meus queridos e saudosos Pais , Zé Jacinto e Maria José, com a minha irmã Maria Luisa, em Gavião, no Largo do Espírito Santo.
E pronto.
Tudo está desembrulhado.
Todas as ansiedades desvendadas.
Todas as surpresas consumadas.
Todas as iguarias digeridas.
E mesmo curadas foram algumas feridas.
Calaram-se os sms dos telemóveis e com eles as agradáveis sensações de aparecerem amigos que não ouvias à gerações e permanecerem silenciosas as vozes que outrora te rondavam, persistentes, sequiosas.
Resta continuar o Natal do Natal todos os dias.
Sempre que possível igual a ti próprio.
Até pró ano ou até mais logo!
ONCE UPON A TIME........
Os meus queridos e saudosos Pais, Maria José e Zé Jacinto, a minha querida irmã Luisa, a minha querida Meninha, as minhas queridas sobrinhas Cristina e Luisa Paula.
Os Natais do meu Natal.
Foto. Alvega, Abrantes 1975 (?).
OS NATAIS DO MEU NATAL
A sair da Matriz do Montijo depois do último ensaio do Coral Lux Aeterna que agora me colocaram nas mãos.
Lá estaremos a ajudar o "Coro das sete", amanhã, na Missa do Galo e no dia de Natal, pelas 9 horas da manhã.....na Missa de Natal.
O NATAL DO NATAL
Há muito que não sentia tanto gozo em preparar as couves da Consoada.
Descobrir estética no lado gastronómico das couves "tronchuda" e "penca" da região envolvente ao Montijo tornou o adivinhado jantar em sublime manjar de deuses.
Se a isto juntarmos um tinto alentejano "Piteira-premium", com que fui surpreendido na casa que nos acolheu, está tudo dito quanto ao carácter de excelência de que se revestiu a consoada ora finda.
Longe da matricial vila de Mação, é hora de encaminhar os passos para a montijense Missa do Galo.
A infantil gritaria amaina e o Pai Natal - no meu tempo, por terras do meu Gavião natal, bombardeavam-nos com o Menino Jesus, uma realidade bem mais conforme com o natalício espírito - é hora de consumar a capacidade de surpreender de que a quadra faz gala.
Amainaram os SMS.
Dou graças às novas tecnologias que tornaram mais próximos de nós aqueles que há muito não víamos/ouvíamos.
Sabe tão bem saber que aqueles de quem mais gostamos gostam de nós também.
Obrigado.
O NATAL DO NATAL
Por aqui já se amassa.
Maçada? Outra vez do mesmo?
Qual o quê, só pode repetir quem CONTINUA A QUERER VIVER!!...
Natal, para continuar a NASCER todos os dias!
2
Com a massa a tender, serenamente a aguardar a sua hora de fritura, a tradicional cruz com o "Deus te acrescente que és para muita gente!".
Os olhos também comem!
Mais logo,claro!
Boas Festas,minha gente e...com fartura!
E pronto, ei-las, rendilhadas, à moda alentejana,ou em cova à moda beiroa.
Mãezita, como vês, a tradição não se perdeu, tal como fazias para nós, no final da fritura, com a massa sobrante, aqui estão os três bonequinhos agora para os teus bisnetinhos Francisco, Vicente e Lourenço, que Aí, onde estás mais o teu Zé, acompanhas eternamente.
E agora, ala, a caminho, da casa da Ritinha e Paulo, e dos netinhos Quico e e Lourenço, acreditando que o Joãozinho no Porto, junto do seu Vicentinho, Mãe Marília e Avós do Norte, faça Natal em espírito connosco.
CELEBRAR O NATAL PARA QUÊ
Frei Bento Domingues
In Público, 20 Dez
Fazer família com quem não é da família é continuar a revolução de Jesus de Nazaré, do mundo todo.
1.Se Jesus existiu como realidade histórica – e raros são os que se atrevem a negar - é normal que tenha nascido. Quem reconhecer nele a condição humana no seu ponto mais belo, luminoso e humilhado, é justo que celebre este acontecimento.
As datas e os lugares elaborados para as festas, os cenários, as lendas e os mitos compostos pelas narrativas de S. Mateus e de S. Lucas (sem contar com os apócrifos) reflectem perspectivas teológicas e messiânicas diferentes. Nesses exercícios de antecipação para a infância da missão que apenas se manifestou na vida adulta de Jesus, os seus autores serviram-se dos materiais da cultura ambiente para reconfigurarem uma convicção: com Jesus, o evangelho da paz e da alegria de Deus incarnou na fragilidade humana. A salvação não está na fuga do mundo, mas na sua transformação, a partir das periferias mais condenadas. Como sempre, nas narrativas do Novo Testamento parece que tudo já estava previsto no Antigo, mas é sempre para introduzir o imprevisível.
Procurar em textos poéticos, lições positivistas de história, geografia ou biologia- “antes do parto, durante o parto e depois do parto” – apresenta-se como uma piedosa invenção para dizer que Jesus é sempre alguém completamente fora de série, na mais precária das situações. Os músicos, os poetas e os pintores da cultura popular e erudita não se enganaram quando deram asas à sua criatividade para fazer ouvir sons futuros de uma humanidade liberta.
Hoje, num clima cultural dominado pelo prestígio da ciência e da técnica, o recurso à crença em milagres, está reservado para os momentos de extrema aflição. Fazer de Deus um tapa buracos das insuficiências humanas é uma das formas mais frequentes de facilitar o caminho ao ateísmo. A fé na presença divina no nosso quotidiano tem itinerários muito diferentes de pessoa para pessoa. As receitas para cozinhar a vida espiritual tornam a comida sem graça. Como respiração da vida e iluminação da nossa noite só pode ser acolhida pelo silêncio intenso e acordada pela grande música: silêncio que cante e música que nos deixe sem palavras. A ponte para o divino exige a transfiguração do nosso olhar e da nossa escuta. A mediocridade é a receita fatal.
O exercício da razão é tão importante que o citado teólogo se atreveu a escrever o seguinte: embora acreditar em Cristo seja, por si mesmo, bom e necessário à salvação, pode, acidentalmente, transformar-se num mal: se alguém, em consciência, pensa que Ele é um mal, peca se o confessar como um bem [3]. No entanto, importa lembrar a paradoxal declaração de I. Kant, no prefácio à primeira edição da Crítica da Razão Pura: ”A razão humana tem este destino singular, num género dos seus conhecimentos, de ser dominada por questões que não pode evitar, pois são-lhe impostas pela sua própria natureza, mas às quais não pode responder porque ultrapassam totalmente o poder da razão humana” [4].
COMENTÁRIO
Meu querido Frei Bento, meu querido Paizinho, meu querido Irmãozinho, o que quiser que seja, porque de facto é da minha/nossa Família, BOAS FESTAS e muito obrigado pela prenda destas redentoras palavras com que faz/alimenta o nosso NATAL TODOS OS DOMINGOS!
2
Esta a mais saborosa prenda do meu Natal que nenhum "cofrée" de Davidoff, um qualquer Iphone último grito, o que quer que seja do domínio do TER, pode superar.
Sim, é IMPERDÍVEL esta prenda do domínio do SER.
SOU tão feliz!
Obrigado, outra vez!
antónio colaço
concerto de Natal do cram
MONTIJO DESLUMBRADO E RENDIDO
COM A QUALDADE DO CONCERTO OFERECIDO...
A Matriz do Montijo foi pequena de mais para o Grande Concerto de Natal oferecido à população.
Uma tradição que se vai enraizando, e a que ninguém, que gosta de música ,quer faltar.
Enquanto se aguardava pela abertura das portas da vetusta Matriz, cá fora, um manto de fumo vindo das várias fogueiras com que os escuteiros celebravam, ao vivo, o ambiente do Natal de há mais de dois mil anos, como que abria o apetite para o aguardado ambiente celestial.
Sob a direcção do maestro Carolino Carreira e ainda das maestrinas Ana Gato e Elsa Gomes, foi possivel ver desfilar os Coros Infantil e Juvenil bem como a Orquestra Sinfónica de Sopros e Percussão, interpretarem temas alusivos ao Natal, com destaque, quer para a Missa Brevis de Jacob de Hann, quer para as vozes infantis interpretando temas como O Inverno, de Margarida Fonseca ou The First Nowel, tema tradicional inglês, entre outros.
No final, Ilídio Massacote, o director do CRAM, e ilustre intérprete de Tuba ( é bom relembrar que integra a Orquestra do Teatro Nacional de S.Carlos) era um homem feliz e que agradeceu a todos a presença e os fortes aplausos, sinal do contentamento havido, e a todos desejou Boas Festas.
Quase que diríamos ser um crime resumir em cinco minutos um concerto que, durante mais de uma hora, encantou todos os montijenses que subiram à Praça da República.
antónio colaço
(In página FB da Afpdm/EPM)
LISBOAS
UM VIOLINO NO CHIADO
A câmera permanece sempre fixa.
Fixa os passos apressados do natalíco vai e vem consumista....
Não há tempo para reparar em quem apenas tem música para dar a desfrutar.
(É comovente o momento em que um cãozinho deixa a dona e se aproxima dos músicos abanando a cauda de contentamento!!)
Por favor, alguém com poder televisivo que me agarre, JÁ, nestes dois insolentes que ousaram perturbar a minha caminhada, Chiado acima, e me obrigaram a ir a uma loja ali perto para me destrocar a única notita que tinha (mereciam-na, não duvido!) e deixar a tradicional moedinha com que premeio quem assim me sai ao caminho. e lhes dê a visibilidade que MERECEM.
Reconheço que o meu pudor em filmá-los e a consequente má captação de som só podem ser redimidos quando os puder ver e ouvir refastelado à minha lareira num qualquer canal televisivo perto de mim.
Obrigado.
Nem o nome tive coragem de lhes pedir (para não interromper) apenas um "Obrigado, muito bom!!".
Imagens recolhidas junto da HM, na Rua do Carmo.Lisboa, 19 de Dezembro 2015.
PERTO DO PRINCÍPIO
Aguardo em concorridas filas para pagamento, algures, em grande zona comercial.
Deixo que, lentamente, a memória me reconduza à velhinha "Praça", Cardigos, anos 60...
A loja do Ti Alexandre, a loja do Sr. Amílcar,a loja do Jaquim Mata, a loja do Sr.Álvaro, as taberna do Zé Cascão e do Ramiro Cardoso, a alfaiataria do Mário Alfaiate, a taberna e mercearia do Mário Padeiro, a loja do Tonho das Mobílias, as tabernas do sr. Zé Silva, do Luís Córeta, a barbearia... do Ti Zé Pedreiro,a fábrica de velas do Sr Mário Tavares, a fábrica de velas dos Silvas, o Café do Tonito, a barbearia do Tonho Pires, os Lagares de azeite do Alberto Tavares e do Amílcar,....
Sinto o cheiro dos quartilhos de café, das postas de bacalhau, do pão ainda a cheirar a lenha e .....vai-me um frenesi nas narinas!
Tão intenso o presente deste longínquo passado que quase se confunde com este agora-dos-dias onde tudo está embalado, pesado, formatado....
Estarei à espera na fila para pagar, sim, mas NUNCA para apagar de mim estes dias matriciais.
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