Calçada da Ajuda
Do alto da minha varanda, não restam dúvidas: alguns figurantes, extenuados, saem do Teatro mais antigo de Lisboa e vêm matar a sede na pequena roulotte que fica mesmo por debaixo da minha varanda.
Quando lhes acompanho os passos, num travelling inacessível a um qualquer Spielberg, a minha câmera fixa as carrinhas da polícia de choque, ali mesmo a meus pés, alinhadas e prontas a sair!!
Será que se preparam para combater estes desordeiros trajando a rigor e que ousaram saltar de um passado distante para nos desassossegar o hoje dos nossos dias?!
antónio colaço
É uma notícia de última hora que a nossa delegação, em Mação, acaba de nos fazer chegar à redação: a antiga vacaria da Casa Rebello, em pleno Centro Histórico de Mação, na Rua Mons Alvares de Moura, Nº 29, vai virar GALERIA DE ARTE MULTIMEDIA. Como é visível nas imagens, um novo telhado já foi colocado, assistindo-se, agora, à colocação de vigas de reforço das paredes laterais.
Mas... a ânimo foi mais longe e conseguiu obter os primeiros esboços do Arqtº americano Frank Gehry que, de passagem por Mação, no intervalo da renovação do Parque Mayer conseguiu esquiçar, a pedido do Chefe Diabo Amarelo, em plena Casa Velha, entre um prato de saborosos maranhos e um tenro Galo no Forno, um arrojado projecto que consiste na intensiva utilização do vidro, hoje, tão em moda por forma a que, praticamente, quem entre fica com toda a Galeria à vista. Um regalo para os olhos, segundo o nosso consultor para o património!
De facto, a Galeria desenvolve-se em dois lanços de escadas, partindo do centro e acompanhando as paredes nas quais serão colocadas as obras em exposição bem como pilastras para a colocação de esculturas.
Frank vai deixar como memória, adaptando-as a mesas de estar, as manjedouras em cimento do rés-do-chão.
Um pequeno acervo de obras disponíveis para venda, écran para projecção e um atelier na zona do extenso quintal estão já equacionados.
O mais interessante da notícia é que a Casa Rebello pretende "reconhecer" a intervenção do animador de serviço, natural da vizinha Gavião e manifestou vontade em abrir negociações com o Conselho Editorial para que o mesmo, cuja morada se situa mesmo a seu lado, e agora que se prepara para se aposentar ali possa desenvolver actividade permanente através de um programa cujo protocolo deixa ao seu critério!!!!
O nosso artista, apanhado de surpresa, nem queria acreditar!!
-O quê?! Mas.... não foi a Grande Casa da Cultura, bem no Centro Histórico, ali na Pina Falcão, que nos moveu durante todos estes anos?!
-Ó homem, é pobre e mal agradecido, tenha calma! Vamos por partes! Assegure lá este projecto que a gente depois fala!
NR- Qualquer semelhança entre o descrito e a realidade dos factos .... é mera coincidência !!!
antónio colaço
Às vezes, dizíamos, pronto, o Saramago lá nos usurpou o lugar na Varina.
Nós,o conselho editorial da ânimo numa já longínqua sessão de trabalho no mais recatado lugar da lisboeta Madragoa.
As duas únicas vezes que estive próximo de Saramago: na Varina e, quando, pela mão do meu querido e saudoso amigo Josué da Silva, então, ilustre redactor do Diário de Lisboa,em pleno início da década de 70, lá me levou a conhecer as instalações da Luz Soriano.
Saramago nunca me disse nada. Tão depressa quanto entrei, assim, de imediato, saí de um dos seus primeiros livros. As polémicas achei-as gratuitas e demasiado gongóricas para o meu gosto. Permaneceu a estafada história do Diário de Notícias.
O que é que se há-de fazer?!
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Mas...lamento profundamente as explicações bacocas de Cavaco, Presidente. Nem as comento. De um provincianismo atroz. O meu querido amigo Luiz Carvalho disse tudo!
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Do que eu gostei mais foi do gesto do avô de Saramago, creio que contado pelo próprio, numa entrevista, já não sei bem, há muitos anos, e que, desde então, adoptei como sublime inspiração para os meus campesinos dias, o ter-se despedido, uma a uma, de todas as suas árvores quando pressentiu a morte.
Um daqueles gestos a cujos calcanhares, Nobel, alguma vez chegaria!
antónio colaço
Esta vitória traz um ânimo fortalecido para as pessoas e para os jogadores.
Antena 1 , Carlos Santos
Nem sempre o chão que pisamos é fácil. Apenas a certeza de que há um Caminho a percorrer. Abençoadas pedras.
antónio colaço
Cardigos.Velha Matriz.Cópia executada a partir do original e autor desconhecido por Maria da Conceição Tavares, minha querida Professora Primária.
Estamos a dois passos da Velha Matriz de Cardigos. Tenho catorze anos e há um padre italiano que pintou, que o vi com os meus olhos, um destes dias, a Velha Matriz cujo incêndio ainda me crepita na memória mas, mesmo assim, ficou o seu Largo, a sua enorme escadaria e as tantas ruínas para os jogos de sol posto de que se faziam os nossos dias. Na minha curta memória passam, apressadas, as imagens com sabor a bem recheada canja dos almoços de primeira ou comunhão solene, já não sei, que, no mesmo Largo, à sombra de centenárias árvores, tinham lugar.
Esta Igreja vai ser, criminosamente, mandada destruír, nada sei, ainda, só tenho 14 anos e agora não estou aqui para falar do que ainda não sei que vai acontecer.
Suados, transpirados, acotovelando-nos uns aos outros, os adolescentes que restamos por Cardigos - em plena época de imigração para os Brasis, as Áfricas e alguns para as Américas - corremos, pressurosos, para a casa do Sr.Mário Tavares, que fica a dois passos da Matriz que o padre italiano para sempre deixou registada, mas de cuja criminosa destruição não sabemos, ainda, de nada, pois agora o que queremos mesmo, privilegiados de nós, é assentarmo-nos, meio engalfinhados para assistir ao jogo na "televisão a petróleo" do Sr. Mário Tavares.
Pouco nos importa que as imagens, trémulas, de quando em vez, e o cheiro a gasóleo queimado que vem do quintal, por vezes, também, nos entre pelas atentas narinas a pensar nos cinco tostões com que, depois, no Café do Tonito Silva, saborearíamos um ansiado Capilé e as redondinhas batatas fritas que nenhuma Lay ou Gourmet havia descoberto ainda. Mas de nada sabíamos. Só tinhamos 14 anos e o que queríamos, mesmo, era ver na única televisão da região, a petróleo, as fintas, os golos e o amor à camisola dos nossos Eusébio, José Augusto, Coluna, Torres, Hilário, Simões e tantos outros.
Mas aquela reviravolta da Coreia do Norte, os pulos de alegria, tudo compensava, as imagens trémulas de vez em quando, o cheiro a petróleo, de vez em quando e, até, mesmo, responder meio envergonhados aos dichotes com que o presidente da Junta de então, o Sr. Alberto Tavares, nos mimoseava "eh" tu,aí, olha lá, tu já pintas ou quê?!". Aquilo acabava por saber a distinção, como que era chegada a hora de connosco a aldeia contar. E o jogo aquecia até mais não.
Haveríamos de chorar com Eusébio, mas ainda não.
As batatas fritas, estaladiças, aos domingos, mas... todos os dias, ainda não.
Obrigado, Eusébio, obrigado, todos os Magriços, pelo pequeno rombo na mitigada economia do lar que, então, nos fez celebrar o vosso arreganho, a vossa garra, o vosso acreditar!
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Hoje, de TV MOBILE em cada esquina,ICE TEA, geladinhas, caipirinhas, a qualquer hora, as saudades das imagens trémulas da TV PETROIL de então, tomaram-me pela mão!
Hoje, pareceu-me regressar a esse Verão!
Num pais tão trémulo, pudesse o futebol fazer-nos arrancar, de uma vez por todas, para a descoberta das energias que em nós trazemos adormecidas!
Foto:A Bola
AFINAL, NÃO É ANUNCIO, NÃO, MAS O O ANÚNCIO DE UM GOLÃO!
Nem que seja preciso começarmos tudo de novo, outra vez.
Com a mesma energia, com ...visão de jogo e cabeça fria!
Como é, AFRICANIÇOS de nós, no futebol, na economia, na sociologia, numa palavra, na ALEGRIA da arrancada para os tantos golos por marcar, para nos marcarem os novos dias?!
Comecemos pelo capilé, pôrra!!!
antónio colaço
De vez em quando bloqueiam-nos o estacionamento na Calçada da Ajuda.
Venha daí, entre no, faz de conta, Cine "THEATRO PARAIZO" não para assistir à última rodagem de uma qualquer novela no Teatro Belém, o mais antigo, creio, de que há memória, em Lisboa e sim para esta curtíssima panorâmica de Lisboa em dia de inequívoco sol!
Hoje, tudo é luz em LUZBOA, perdão, LISBOA!
Ah! Um conselho:baixe o som!Por estas bandas ainda não aprendemos a editar. O vento fez-se notar....
A mulher não respondeu logo,
olhava-o, por sua vez, como se o
avaliasse, a pessoa que era, que de
dinheiros bem se via que não estava
provido o pobre moço, e por fi m
disse, Guarda-me na tua lembrança,
nada mais, e Jesus, Não esquecerei
a tua bondade, e depois, enchendo-se
de ânimo, Nem te esquecerei a ti,
Porquê, sorriu a mulher, Porque és
bela, Não me conheceste no tempo
da minha beleza, Conheço-te na beleza
desta hora.”
Saramago, In Evangelho segundo Jesus Cristo
(Publico,19,Jun, citado por Isabel Coutinho)
Pe Anselmo Borges
In, Diário de Notícias, hoje
Não faz falta o pessimismo para sentir perplexidade e desalento face ao futuro da Europa. Jorge Semprún, por exemplo, esse grande espírito europeu, não sabe se o euro vai desaparecer, mas diz que é possível que desapareçam várias aquisições e teme o pior, pois precisamente "o pior é possível, incluindo a desarticulação europeia". E proclama: depois do esgotamento da luta contra o passado nazi e fascista, de um lado, e contra o totalitarismo estalinista, do outro, "a Europa precisa de um novo motor ideológico e moral".
Donde vem a crise? Já em 1918, Oswald Spengler escreveu a obra polemicamente célebre: A decadência do Ocidente. De modo agudo, o eminente filósofo Edmund Husserl pronunciou, em Maio de 1935, em Viena, uma conferência famosa, subordinada ao tema A crise da humanidade europeia e a filosofia. A crise, segundo ele, deriva do positivismo, portanto, da redução das ciências ao puro conhecimento dos factos, esquecendo a subjectividade. Esta crise das ciências exprime a crise ético-política, dos valores e do sentido. A ciência positivista nada tem para dizer-nos: "As questões que ela exclui por princípio são precisamente as questões mais escaldantes na nossa época desgraçada para uma humanidade abandonada aos sobressaltos do destino: são as questões que dizem respeito ao sentido ou ausência de sentido de toda esta existência humana."
Claro que a nossa crise europeia tem a ver com a crise económico-financeira mundial, com a chegada ao palco da história dos países emergentes, como a China, a Índia, a Rússia, o Brasil, a África do Sul, com problemas globais que só poderão encontrar solução no quadro de uma governança global. Mas o que tem feito a União Europeia para se tornar uma real União, com um projecto sólido económico-político, e não simples consórcio de negócios? Sobretudo, onde está a alma da Europa e os valores capazes de a cimentarem?
Como escreveu Theodor Dal- rymple, em Março passado, em The American Conservative, "num certo sentido, a Europa nunca esteve tão bem. Os progressos em termos de saúde e de riqueza foram prodigiosos. Apesar destes êxitos, há como que uma atmosfera de declínio. Os europeus, que nunca foram tão prósperos, olham para o futuro com temor, como se tivessem uma doença oculta que ainda se não tivesse manifestado mas devorasse já os seus órgãos vitais. Deus morreu na Europa e a sua ressurreição é pouco provável, excepto talvez na sequência de uma catástrofe. No entanto, nem tudo foi perdido na atitude religiosa. Cada indivíduo vê-se sempre como um ser único na sua importância, mas já não tem esse contrapeso da humildade própria de quem se sente um dever para com o seu Criador. Acima de tudo, a maior parte dos europeus já não crê num grande projecto político. Este miserabilismo leva a uma mistura de indiferença e de ódio face ao passado." E, depois de se interrogar sobre se os americanos terão algo a aprender com tudo isto, o autor conclui: "Uma sociedade moderna sã deve saber tanto manter-se como mudar, tanto conservar como reformar. A Europa mudou sem saber conservar: essa é a sua tragédia."
Com a morte de Deus, criou-se um vazio. Os europeus instalaram-se no ter e no prazer. Sem Deus, onde está o sentido que dá unidade? Não se pode esquecer o que já Nietzsche anteviu. O louco, em A Gaia Ciência, proclama "a grandiosidade do acto" de matar Deus, mas também pergunta: "Para onde vamos nós? Para longe de todos os sóis? Será que ainda existe um em cima de um em baixo? Não andaremos errantes através de um nada infinito? Não estará a ser noite para todo o sempre, e cada vez mais noite?" E Nietzsche, ele mesmo, sete anos antes de se afundar na noite da loucura, escreveu a Ida, mulher do seu amigo Overbeck, advertindo-a para que não abandonasse a ideia de Deus: "Eu abandonei-a, quero criar algo de novo, e não posso nem quero voltar atrás. Desmorono-me continuamente, mas não me importa". Sem Deus nem eternidade, na ditadura do presentismo consumista, hedonista, individualista, apenas restam instantes que se devoram na voragem do efémero.
NR
Sublinhados nossos para mais um Sábado de encher os pulmões de ar puro, renovado e...RENOVADOR.Obrigado, Padre Anselmo.
A Rita Colaço, jornalista da Antena 1 - Ritinha, "mori, cá beijinho!!!", hoje em ternuras mil me desfaço - acaba de receber, no Palácio Foz, mais uma Menção Honrosa para a reportagem UGANDA:Os três Mosqueteiros, desta vez atribuida no âmbito do Prémio de Jornalismo-Prémio Direitos Humanos & Integração da UNESCO. A vencedora do prémio foi a jornalista Augusta Casaca, da TSF, a quem daqui felicitamos.
Remetemos para o blog da Rita e da Lina e, se quiserem e puderem, ajudem-nas a consolidar o projecto de inter-ajuda que mantêm com aquela parte da África onde um outro campeonato, o da luta contra a sida, se joga!
O link para audição integral da reportagem!
Parabéns, filhota, perdão, senhora jornalista Rita Colaço!
antónio colaço
Estivemos lá esta tarde.
Uma presença meio atabalhoada mas apenas para dar os parabéns ao sempre jovem e sorridente Pe Vítor Gonçalves, actual pároco e nosso conterrâneo de Cardigos, Casas da Ribeira, concelho de Mação!
Um pequeno improviso no meio desafinado órgão de tubos é, apesar da fraca qualidade compositiva, a nossa prenda de anos para este pioneiro projecto de arquitectura, à epoca, dos arquitectos Nuno Teotónio Pereira e Nuno Portas.
Parabéns.
No regresso, em plena Avenida da Liberdade, deparamo-nos com o engenho e a arte da sobrevivência: uma bicicleta "acoplada" a um banco de jardim e aí temos uma espécie de tenda.
No instante do clic, um corpo se remexeu.
Mais do que o voyeurismo da coisa, a continuada vontade da causa: mostrar para acabar de vez com esta pobreza envergonhada.
antónio colaço
A QUADRIGA parece querer recusar o adeus de mestre Jaime André, como quem diz, estava aqui tão bem, na casa de todos os cravos de Abril, sim, sempre com cravos a meus pés, perdão, a minhas rodas..
"Mas...outras paragens me esperam. Ouvi dizer ...Chapitô, lá mais para a frente, mas que fino! Espero estar à altura, espectáculo é comigo!!!"
E pronto, há 36 anos a repousar, aqui me vou eu ao meu Alentejo/Ribatejo e Beiras regressar. Que saudades das "cavalgadas" pelos montes levando uma palavra de ânimo aos trabalhadores rurais de há quase quatro décadas, completamente desprotegidos nos seus direitos sindicais...E que frenesi, quando aqueles dois pombinhosapaixonados se montavam em mi!
Embrulhado, aqui vou eu depois de mais um regresso ao meu Chiado. Foi bom ver-vos por cá, pessoal da Companhia. E eu que não viesse à comemoração dos 20 anos da minha Companhia!
Um renovado obrigado a Vasco Lourenço, Aprígio Ramalho e Dr.Belo, bem como ao incansável Jaime André!
Êxitos, Tereza Trigalhos, para a sua Direcção que hoje mesmo inaugura uma nova Exposição!
antónio colaço
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