Sem as redentoras agulhas com que Takeo tem vindo a rendilhar de alegria os meus últimos e ciáticos dias, e que fizeram com que, finalmente, me fizesse ao desafiante e alterado mar de Carcavelos, nunca poderia ter saboreado as cremosas Bolas de Berlim - não obstante o intranquilo olhar da "GRAÇA DOS BOLOS", quiçá perscrutando no horizonte da praia algum satânico enviado da malsã asae (sim, com minúsculas e tudo!) - e esperar, para um derradeiro abraço de despedida, o meu querido Irmão Sol.
antónio colaço
PS
Com um obrigado do tamanho do mundo ao meu querido amigo e camarada Zé Magalhães, com quem em boa hora tropecei nos Passos Perdidos (sim, embora agora ele esteja mais pelo Terreiro do Paço....) e que me aconselhou Takeo Susuki.
Tal como Takeo, digo a ZMAG, "eu não sou Deus, mas estou a fazer o meu melhor.Você veio cá porque confiou na confiança que o "deputado Magalhães" tem em mim.
É isso.
Obrigadoq!
Trinta dias depois,as agulhas de Takeo e as alterosas ondas do mar de Carcavelos parecem estar a pacificar os meus doridos dias. Uma guerra contra o tempo - amanhã é o regresso às aulas....-ou o início de um Tempo novo,de uma Nova Paz?
antonio colaço
(por tlm,a caminho de mais uma sessão das redentoras agulhas com que Takeo continua a tricotar esta minha tão desejada Paz do Espírito...)
PS-Um sentido obrigado aos amigos que se têm solidarizado.Vamos retribuir retomando o ânimo da...... ânimo!
Pe Anselmo Borges
Hoje, no DN
HÁ RECEITAS PARA A FELICIDADE?
O que queremos verdadeiramente é, sem sombra de dúvida, ser felizes. Mas como se chega à felicidade? É que, para se ser feliz, é necessária uma multidão de coisas e de condições: algum prazer, saúde, uma vida familiar agradável, realização profissional mínima, reconhecimento social, algum dinheiro, amigos - "sem amigos, ninguém escolheria viver", disse Aristóteles. Depois, também é preciso ter sorte, como diz a própria palavra no seu étimo (felix), e isso não acontece apenas com felicidade (felicidad, em espanhol, e felicità, em italiano): o Glück alemão significa felicidade e sorte, a raiz de happiness é happ, com o significado de acaso, fortuna (perhaps significa talvez), o mesmo acontecendo nas palavras grega e francesa, respectivamente: eudaimonia e bonheur.
E há choques, oposições, contradições. O Prémio Nobel da Literatura Heinrich Böll escreveu uma estória cheia de humor e sentido - eu ouvi-a ao Padre Tony de Mello. Chega um turista e dialoga com um pescador pobre, a apanhar sol na praia, com o resultado da sua pescaria: dois peixes. - Porque não pescas mais? - Para quê? - Para teres dinheiro, criavas uma empresa, tinhas muitos empregados, eras cada vez mais rico, exportavas, montavas mais empresas... - E depois?, pergunta o pescador. - Serias tão rico que já nem precisavas de trabalhar e passarias os dias na praia a apanhar sol... - Mas é precisamente o que estou a fazer, sem ter de passar por toda essa trapalhada, atirou-lhe o pescador.
Sob certo aspecto, é o pescador que tem razão. Será que precisamos de tanta quinquilharia, da qual já não conseguimos prescindir e pela qual nos desgraçamos a trabalhar? Por outro lado, o que seria a vida sem iniciativa e realizações? Hegel foi avisando que as páginas da história sem sofrimento são páginas em branco.
Há filósofos que colocaram a raiz da felicidade no prazer. Mas eles próprios foram prevenindo que há prazeres e prazeres e que os prazeres não podem ser desregrados. Outros apelaram para a virtude: o sábio é livre, porque consente no que não depende dele. Residirá a fonte da felicidade no poder? Seja como for, a omnipotência é uma ilusão. Não há felicidade perfeita neste mundo, só "ilhas de felicidade". No fim, é a morte que nos espera.
Mas há algumas regras práticas, a partir também de conhecimen-tos da neurofisiologia, para uma vida minimamente feliz. Enumero algumas, segundo o filósofo Richard D. Precht, numa estimulante viagem filosófica: "Wer bin ich und wenn ja, wie viele?" (Quem sou eu, e, se sou, quantos?).
Primeira regra: actividade. "Os nossos cérebros estão ávidos de ocupação". Para lá do ter e do ser, é preciso agir, sem agitação.
Segunda regra: vida social. A amizade, o casamento, a família, provocam o sentimento de protecção. Quem tem uma rede densa de relações não enfrenta sozinho preocupações e angústias.
Terceira regra: concentração. É preciso aprender a fruir o aqui e agora nos prazeres simples: o perfume de uma rosa, a sua beleza, o sabor de um vinho excelente. Não se pode viver obcecado com o futuro. Quem só espera vir a ser feliz nunca é feliz.
Quarta regra: expectativas realistas. "Comete-se muitas vezes o erro de exigir demais de si, mas também o de não exigir suficientemente. As duas atitudes geram insatisfação."
Quinta regra: pensamentos positivos. Embora seja mais fácil de dizer do que de conseguir, é preciso ter em atenção a astúcia dos psicólogos: "procede como se fosses feliz, e sê-lo-ás".
A sexta regra refere-se à capacidade de aprender a arte de lidar com as dificuldades e o sofrimento. Há crises salutares na vida.
Finalmente, a alegria pelo trabalho. "O trabalho é a melhor das psicoterapias." É sabido que para Freud a felicidade consistia em "poder amar e trabalhar".
Mas o ser humano vive numa tensão permanente: é um ser de desejo insaciável, de tal modo que o que alcança nunca o satisfaz plenamente. Por isso, Paul Ricoeur falava da "tristeza da finitude" e Santo Agostinho escreveu: "O nosso coração está inquieto enquanto não repousar em ti, ó Deus."
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NR
Como pode adivinhar, meu caro Padre Anselmo,que eram estas as palavras de que se faz a Palavra que tanto precisava?!!!
2
Eu sei que o lado condicionado da minha mente me sussura "deixe-me as palavras, tome lá, para si, a ciática no seu mais alto grau!". Eu quero, de facto, que esta continue a ser uma "crise salutar na minha vida!
Eu quero continuar "a aprender a arte de lidar com as dificuldades e o sofrimento"!
Para poder, depois, como Stº Agostinho, mas, à minha maneira, dizer, eu quero que Tu, Bom Deus, não deixes nunca de repousar em mim, mesmo se na dor mais aguda o meu olhar se toldar e tudo parecer à minha volta desabar!
Obrigado, Pe Anselmo,pela Luz que veio acrescentar à debilitada e ténue lamparina dos meus últimos dias.
antónio colaço
Obrigado pela sabedoria de TAKEO ELE QUE A TODO O MOMENTO ME REPETE QUE NÃO É DEUS MAS....QUE ESTÁ A FAZER O SEU MELHOR!
E EU, ESTOU A FAZER O MEU MELHOR, DESISTINDO DE TENTAR TROCAR AS VOLTAS À DOR?
VEM,IRMÃ DOR,SÓ QUERO O TEU BEM,AJUDA-ME EM CADA HORA QUE PASSA A CONHECER-TE MELHOR!
QUE NADA SE PERCA DO QUE TENS PARA ME DIZER.
JÁ NÃO SEI O QUE É DOER.
DÓI-ME TANTO QUE TE TENHA FEITO DOER,TU QUE VIESTE PARA ME FAZERES PERCEBER QUE FUI EU QUEM ORIGINOU ESTE MAL ESTAR,ESTE ....MAL SER.
antonio colaço
(por tlm)
Está tudo a passar-me ao lado. O Agosto que imaginei passou-me ao lado. A Irmã Ciática quer-me todo do seu lado desde o início de férias. Agora,até as agulhas de Takeo parecem passar-me ao lado...houve um primeiro alívio,é certo mas não o suficiente para me colocar por inteiro do lado do muito que tenho para fazer. \"Não há milagres,faz tudo o que ele disser\",alertou-me,optimistta,Zmag! Amanhã pode ser.... Por que queres por-me à prova se já Viste que para mim...dor?Uma ova! E proclamo eu que não conheço o deus-do-dá-jeito e,no entanto, Vê como Te tenho tratado no mais íntimo da quotidiana dor....quase Te esquecendo,quase me esquecendo de Ti em mim... Sim,dá um jeito,amanhã,às agulhas de Takeo...eu ajudo,eu ponho-me a jeito doa o que doer....tenho tanto para fazer do lado de lá do doer! antónio colaço (por tlm,algures na Grande Cidade)
Luar de Agosto sobre a nora do Vale, há minutos.
Mesmo arrastado e curvado, mais rente ao chão do que nunca, obrigado por este fim de tarde e pelo brilho desta Lua:leva-o contigo, ilumina a tua esconsa rua.
antónio colaço
Pode parecer uma tirada chauvinista, coisa a que não somos dados, mas, talvez os senhores da Câmara ainda não tenham dado por ela.A verdade é que no Roteiro da Beira Interior,PAG 19, editado esta semana pelo Expresso, lá está, para vir ver o "imperdível" Mação temos de ir a... Vila de Rei!!!
Sem mais!
Os senhores autarcas que façam o trabalhinho de casa!!!
Ou será que não o fizeram antes, ao contrário do pessoal de Vila de Rei que, pelos vistos, não brinca em serviço?!
antónio colaço
Uma revelação para os amigos da ânimo, porque o trabalhodo João Graça Vieira tem sido reconhecido por esse país fora, tendo obtido, já, alguns prémios e que numa outra oportunidade referiremos.Habituado a lidar com ele na construção de outras imagens de cariz sonoro, 21 anos depois, reencontramo-nos para pôr a conversa em dia e é o que se vê!
2
Há olho de artista no descobrir coisas que mais ninguém vê.
Está tudo dito.
O João adora a cor e não sente nenhum complexo em relação aos que acham que o preto e branco é que é!
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O João surpreendeu-me e para mim está tudo dito quando alguém acrescenta mais vida ao cinzento dos dias que correm.
João, a ânimo escancara-te as portas, tal como no "Comunicar é preciso" e tanto que pode dizer-se através de uma imagem!
4
Antes de publicar este pequeno portfólio do João pedi-lhe meia dúzia de linhas sobre o que é isso do fotografar!!!
antónio colaço
A PALAVRA AO JOÃO GRAÇA VIEIRA
Meu caro António
Respondendo ao teu pedido envio umas linhas sobre o porquê de fotografar.
Fotografar é para mim a forma de mostrar aos outros como vejo e entendo o mundo em que vivo .
Mas para ilustrar melhor a sensação de fotografar socorro-me do grande escritor que é Mia Couto. Senão vejamos:
“ A (língua) fotografia que eu quero é essa que perde função e se torna carícia”
“ O que me apronta é o simples gosto da (palavra) fotografia”
“Assim embarco nesse gozo de ver como (escrita) fotografia e o mundo mutuamente se desobedecem”
Mia Couto in “ Venho brincar aqui no Português – A língua” . Março de 2009
Obrigado por reencontrar amigos de combates antigos.
Obrigado pela arte do João Graça Vieira, que amanhã aqui revelaremos!
Obrigado, João, por nos voltares a fazer sonhar....
antónio colaço
Bora até Abrantes.A chuva parece regressar para refrescar este Verão
Mas o sol é mais forte e não deixa, não!
Dentro de ti, ó, cidade os rastos de um tempo em que abundava o que nos falta em criatividade.
Antenas, comunicar....mas neste fabuloso telhado um casal de pombos tricotava um rendilhado de amores.
Este rio desafia-me.Este sol parece querer revelar-se-me.Estas margens convocam-me para que ponha fim a esta espécie de marginalidade mal disfarçada.
Abrantes, a minha Abrantes, apenas adiada?
Abrantes, uma outra Abrantes, de que não resta mais nada?....
antónio colaço
Esta tarde tropecei no meu querido amigo João Graça Vieira, companheiro das lides radiofónicas abrantinas dos anos 80.
Uma conversa com um João igual a si próprio.
Sem papas na lingua e ainda com muito para dizer!
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Uma espécie de, vinte e um anos depois que cada um seguiu por outros atalhos, reconhecermos, afinal, que continuamos a encontrar-nos nessa grande via chamada Abrantes.
Obrigado, João, estás de novo NO AR, mas... com os pés bem assentes na nossa terra!
João, em frente com este "EM FOCO"!!!!
antónio colaço
Há uma sabedoria antiga que persiste nas mãos dos latoeiros que ainda resistem e que os leva a retorcer as latas e entre as bigornas e os pacientes pingos de solda, nos oferecem como dádivas, candeias, moinhos de vento, regadores, ou, simplesmente, chuveiros que o sol saúda e aquece e o nosso cansado corpo agradece.
antónio colaço
Por muito que Te exalte, por muito que aqui Te bendiga, quisera tanto que esta intermitente e irritante dor se pusesse lá bem para trás do sol posto. Confesso, não me sinto capaz nesta "quietude contemplativa" do Vale que tanto quisera, alcançar-Te Infinito, sem nada a ver com esta ciática dor que em mim continua a doer....
Por muito que tente ainda não és Tu o Espírito a quem alcanço e sim o que em mim é, ainda, sofrido corpo, incapaz de saltar dele para Fora.
antónio colaço
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