Quinta-feira, 29 de Setembro de 2016
A MINHA FONTE DA TELHA

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A minha Fonte da Telha, barcos a chegar, barcos a partir, redes a remendar - aqui o meu amigo pescador mais recente, Fernando Galo -,peixe para vender, gaivotas tentando sobreviver, o Sol quase a despedir-se.....

Foto:NokiaE72 depois de se ter recusado a fotografar.Acabo de perder um fabuloso de gaivotas em torno do peixe sobrante!...
Rendi-me!É já só o que posso fazer,meu querido Luiz Carvalho!Gostava de te ver nesta situação!Clic,clic, e nada!O meu querido mono está, de facto, a despedir-se..


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publicado por animo às 23:18
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Terça-feira, 27 de Setembro de 2016
PRIMEIRA MÃO . JAIME GAMA E PAULO RANGEL APRESENTAM LIVRO DE PE ANSELMO BORGES

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primeira mão

JAIME GAMA E PAULO RANGEL
APRESENTAM NOVO LIVRO DO PE ANSELMO BORGES
"DEUS,RELIGIÔES (IN)FELICIDADE

 

A folhear o último livro do meu querido amigo Pe Anselmo Borges, em pleno Freeport (em obras!), um dos antros da "felicidade" consumista!
2
Será no dia 24 de Novembro,pelas 18.30, no Hotel Altis, em Lisboa.
A ânimo sabe que Jaime Gama terá ficado admiradíssimo com esta escolha pelo Pe Anselmo ao ponto de ter confessado "mas por que é que não escolheu um salão paroquial e foi meter-se num antro de ateus?!"
De facto o Hotel Altis tem servido a diversas forças políticas de esquerda, de que sobressai o PS,para a realização dos seus principais encontros políticos.
A ânimo sabe que a sala foi disponibilizada ao Pe Anselmo de forma espontânea e gratuita!



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Segunda-feira, 26 de Setembro de 2016
WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges
In DN 24 de Setembro

CONTAS.ÉTICA E POLÍTICA

Procuro seguir o velho preceito de não ir além da sandália (ne sutor ultra crepidam). Mas, desta vez, insistiram tanto que aceitei. Ir falar ao Congresso dos Revisores Oficiais de Contas (ROC). E disse.

1. Quando era pequeno, também andei na escola. Na altura, a gente ia tentar aprender a ler, a escrever e a contar. Contar pareceu--me decisivo, com o ler e o escrever. Fazer contas, o que implicava somar, subtrair, multiplicar, dividir.

Com o tempo, aprendi que alguns só sabem somar e multiplicar para eles próprios. Subtrair também sabem, sobretudo aos outros. Por vezes também subtraem tanto a si próprios que ficam na penúria - no caso dos Estados, acabam por cair na bancarrota. Dividir pelos outros os bens que são de todos - justiça social e equidade - é dificílimo e aprendizagem que exige heroicidade.

2. Ao contrário dos outros animais, que vêm ao mundo já feitos, os seres humanos, nós, por causa da neotenia, vimos ao mundo por fazer, e essa é a condição de possibilidade de sermos o que somos: precisamente humanos, pessoas livres, cuja tarefa essencial no mundo, diria, a única tarefa, é fazermo-nos a nós próprios: vindo à existência por fazer, temos por missão, fazendo o que fazemos, fazermo-nos a nós mesmos. Somos senhores de nós, das nossas acções e, por isso, somos responsáveis por elas e por nós. Que andamos no mundo a fazer? A fazermo-nos. Quem acha que isso é tarefa pouca? E, no fim, tanto pode resultar uma obra de arte como uma vergonha, uma porcaria.

E cá está. Temos de prestar contas pelo que fazemos, pelo que fizemos de nós, em primeiro lugar. Esta é a nossa tarefa ética. Somos, por constituição, seres abertos à ética.

3. Sendo por natureza, seres sociais, fazemo-nos uns aos outros. E nesta ordem de relações aparecem os negócios, negócios de toda a ordem. E, portanto, contas, inevitavelmente contas. E disso é preciso prestar contas.

E se todos fôssemos éticos, as leis seriam justas e não haveria falsificação nas contas. Não seriam precisos revisores de contas. Eles existiriam só para verificar se não tinha havido engano nas contas.

Mas não é assim. No Evangelho, um livro pequenino, cheio de sabedoria, está tudo, dizem, até sobre contas. Cito o Evangelho segundo São Lucas. "Jesus disse aos discípulos: havia um homem rico, que tinha um administrador, e este foi acusado de lhe malbaratar os bens. Chamou-o e disse-lhe: "Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não poderás administrar". Disse consigo o administrador: "Que hei-de fazer, visto o meu senhor me ir tirar a administração? Cavar não posso; de mendigar tenho vergonha... Já sei o que hei--de fazer, para que me recebam em casa, quando for removido da administração". E, mandando chamar um a um os devedores, disse ao primeiro: "Quanto deves ao meu senhor?" Este respondeu: "Cem talhas de azeite". "Toma o teu recibo, senta-te depressa e escreve cinquenta". A seguir disse a outro: "E tu, quanto deves?" Cem medidas de trigo". "Toma o teu recibo e escreve oitenta". E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. É que os filhos deste mundo são mais cautelosos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes."

Se isto não é corrupção, onde está a corrupção?

Mas este passo do Evangelho conclui assim: "E eu digo-vos a vós: arranjai amigos com o vil dinheiro para que, quando este faltar, eles vos recebam nas tendas eternas. Nenhum servo pode servir a dois senhores, porquanto, ou há-de odiar a um e amar o outro, ou então ligar-se-á a um, desprezando o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro." Não podeis tornar-vos escravos do Dinheiro enquanto vosso deus e ser éticos.

4. Se fôssemos todos éticos, não era precisa a política. Mas não somos.

Então, precisamos de política? Claro. Mas, em última análise, precisamos da política no sentido estrito, que implica o Estado enquanto organização política da sociedade, detendo ele o monopólio da violência, porque não somos éticos. Se todos fossem éticos, no quadro do fazer-se bem moralmente a si próprio, prestando contas de si e das contas, não seria necessária a política, que ficava reduzida à administração das coisas. Só porque somos egoístas, interesseiros, corruptos e corruptores, é que temos necessidade do Estado para regular e gerir os conflitos. Como escreve o filósofo A. Comte-Sponville, se a moral reinasse, não teríamos necessidade de polícia, de tribunais, de forças armadas, de prisões.

Urgência maior é a formação ética, moral, para os valores, que não são redutíveis ao valor do dinheiro. Sem valores éticos assumidos, remetemos constantemente para a política, para as leis, para a regulação, para os tribunais... Mas então só fica a lei e a sua sanção. Ora, não é possível legislar sobre tudo e, sobretudo, acabaria por ser necessário pôr um polícia junto de cada cidadão, para que cumpra a lei; como os polícias também são humanos, seria preciso pôr um polícia junto de cada polícia e assim sucessivamente... Juvenal disse. "A guarda guarda-nos. Quem guarda a guarda?"

5. Perante a situação a que o país chegou - bancos falidos e os contribuintes que paguem, perante os conluios e cumplicidades entre política e negócios, alta corrupção por muitos lados, uma economia entalada, uma escola débil, a espectacularização, por vezes patética e imbecil, da sociedade e da política, a idolatrização do dinheiro e a falta de transparência, uma cultura da moleza..., vim aqui apenas dizer que, sem uma profunda conversão ética e moral de todos, não vejo futuro brilhante para Portugal.

Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico.



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WEBANGELHO SEGUNDO FREI BENTO DOMINGUES

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A Bíblia ainda valerá a pena?

A Bíblia pode ser lida de muitas maneiras. A pior de todas é não ser lida.

 

1. Ao longo destas crónicas, referi, muitas vezes, os trabalhos de exegetas de língua portuguesa ou não, que vão multiplicando investigações, cursos e livros de introdução à leitura da Bíblia. Encadernada num só volume, pode esconder a realidade de uma biblioteca de diversos autores, estilos e géneros literários muito diferentes, construída ao longo de vários séculos da antiguidade judaica e cristã. Lida e interpretada por judeus e cristãos em contextos culturais e religiosos muito diferentes, não é uma literatura morta, como a ignorância supõe.

 A minha preferência, quanto às obras de introdução, vai para um precioso livro de J. T. Barrera [1] que oferece uma visão abrangente da investigação sobre a história da Bíblia. Segundo o autor, o seu conteúdo foi amadurecendo lentamente na preparação de cursos de “Literatura do Antigo Testamento”, ministrados no Departamento de Hebraico e Aramaico da Universidade Complutense de Madrid. Incorpora também materiais de trabalho em vários cursos de Doutoramento sobre “Os Manuscritos do Mar Morto”. É um livro-texto com características de uma obra enciclopédica em muitos casos e de ensaio científico noutros. Avisa: o enciclopédico nunca pode ser exaustivo e o ensaio científico nunca é definitivo. Uma obra aberta.

De André Paul [2], foi traduzida para português a história da génese cultural da Bíblia. O autor descreve o percurso simultaneamente religioso, literário e político que fez da Bíblia a verdadeira criação cultural do Ocidente.

A relação portuguesa com a tradução da Bíblia não é gloriosa. Segundo Carolina Michaëlis de Vasconcelos (1851-1925), acerca do período medieval, a literatura portuguesa, em matéria de traduções bíblicas, é de uma pobreza desesperadora. Na Wikipédia, dispomos de indicações da história das traduções da Bíblia em língua portuguesa.

O documento da Comissão Pontifícia Bíblica sobre a interpretação da Bíblia na Igreja (1993), embora relembre a identidade teológica da exegese católica, deixou, finalmente, a pesquisa científica à solta. Os textos não nasceram em nenhuma fábrica divina. Até as referências postas na boca de Deus espelham o que há de melhor e pior da condição humana. Não admira que surjam como escolas de santidade e de crime.   

2. Frederico Lourenço é um autor premiado e conhecido como ficcionista, ensaísta, poeta e tradutor. Depois de dez anos na Universidade de Lisboa, é, actualmente, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi celebrada a tradução da Ilíada e a Odisseia de Homero, assim como um volume de poesia grega. Em 2015, publicou um conjunto de leituras da Bíblia [3].

“Para que fique bem claro: (…) Não sendo, todavia, de um ponto de vista religioso (cristão ou outro) que aqui escrevo sobre a Bíblia, também não escrevo sob um prisma irreligioso: sou sensível (diria mesmo hipersensível) ao apelo do Divino. (…) Não tenho nenhum problema em afirmar que, pessoalmente, considero Jesus de Nazaré a figura mais admirável de toda a história da Humanidade” [4].

3. Frederico Lourenço resolveu entrar numa aventura admirável: traduzir a Bíblia grega, Antigo e Novo Testamentos, para português. Preparação não lhe falta nem na cultura grega nem na nossa. A avaliação do resultado pertence a qualquer leitor, tanto mais que o texto não é bilingue. Será interessante ver como vai ser recebido pelos exegetas. Em ambos os casos importa conhecer o seu ponto de vista e os critérios em que assenta o seu trabalho, explicitados na introdução. O objectivo é dar a conhecer o texto bíblico. Até aí, nada de novo. No entanto, procura que, tanto a tradução como os comentários para a compreensão do texto grego, não sejam de carácter doutrinário, confessional e apologético.

O volume I [5] desta Bíblia é constituído pelos 4 Evangelhos. Vai da foz para a nascente. Confessa que temos de nos dar por felizes pelo facto destes textos maravilhosos terem sobrevivido a qualquer tentação de dar ao cristianismo um Evangelho único, artificialmente purgado de problemas, de frases e de palavras difíceis. São justamente as palavras difíceis (e muitas vezes intraduzíveis) que nos obrigam a pensar no que significou e significa ainda a extraordinária mensagem de Jesus, assim transmitida de modo tão desafiante para o crente e como para o não crente. São quatro prismas diversos. Se há verdade que todos os dias nos é confirmada pela observação objectiva da realidade humana é que, no cerne do seu valor ético, a mensagem de Jesus continua tão válida, tão certeira e tão urgente como era há dois mil anos.

A Bíblia pode ser lida de muitas maneiras. A pior de todas é não ser lida.

[1] Julio Trebolle Barrera, A Bíblia Judaica e a Bíblia cristã. Introdução à história da Bíblia, Petrópolis, Vozes, 19992.

[2] André Paul, A Bíblia e o Ocidente. Da biblioteca de Alexandria à cultura europeia, Instituto Piaget, 2014.

[3] Frederico Lourenço, O Livro Aberto: Leituras da Bíblia, Cotovia, Lisboa, 2015.

[4] Ib, p.13-14.

[5] Quetzal Editores, Lisboa, 2016



publicado por animo às 21:52
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DOCE ABRANTOPIA à conversa com Rui Pereira da Padaria Pastelaria Pereira (Abrantes)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A HISTÓRIA DE UMA OBRA PLÁSTICA

Tive a sorte de tropeçar no jovem empresário Rui Pereira, um dos dinamizadores da Padaria Pastelaria Pereira, para a concretização de um sonho antigo:homenagear Abrantes, o seu centenário, com a realização do trabalho "DOCE ABRANTOPIA" que está em exposição na Galeria Municipal "quARTel" até 14 de Outubro....
(Amanhã a Galeria está aberta!!!).
2
Tratava-se de conseguir arranjar CEM TIGELINHAS combinando entre usadas e novas e assim celebrar o centenário.
Para a tarefa consegui o apoio imprescindível do meu querido amigo João Daniel que me conduziu até ao Rui.
3
Na impossibilidade de conseguir, atempadamente, produzir um filme sobre a evolução da obra, tal como desejava e desejo - a mudança de computador, respectivos programas de edição, a minha lerda capacidade de adaptação a estas tecnologias - estavam a impedir-me de editar este trabalho com o Rui a quem publicamente quero agradecer toda a atenção e confiança em mim depositada.
Chamo a atenção para o pouco cuidado técnico do filme mas, enfim, creio que está com a dignidade que o Rui e todos os seus familiares e colaboradores merecem.
4
Foi uma agradável descida à noite da Padaria/Pastelaria Pereira, descida que também me fez recordar as noites em que visitava o meu querido e saudoso Pai Zé Padeiro!!!!
Também por isso, meu querido amigo Rui, OBRIGADO!

 



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Segunda-feira, 19 de Setembro de 2016
WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges
In DN 17 Setembro

PARA ONDE VÃO OS MORTOS?

 

1. A gente nunca tem tempo. E vamos adiando, adiando... De repente, a notícia cai, brutal. E aí temos de ter tempo, porque é para a última despedida, pois chegou o nunca mais para sempre neste mundo. E vamos. E não há palavras para dizer qualquer coisa que seja minimamente eco daquilo que está cá dentro e que quereríamos dizer aos próximos, à mulher, ao marido, aos filhos... Fica tudo muito sombrio e desengonçado. Por fora, mantém-se uma compostura, mas por dentro é um abalo sísmico numa distância incomensurável, porque é entre o tempo e a eternidade, entre o finito e o infinito. Por mais natural que aquilo tudo pareça. Nesta nossa sociedade da banalidade rasa e carcomida, criámos essa ilusão da naturalidade do que é tudo menos natural: a naturalidade da morte. Sim, ela é o mais natural que há, mas... sobre ela as perguntas atropelam-se. Porquê?

Desta vez, quem se me foi embora foi o amigo José Rodrigues. Sim. O escultor, o artista de tantas artes. Tinha prometido várias vezes a mim mesmo que ia lá vê-lo. Mas nunca havia tempo. Depois, a notícia, cortante, chegou. E lá fui eu, nas circunstâncias que já disse. Apesar de todas as palavras, num silêncio de chumbo. Até me lembrei daquele anúncio a contar como alguém já de idade, para juntar a família num jantar, teve de inventar um anúncio do seu próprio funeral. E compareceram todos...

Não me compete a mim sublinhar e exaltar a figura ímpar na cultura portuguesa que José Rodrigues foi e é como artista multifacetado em quem habitou o génio divino da Arte. E era um homem simples, amigo, com brilho e imenso humor. Acima, muito acima da banalidade do efémero. A sua obra, imensa, está aí, ensinando-nos a ver o que se vê, mas que nunca tínhamos visto como agora vemos que é possível e necessário ver, para nos erguermos à nossa altura, para cima, mais para cima, para o Divino.

Da primeira vez que nos encontrámos, fez-me seu irmão. Para ele, a irmandade em humanidade era uma evidência. E disse publicamente também que seria ele a fazer as capas de todos os livros que fosse escrevendo. E assim foi, na sua generosidade para comigo: Janela do (In)visível; Deus no Século XXI e o Futuro do Cristianismo; Religião: Opressão ou Libertação?; Janela do (In)finito; Corpo e Transcendência (que esplendor!); Deus e o Sentido da Existência; Quem Foi - Quem é Jesus Cristo? Uma dívida que nunca poderei saldar. Já não pôde fazer a deste último, que acaba de sair: Deus, Religiões, (In)Felicidade.

Um artista verdadeiro tem a sua morada no Sagrado. Por isso pode viver distanciado da religião institucional, mas o Mistério pertence ao seu convívio íntimo. Quem não se exalta e recolhe naquela sua colecção de Cristos? Só um exemplo. O Sagrado e o seu mistério na crueza do sofrimento, anunciando transfiguração (são ele). Uma vez disse--me: "Se Deus fosse mesmo meu amigo, punha-me tinta de várias cores a sair dos dedos para poder pintar directamente". E fez-me muitas vezes a pergunta: "Anselmo, para onde vamos quando morrermos?"

 

2. Nestes termos ou parecidos, esta é a pergunta que está aí, in-finita, desde que na história da evolução o ser humano deu entrada. Diante dela, a variedade de respostas é uma história longa, que esbarra sempre com um abismo de perplexidade, assim, com Pascal: "Incompreensível que Deus exista, e incompreensível que não exista; que a alma seja com o corpo, que não tenhamos alma; que o mundo seja criado, que o não seja, etc." Este "etc." não tem fim, incluindo também: incompreensível que haja vida depois da morte, que com a morte acabe tudo.

Onde é que eu estarei quando cá já não estiver?, é a pergunta lancinante que Tolstoi coloca na boca de Ivan Ilitch moribundo. "Para onde vão os mortos", perguntava o filósofo B. Welte. E reflectia: para o Silêncio? Para o Nada? É este Nada que a todos espera. Ninguém pode escapar-lhe. E não há ninguém que alguma vez tenha voltado. Nesta situação-limite ergue-se, cortante, a pergunta ineliminável: "Porque é que há algo e não pura e simplesmente nada?", a pergunta propriamente metafísica.

Esta dimensão inobjectivável e para lá do conceptualizável da transcendência não é construída pelo ser humano mediante o pensamento. Pelo contrário, é o pensamento que é desafiado por ela, e é o ser humano que é inevitavelmente confrontado com ela.

Não está, à partida, decidido como deve ser interpretado este Silêncio e este Nada. Trata-se de um silêncio morto ou de um Silêncio vivo, habitado? Trata-se de um nada negativo ou de um Nada enquanto ocultação absoluta do Mistério vivo, como quando dizemos: aqui não vejo nada, mas sabendo que lá pode estar algo e até o essencial? Quando se olha para o Sol não se vê nada, tal é o excesso de luz.

Este nada é pura e simplesmente nada, e assim tudo é sem sentido último, ou, pelo contrário, o Nada experienciado na morte é a figura do Mistério oculto que a tudo dá sentido e fundamento?

José Rodrigues não foi embora. Ele está onde sempre esteve. No Sagrado. Na Beleza.

COMENTÁRIO
As andanças dos últimos dias afastaram-me do fio condutor das notícias.
Foi pela leitura do meu querido amigo Pe Anselmo que acabei de saber da morte do grande artista José Rodrigues.
Contactei com ele numa longínqua acção de formação na Cooperativa Árvore mas acompanhei não de tão perto quanto desejaria a sua vida e obra.
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Mas...o que verdadeiramente quero exaltar é a "rendição" de Anselmo à morte do Amigo.
Um texto espantoso, que me convoca para o lado condoído de Jesus Cristo ao receber a notícia da morte de Lázaro.
Atrevo-me a dizer que este WEBANGELHO, de um esplendor estonteante, quase que nos deixa na expectativa de que Anselmo , "se estivesse lá", tal como disse a irmã de Lázaro, tudo teria feito, ou, vou mas longe, como que devolve Zé Rodrigues à Vida, ao "Sagrado, à Beleza"!!!
O Zé Rodrigues não morreu. Anselmo ressuscitou-o e mais nos faz acreditar que NUNCA MORREREMOS.
Obrigado, querido Padre.
antónio colaço
 





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WEBANGELHO SEGUNDO FREI BENTO DOMINGUES

 

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Será a floresta uma questão pastoral?

Não haverá pedagogia televisiva capaz de suscitar paixão pela natureza? Porque não mostrar o silêncio da natureza destruída?

 

 

 

 

1. Durante este verão, as televisões mostraram Portugal como um país condenado ao inferno. O que sobrou de matas e florestas ficará para o fogo do próximo ano. Teremos um inverno para esquecer o que aconteceu e uma primavera para nos explicarem que estão a ser tomadas todas as medidas possíveis de prevenção e com instrumentos terrestres e aéreos para dominar eventuais incêndios. Ficaremos a saber quantos milhões foram disponibilizados para a prevenção e para o combate às chamas.

Por outro lado, será repetido que nem os privados nem o Estado estão a cumprir as suas obrigações: limpar as suas matas, abrir linhas de corta-fogo, caminhos de acesso a viaturas de socorros e disponibilizar meios de vigilância permanente.

Os interessados apenas na lógica comercial, perante uma eventual nova reflorestação, tentarão mostrar que as espécies que ardem melhor não podem ser discriminadas, pois as outras levam muito tempo a crescer. Precisamos de soluções rápidas e competitivas, mais importantes do que as vaporosas teorias ambientais.

 Garantida estará pois a continuação das conhecidas retóricas de ataque, defesa e subterfúgios. A selecção de bodes expiatórios será suficiente para tornar a sociedade civil dispensada de se organizar e de se responsabilizar pela “casa comum” do povo português.

2. Já esgotei a paciência para a conversa de que o português tem grande capacidade para o desenrasque repentino, mas pouca paciência para planear, organizar, ser rigoroso e persistente na execução dos seus projectos. A pendular exaltação megalómana e a autoflagelação colectiva precisam de ser tratadas como doenças e não como a nossa mais respeitável característica antropológica.

Com esta preocupação estava a escrever uma proposta que suspendo para outro parágrafo, ao deparar com a notícia de que o Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), conjuntamente com a Ordem dos Engenheiros iniciou, na passada 3.ª feira, no Teatro de Vila Real, um ciclo de debates subordinado ao tema A floresta portuguesa em causa. Não é preciso dizer que este é um dos caminhos da cura. Não é exaltante nem deprimente. É o alargamento realista de um trabalho para continuar.

A mesma notícia informava que apenas 23 alunos escolheram engenharia florestal. A imagem criada na sociedade fez da floresta uma causa perdida e não um convite a uma carreira académica e profissional aliciante. É urgente reagir e criar, através de todos os canais possíveis, o sentimento e a convicção colectiva de que temos a obrigação de zelar pela causa mais comum a todo o país. A qualidade do ambiente não pode ser encarada como luxo de um condomínio privado. É a própria respiração da nossa terra. Não deveria ser um dos principais assuntos da educação, desde o jardim-de-infância até à universidade? Não será também uma questão religiosa? Saber dos frutos da terra apenas pelo supermercado será suficiente? Será que os canais de televisão estão interessados em criar repúdio pelos incêndios ou em transmitir espectáculos para pirómanos? Não haverá pedagogia televisiva capaz de suscitar paixão pela natureza? Porque não mostrar o silêncio da natureza destruída?

3. O Papa Francisco fez do cuidado pela casa comum uma questão religiosa, um desafio ecuménico e a tarefa pastoral de uma Igreja de saída das sacristias.

Na encíclica Laudato Si evocou a voz dos seus predecessores, a começar por João XXIII, que recolheram a reflexão de inúmeros cientistas, filósofos, teólogos e organizações sociais. Não esqueceu as outras Igrejas, comunidades cristãs e religiões. Destacou, de forma especial, a palavra incisiva do Patriarca ecuménico Bartolomeu. Cada um tem de se arrepender pelo modo como maltrata o planeta.  De modo firme e corajoso, intimou-nos a reconhecer os pecados contra a criação. Quando os seres humanos destroem a biodiversidade, comprometem a integridade da terra, contribuem para a mudança climática, desnudam a terra das suas florestas naturais, destruindo as suas zonas húmidas e contaminando as águas, o solo, o ar... tudo isso é pecado, o nosso pecado. Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus.

Surge então uma pergunta inevitável: como e até que ponto a Laudato Si interpelou a pastoral da Igreja portuguesa? Quais são os guiões elaborados para que, a nível das paróquias, dioceses, movimentos, congregações religiosas, Conferência Episcopal, se construa uma consciência comum, católica, perante as catástrofes ecológicas? Mais, que medidas foram tomadas para que o respeito pela natureza faça parte da educação cristã? Que consciência ecológica é desenvolvida, em todas as faculdades da Universidade Católica? Que lugar ocupa a Laudato Si nas celebrações, nas homilias, nas catequeses?

A Igreja católica, embora de forma diferenciada, está presente em todo o país. Não é um privilégio. É uma missão ecuménica, inter-religiosa e social em relação ao futuro do respeito pela natureza em Portugal.



publicado por animo às 00:36
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Sábado, 17 de Setembro de 2016
última hora CONCURSO "100 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS" prolongado até 14 de outubro
PROCLAMAÇÃO ACTUALIZADA:
PROLONGADO O PRAZO PARA ANALISAR/CONCORRER SOBRE A EXPOSIÇÃO
"ABRANTES 100 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS"
concorrentes podem participar até 14 de outubro
 
Faço saber, a partir do reino do meu areal da Fonte da Telha, que decidi alterar o prazo para a "espécie de concurso" que lancei esta manhã.
Assim, determino que até ao final da dita Exposição, entre todos aqueles que a tenham visitado e queiram sobre a mesma escrever, em geral, e sobre as duas obras que assino, em particular, num texto que se quer sucinto, atribuirei ao melhor texto uma obra, constituida por um pequeno quadro,original, feito a partir da obra "Doce Abrantopia", e que integrará, desde logo, uma das muitas tigelas oferecidas, na ocasião, pelo meu querido amigo Rui Pereira, da Padaria Pereira (pode ser que ele se queira juntar a esta iniciativa e queira oferecer algumas das suas saborosissimas tigeladas, se ler isto!).
O texto tem de ser aqui publicado, na zona dos comentários.
 
E por ser verdade vai assinada esta PROCLAMAÇÃO ACTUALIZADA com a belíssima tinta de água da minha querida Praia da Fonte da Telha, a melhor praia do Mundo!

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publicado por animo às 23:41
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PROCLAMAÇÃO

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PROCLAMAÇÂO

Faço saber a todos aqueles que hoje visitarem a Exposição "ABRANTES,100 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS", na Galeria Municipal, antigo Quartel (hoje quARTel) dos Bombeiros Municipais, aberta até às 19horas, e que quiserem escrever um pequeno texto sobre a Exposição, em geral, e umas linhazitas sobre os dois trabalhos que apresento, em particular, faço saber, dizia, que oferecerei ao melhor texto um pequeno quadro ,original, feito a partir da obra Doce Abrantopia, e que in...tegrará, desde logo, uma das muitas tigelas oferecidas pelo meu querido amigo Rui Pereira, da Padaria Pereira (pode ser que ele queira oferecer algumas das suas saborosissimas tigeladas, se ler isto!).
O texto tem de ser aqui publicado, na zona dos comentários.

E por ser verdade vai assinada esta PROCLAMAÇÃO com a belíssima tinta de água da minha querida Praia da Fonte da Telha, a melhor praia do Mundo!

 



publicado por animo às 23:18
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100 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS EM ABRANTES.OBRIGATÓRIO VER

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HOJE É DIA DE VISITA À EXPOSIÇÃO
"ABRANTES, 100 ANOS DE ARTES PLÁSTICAS"!!!
A Galeria está aberta das 10 às 12.30 e das 14.30 às 19 horas.

Bora lá, pessoal!!!!

 

 

 


publicado por animo às 23:10
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TANTO MAR PARA SETEMBRAR

TANTO MAR PARA SETEMBRAR

Ondas fabulosas, água de chorar por mais, gente quanto baste, pescadores a remendar redes (sociais?), do que precisas mais?
Conclusão, às 15.30, barrigana esfomeada, bifana no pão aviada, cerveja, por que não?
Bola de Berlim, carioca de café, só para mim.......
Àgua de novo, daqui a pouco, outra vez e sem fim.....

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QUIOSQUE

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QUIOSQUE

A ler o Expresso em pleno areal da Fonte da Telha.
2
Um único voto:nunca me afastarei dos meus Amigos mesmo que sinta que se afastam de mim por razões que posso demorar a entender....
3
Alguém disse um dia, "não te metas na vida dos outros se não queres lá ficar!"
De facto SEMPRE quis ficar na vida daqueles de quem gosto, por muito que de tal nem sequer suspeitem.
4
Aproveito para esclarecer que recusei participar no programa da SIC sobre o mesmo tema, uma vez que não gosto de ser confrontado com factos consumados, logo, sem prévio e atempado conhecimento.
Tenho muita pena, mas todo o respeito pelas escolhas efectuadas.

antónio colaço

 



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Sexta-feira, 16 de Setembro de 2016
WEBANGELHO SEGUNDO FREI BENTO DOMINGUES

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Que fazer da missa?

Repetiram-me, todo este Verão, que a Missa precisa de uma reforma profunda.

 

1. Nasci e cresci numa aldeia onde toda a gente ia à Missa. Era obrigatória: faltar era pecado e matéria de confissão. Era dita em latim e de costas para o povo, com os homens à frente e as mulheres e as crianças atrás. Durante a homilia, os homens saíam para fumar um cigarrito. Da Missa, aproveitava-se a reza do terço. O padre, depois dos avisos, em português, voltava ao latim: ite missa est. Missão cumprida?

A palavra missa vem do verbo latino mittere, enviar, mandar, dispensar, mas também missão e míssil. Seja como for, o sentido das palavras depende do seu uso.

A própria expressão Ite missa est já existia no latim profano antes de passar para a liturgia cristã. Como diz Ávito de Viena (470-518), essa fórmula era usada para terminar as audiências do paço e dos tribunais de justiça: “Nas igrejas e nas cortes do imperador e do prefeito dizia-se missa est quando o povo era despedido da audiência.”

Nos primórdios do Cristianismo, o culto era dividido em duas partes: a primeira, composta de orações, leituras, cânticos e a pregação, era aberta a todos; a segunda, a eucaristia propriamente dita, era reservada aos baptizados. Por isso, no final da 1ª parte, os catecúmenos também eram despedidos com o Ite, missa est, "Ide, a vossa celebração terminou". É o que sugere Santo Agostinho: “Depois do sermão faz-se a missa, isto é, a despedida ou envio dos catecúmenos”. Pouco a pouco, a palavra foi-se aplicando ao conjunto da celebração. Já no século IV, na Peregrinatio Sylviae, é dito que “O sacerdote abençoa os fiéis e faz-se a missa, isto é, a despedida ou o envio”. Actualmente, em português, depois da bênção final, a despedida é feita com a fórmula: Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe (Ite, missa est).

Essa informação não me trouxe nenhuma alegria. Por outro lado, hoje, a Missa já não é em latim nem de costas para o povo, mas continua aborrecida e sem ter em conta a realidade daqueles que a procuram.

2. Repetiram-me, todo este Verão, que a Missa precisa de uma reforma profunda. Algumas queixas eram bem identificadas: três leituras e um salmo muito longe do nosso tempo, remetendo-nos sempre para um passado, que já não nos diz nada; as chamadas orações eucarísticas são pouco variadas e parecem existir apenas para enquadrar a chamada consagração do pão e do vinho, a matéria da comunhão, e um enigmático pedido de Jesus, fazei isto em memória de Mim.

Será que esses reformadores querem agora Missas à la carte?

A situação real é muito mais grave do que estas amostras de descontentamento podem sugerir.

Repetimos, em todas as Missas, o pedido de Jesus. Essa repetição cumpre um desejo ou repete uma traição?

3.Será Jesus que precisa que nos lembremos dele ou seremos nós que, sem olhar para o seu percurso, nos tornamos incapazes de encontrar o nosso próprio caminho? Será Cristo que precisa da celebração da Eucaristia ou somos nós? Ele pede-nos uma fidelidade a um ritual ou exige que continuemos, com Ele, o Evangelho da Alegria para os dias de hoje? A missa é um encontro com o passado ou uma fonte de desassossego do nosso presente? Um despertador ou um calmante? Não celebramos a Eucaristia porque ela faça falta a Jesus, mas porque nos é fundamental.

Os liturgistas garantiram, nas celebrações da Eucaristia, a presença da memória do Antigo e do Novo Testamento, mediante uma distribuição abundante das suas leituras. O passado não falta. Mas a Eucaristia é só uma memória do passado? Um acontecimento do passado? Uma visita a esse grande museu literário?

Onde estão as narrativas da vida dos que participam nas celebrações? Essas são as páginas brancas do Evangelho de que falou o Papa Francisco na sua viagem apostólica à Polónia, no encontro com os sacerdotes, religiosos e seminaristas. Só vale a pena irmos à Missa para sairmos modificados.

Uma Igreja pode estar cheia de gente, sem gente. Como poderá acontecer a transfiguração da vida das pessoas da comunidade cristã se as pessoas não estão lá com a realidade complexa da sua vida de semana? É uma assembleia clandestina de si mesma. Só se ouvem as vozes do passado e o presente é confiscado pelo clero, o único que tem voz e vez.

Não é totalmente verdade. Conheço um clérigo, chamado Papa Francisco, que não falou aos jovens sem antes os ouvir e interrogar, de muitos modos. Não para os adular nem para receber o seu aplauso, mas para recolher as suas inquietações e lhes lançar novos desafios. Não quer jovens adormecidos, pasmados, entontecidos. Não viemos ao mundo para vegetar, para fazer da vida um sofá que nos adormeça. Viemos para deixar uma marca.

Quando se pergunta que fazer da Missa, não pode ser apenas, nem sobretudo, para lhe encontrar um ritual mais simpático, mais agradável, uma antologia de leituras mais encantatórias.

A pergunta real é outra. Em que Igreja precisamos de nos transformar, para celebrar uma Eucaristia que nos responsabilize e nos faça sair para a transformação da sociedade?

Importa criar uma circulação permanente entre o que se passa no mundo e na Missa. Uma Missa sem mundo em transfiguração só pode gerar um mundo sem missa e sem o seu desejo.


COMENTÁRIO

ESPANTOSAMENTE BELO, DESAFIANTE, PERTURBANTE, INCOMODATIVO, NUMA PALAVRA, AH GANDA BENTO
ESTAMOS AQUI TODOS RENDIDOS!!!!
POR UMA MISSA QUE NOS ARRANQUE DA PREGUIÇA DO OBRIGATÓRIO DEVER!!!!
 
POR UM JESUS CRISTO QUE DESESPERA DE TANTO NOS ESPERAR QUANDO O QUE SÓ RESTA É FESTEJAR.
 
AFINAL, AS MEMÓRIAS DE DOMINGO
DE TODOS OS DIAS PODEM E DEVEM SER.
 

 

 



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Quinta-feira, 15 de Setembro de 2016
WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges

in DN  10 Set

AS DÚVIDAS DA SANTA DAS SARGETAS

 

1. Era assim que lhe chamavam: a "santa das sarjetas". Ela foi a encarnação da compaixão e da misericórdia, da generosidade pura, junto dos mais pobres, daqueles e daquelas junto de quem ninguém está, dos "não pessoas", dos que nem na morte têm alguém e, por isso, morrem como cães, na valeta da rua, da estrada e da vida. "Passei toda a minha vida num inferno, mas morro nos braços de um anjo do céu", foram as últimas palavras de um desses moribundos que ela acolhia.

Teresa de Calcutá foi canonizada pelo Papa Francisco no domingo passado, na presença de mais de cem mil pessoas. "Declaramos e definimos Santa a Beata Teresa de Calcutá e inscrevemo-la no Livro dos Santos, decretando que em toda a Igreja ela seja venerada entre os Santos." O povo há muito que sabia que ela é Santa: já era venerada por cristãos e também por hindus, muçulmanos, budistas...

E Francisco falou. "A Deus agrada toda a obra de misericórdia, porque no irmão que ajudamos reconhecemos o rosto de Deus que ninguém pode ver." "Sempre que nos inclinámos perante as necessidades dos irmãos, demos de comer e de beber a Jesus, vestimos, ajudámos e visitámos o Filho de Deus." "Não há alternativa à caridade: quem se coloca ao serviço dos irmãos é que ama a Deus, mesmo que não o saiba." E agradecendo a todos os voluntários: "Vós sois aqueles e aquelas que servem o Mestre e tornam visível o seu amor concreto para com cada pessoa." "Esta incansável trabalhadora da misericórdia nos ajude a compreender cada vez mais que o nosso único critério de acção é o amor gratuito, livre de toda a ideologia e derramado sobre todos, sem distinção de língua, cultura, raça ou religião."

2. Madre Teresa foi duramente atacada, concretamente pelo jornalista e escritor, ateu militante, Christopher Hitchens, que criticou os meios precários que utilizava a favor dos mais pobres e ter aceitado dinheiro de fontes pouco limpas.

Sim. Ia buscar dinheiro aonde ele está: aos bolsos dos ricos. Mas ela própria disse um dia aos jornalistas que é urgente que os poderosos discutam nos fóruns internacionais os problemas da organização da justiça no mundo e a distribuição da riqueza, mas que, enquanto se alcançam ou não acordos eficazes, as Missionárias da Caridade dedicar-se-ão a recolher das ruas, um a um, os moribundos e os doentes que já ninguém ampara nem cuida.

É preciso lutar de modo lúcido e enérgico pela justiça no mundo, transformando as estruturas sociais, mas seria intolerável, a pretexto de agudizar as contradições sociais para acelerar a revolução, não acudir à criança esfomeada nem ajudar o desgraçado caído na valeta. Era o dramaturgo B. Brecht, marxista lúcido e que conhecia bem a Bíblia, que tinha razão: "Contaram-me que em Nova Iorque,/na esquina da Rua Vinte e Seis com a Broadway,/nos meses de Inverno, há um homem todas as noites/que, suplicando aos transeuntes,/procura um refúgio para os desamparados que ali se reúnem./ Não é assim que se muda o mundo,/as relações entre os seres humanos não se tornam melhores. /Não é este o modo de encurtar a era da exploração./No entanto, alguns seres humanos têm cama por uma noite./Durante toda uma noite estão resguardados do vento/e a neve que lhes estava destinada cai na rua./Não abandones o livro que to diz, homem./Alguns seres humanos têm cama por uma noite,/durante toda uma noite estão resguardados do vento/e a neve que lhes estava destinada cai na rua./Mas não é assim que se muda o mundo,/as relações entre os seres humanos não se tornam melhores./Não é este o modo de encurtar a era da exploração."

3. Preocuparam-na mais a sua crise espiritual, chegando a duvidar da existência de Deus. Aquele Cristo que ela, na entrega do Prémio Nobel da Paz, declarou que "está nos nossos corações, nos pobres que encontramos, no sorriso que oferecemos e no que recebemos", deixou-a no vazio espiritual durante parte de uma vida torturada pela sua ausência.

Aquando desta revelação, houve quem chegasse a pôr em questão a sua sinceridade e a verdade da sua vida. Alguns crentes, incluindo clérigos, sentiram um abalo profundo: tratar-se-ia apenas daquela ausência de consolação que a fé concede. Esqueceram-se de que São Tomás de Aquino escreveu que a fé convive com a dúvida. Aliás, sem esta convivência, ainda seria fé? Não falaram os místicos da "noite escura"? Também Santa Teresa de Lisieux, conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus, foi assaltada pela dúvida, parecendo-lhe, nas vésperas de morrer, que lhe diziam: "Crês que um dia sairás das trevas que te rodeiam? Avança! Avança! Alegra-te com a morte, que te dará não o que esperas, mas uma noite mais profunda ainda, a noite do nada."

Deus não é evidente e a fé não tem a certeza da lógica ou das ciências empírico-matemáticas. A prova e o milagre da fé de Madre Teresa foi o amor vivo, numa dedicação sem desânimo, aos mais pobres dos pobres. A fé é um combate que se ganha no amor.



publicado por animo às 00:59
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CHEGA HOJE ÀS BANCAS O NOVO LIVRO DO PE ANSELMO BORGES

CHEGA HOJE ÀS BANCAS
O NOVO LIVRO DO PE ANSELMO BORGES

Não, não é o último modelo de um qualquer Iphone, Samsung, ou Volvo, ou Maseratti, ou......

Falamos das coisas do .... SER, mais do que do ter!

anselmo borges frente.jpg

 



publicado por animo às 00:55
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