Um privilégio.
A ânimo não tem palavras para o privilégio de ter o SIM quer de Anselmo Borges, quer de Bento Domingues para a republicação dos seus textos (com a devida vénia aos jornais que os publicam, claro!).
Todos nós temos dias.
Mas... os dois textos desta semana, que hoje se publicam, são a melhor oração deste início de semana!
De leitura e meditação obrigatórias!
No texto de Anselmo, nem de propósito, na semana em que ainda respiramos o belíssimo almoço no RES PUBLICA com o nosso amigo Paulo Borges, a valorização do diálogo inter-religioso, ou seja, isto só lá vai com todos!
No texto de Bento Domingues, e numa altura em que, aqui pela casa, "não é com lirismo que se pagam as contas do fim do mês", nomeadamente, estas que fazem com que cheguemos a si, é reconfortante sermos reconduzidos ao sentido do que fazer com as novas tecnologias, esta riqueza outra de nos fazer aproximar, cada vez mais , uns dos outros e daí ao "onde tiveres o teu tesouro, aí estará o teu coração"!
Decididamente, os nossos leitores, mas, sobretudo, o seu interagir connosco, é o nosso melhor tesouro que nenhum dinheiro paga!
É no nosso coração que bate o vosso coração.
Obrigado.
antónio colaço
IN Público 27 Fev
DEUS OU O DINHEIRO
1. Os textos do Evangelho de Jesus Cristo, quando
não são anestesiados, parecem exercícios de
pura provocação. Os que foram propostos na
liturgia do domingo passado e na deste (Mt 5 e
6) deixam o pregador e as comunidades, se não
forem fundamentalistas, sem saber o que pensar. Não
se pode levar a mal, mas também não muito a sério, que
Jesus, de vez em quando, se deixe levar pelo seu pendor
anarquista e surrealista.
No domingo passado, com o pretexto de levar a Lei e os
Profetas à plenitude, afrontava a religião em que nasceu e
que o devia ter moldado. A expressão olho por olho, dente
por dente, parece um modelo equilibrado de justiça: não
há direito de arrancar dois olhos a quem só arrancou um,
nem de partir os dentes todos a quem só partiu alguns.
É uma questão de bom senso e delimitação da vingança,
expressa na consagrada leide talião (Ex 21, 25+ e par.).
Jesus não propõe nenhuma emenda a essa sentença.
Parece rejeitá-la sem contemplações, avançando com o
absurdo. “Digo-vos: não resistais ao homem mau. Mas
se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também
a esquerda. Se alguém quiser levar-te ao tribunal, para
ficar com a tua túnica, deixa-lhe também o manto. Se
alguém te obrigar a acompanhá-lo durante uma milha,
acompanha-o durante duas.”
Vaiainda mais longe. “Ouvistes o que foi dito:
amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, digo-vos: amaios vossos inimigos e
orai por aqueles que vos perseguem para serdes
filhos do vosso Pai que está nos céus.”
Depois de ter deixado o campo livre aos
maus, ainda vem com uma proposta inacreditável:
amai os vossos inimigos. Talvez que, assim,
possa tornar os bons heróis de virtude, mas
também encoraja os maus na sua maldade.
Sei que ninguém vai seguir os ditos de Jesus
para reformular o código penal e, muito menos, se
lembrará de os usar no funcionamento do Ministério da
Justiça e dos seus agentes. No entanto, é possível que, a
outro nível, Jesus tenha absolutamente razão.
2. O espírito de vingança nunca estará satisfeito
com nenhum sentido de proporcionalidade.
Com o ódio na alma, à violência só se responde
com mais violência. A alternativa à maldade
também não pode ser a cedência de terreno
aos reis da violência. A resistência ao mal é um imperativo
ético. A tolerância implica dizer não ao intolerável.
O século passado não foi, apenas, um século terrível, foi
também o da resistência não-violenta à violência: Mahatma
Gandhi(1869-1948), Nelson Mandela (1918-) e muitos seus
seguidores einspiradores abriram o único caminho que
não tem, dentro de si, o princípio da sua degenerescência.
Dentro da atitude e da prática de resistência não-violenta
à violência, existe aintuição de que é preciso que esta
resistência não nos torne, também a nós, violentos e, por
outro lado, mostre que o ciclo da violência não tem de ser
uma fatalidade. O amor dosinimigos que Jesus propõe não
é um sentimentalismo. É uma energia de transformação,
nossa e dos outros. É uma virtude.
Jesus passou a vida a denunciar ainjustiça e a tomar a
defesa dos oprimidos e excluídos, praticou a resistência
activa ao mal. Em pleno tribunal, não deixou de assumir
a sua defesa perante o sumo sacerdote e, quando agredido,
resiste: “Se faleimal, mostra em quê, mas, se falei
bem, por que me bates?”
3. Não é com lirismo que se pagam as contas ao
fim do mês. Os desempregados que o digam.
Jesus saberia disso, quando disse aos seus
discípulos: “Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há-de odiar um e amar o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vós não
podeis servir a Deus e ao dinheiro. Porisso vos digo: não
vos preocupeis, quanto à vossa vida, com o que haveis de
comer ou de beber, nem, quanto ao vosso corpo, com o
que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento
e o corpo mais do que o vestuário? Olhaipara as aves do
céu: não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros;
o vosso Paiceleste as sustenta. Não valeis vós muito
mais do que elas?”
Estaremos perante outro exercício de provocação?
A Bíblia hebraica nunca pôs em concorrência Deus e o
dinheiro, embora a chamada “teologia da prosperidade”,
que faz desta sinal de bênção divina, tenha sido
submetida a uma crítica feroz dos profetas.
Então, por que será que Jesus põe Deus e o dinheiro
em concorrência? Por uma razão muito simples: a
sacralização do dinheiro e do seuimpério é umaidolatria.
Faz dele o absoluto critério de tudo. É preciso
sacrificar-lhe tudo e todos os valores. O rico nunca
pensa que é suficientemente rico e o pobre ou remediado
o que deseja é ser rico. A publicidadeincendeia
ainsatisfação, o desejo, para nos tornar infelizes se não
tivermos tudo, e já, que ela nos propõe.
Jesus Cristo não vê no desejo um mal nem propõe
o esvaziamento do desejo como suprema iluminação.
Propõe a conversão do desejo: onde tiveres o teu tesouro,
aí estará o teu coração. Zaqueu, o rico, percebeu
isso rapidamente. Passou a restituir o roubo, a nunca
mais se aproveitar das necessidades dos outros e a
partilhar os seus bens. Jesus comentou: “A salvação
entrou na tua casa”, o que não tinha acontecido na
parábola do jovem rico.
Não há rivalidade entre Deus e a riqueza. Há rivalidade
entre a Plenitude da Vida e a distorção do desejo que se
deixa possuir pelo fascínio do dinheiro e de tudo o que
ele exige e permite.
Um Chiado cheio como nos melhores dias!
Que animação.
Mas, na memória, esses reis da rua, a Companhia Algazarra, uma presença imprescindível na Rua do Carmo.
Como diria alguém que recordamos com alegria:
É disto que o meu povo (do Chiado) gosta!
A ânimo, repõe, hoje, uma gravação recente dos Algazarra.A melhor homenagem que lhes podemos fazer.A melhor forma de lhes dizer, Obrigado pela alegria que à rua fazem descer!
antónio colaço
OS IMPAGÁVEIS da ressaca!!!O grupo mais original do Chiado. "Ao menos somos sinceros", dizem, nos cinco letreiros com que pedem para "Mais vinho!Mais whisky!Mais Cerveja! e Para a Ressaca!!!
Se apanham alguém a fotografar salta logo outro cartaz atirado à cara de quem se afoita "Fotos:283Euros!!!
Daí que esta seja uma foto ... à socapa!
Pe Anselmo Borges
In DN 26FEV
AS RELIGIÕES MÍSTICAS
Qualquer pessoa verdadeiramente religiosa já alguma vez disse para si mesma: se tivesse nascido noutro continente, de uma família de outra religião, muito provavelmente a minha pertença religiosa seria outra. Na Índia, seria hindu. Em Marrocos ou na Indonésia, muçulmano. Em Israel, de mãe judaica, seguiria o judaísmo. Na China, seria confucianista ou taoísta. No Japão, xintoísta. Na Europa, em Portugal, cristão católico; na Rússia, cristão ortodoxo; na Suécia, cristão luterano.
É este exercício que o teólogo católico Hans Küng faz na sua última obra Was ich glaube (A minha fé), resultado de uma série de lições dadas, aos 80 anos, na Universidade de Tubinga.
Se tivesse nascido como um dos 1200 milhões de seres humanos na Índia, provavelmente seria hindu. Acreditaria no samsara, o ciclo das reencarnações, no quadro de uma compreensão cíclica do tempo, da natureza, dos diferentes períodos cósmicos e da história. Aceitaria que tudo é regido por uma "ordem eterna" ("Sanata dharma"), cósmica e moral e pela qual o ser humano se deve orientar. Importante é agir correctamente. Acreditaria que a minha vida presente resulta da minha acção moral boa ou má na vida anterior ("karma"), como a minha vida presente determina a vida seguinte. A saída do ciclo das reencarnações dar-se-ia na identificação de atman (eu) com Brahman (o Absoluto, a Realidade última e verdadeira).
Nascido no Sri Lanka, na Tailândia, no Japão, seria provavelmente um entre as muitas centenas de milhões de budistas, rejeitando a autoridade dos Vedas e, assim, também o domínio dos brâmanes e das castas. A figura que serviria de orientação seria Siddharta Gautama, "o Buda", que quer dizer "o Desperto", o "Iluminado". Desde o século VI a. C., ele responde, através da sua doutrina ("Dharma"), às grandes perguntas humanas. Essa resposta concentra-se nas "Quatro nobres verdades". A primeira: tudo é sofrimento, também no sentido de que tudo é impermanente. Qual é a origem do sofrimento que atravessa a vida toda? Responde a segunda: É a "sede de viver", o desejo, o ódio, a cegueira espiritual. A terceira nobre verdade diz que, através do desapego, é possível superar o sofrimento. Para isso, há a nobre verdade do caminho, com oito braços, que conduz à extinção do sofrimento: a visão perfeita, a resolução perfeita, a linguagem perfeita, a acção perfeita, a vivência perfeita, o esforço perfeito, o recolhimento perfeito, a concentração perfeita. Procura-se superar o renascimento, alcançando o Nirvana, aquela situação na qual já não há cegueira e todo o desejo é apagado - aquela situação que, já nada tendo a ver com a nossa experiência empírica, carece de toda a figura concreta, e, por isso, é o Nada, não no sentido niilista, mas de paz, plenitude e felicidade.
Nascido na China como um dos 1500 milhões de chineses, seguiria uma das três tradições religiosas: o budismo, o confucianismo ou o taoísmo.
O confucianismo não é tanto uma religião no sentido ocidental da palavra como sobretudo uma moral, baseada no equilíbrio cósmico e procurando a integração social. O Todo divino da Realidade é simbolizado pelo Céu imutável e os antepassados, que exprimem a permanência da Vida. Confúcio foi o primeiro na história da humanidade a formular a regra de ouro: "Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti". A sua moral assenta no equilíbrio cósmico, político e familiar, no quadro de um organicismo vital, hierárquico e polar: soberano-súbditos, homem-mulher, pais-filhos, irmãos mais velhos-irmãos mais novos. Ocupa lugar central o culto dos antepassados, associados ao Céu.
O taoísmo, radicado em Lao-tsé, estrutura-se no quadro de uma concepção da Realidade como harmonia de contrários. É bem conhecido o pictograma do Tao, um círculo e esfera perfeitos que tudo contêm, estando as suas duas metades - uma clara, outra escura, Yang (céu, masculino) e Yin (terra, feminina) - em movimento constante e exprimindo o Todo num equilíbrio de momentos polares.
Sem diálogo entre as religiões, não haverá paz entre as nações. Para dialogar, é preciso conhecer.
A Exposição "FOTOJORNALISMO.AS FOTOGRAFIAS QUE FAZEM FALAR AS NOTÍCIAS" com que prestamos homenagem a Eduardo Gageiro, vai continuar na Galeria da Associação 25 de Abril durante toda a próxima semana.
No nº 95 da Rua da Misericórdia, das 12 aos 20, de Segunda a Sexta, vários fotojornalistas esperam por si.
Aproveite e visite.
antónio colaço
Para os leitores que só agora chegaram à ânimo,relembramos a conversa que tivemos com Carlos Alexandre, o juiz que, pelos vistos, já não incomoda só os réus, como, pelos vistos, o próprio sistema judicial.
Quer dizer...
antónio colaço
Paulo Borges foi hoje o convidado dos AAA-Animados Almoços Ânimo.
Com ele abrimos os almoços no RES PUBLICA, da Associação 25 de Abril, à participação dos comensais.
Na próxima semana retomaremos as quartas feiras, dia de Cozido à Portuguesa, aberto, igualmente, à participação de todos os que escolherem o RES PUBLICA para um almoço bem temperado!
Aproveitamos para dizer que o convidado é o jornalista JOÃO CEPEDA, director da revista Time Out.
A conversa com Paulo Borges agora em versão mais abreviada!
Nela,em sintese, Paulo Borges propõe a convocação dos Estados Gerais da Nação no sentido de repensarmos,independentemente das ideologias de cada um, o que é que era melhor para todos.
Paulo Borges conseguiu, com alguma admiração que reconhece, ver reunidos mais de 60 mil aderentes ao novo partido pelos Animais e pela Natureza que lançou recentemente.
Imaginando-o deputado, pedimos-lhe que se sentasse no Plenário de S.Bento e o que diria ao Eng Sócrates num destes Debates quinzenais?!
Sem papas na língua, "que se colocasse no lugar das pessoas que passam carências, no lugar dos jovens sem expectativas, e que em vez da luta pelo PIB que lutasse pela FIB-Felicidade Interna Bruta, em suma que se colocasse no lugar dos que sofrem e fizesse o exercício da compaixão!"
Paulo Borges, um dos mais dinâmicos e empenhados discípulos de Agostinho da Silva, que assume sentir um "chamamento" para lutar por uma sociedade mais feliz.
Um homem que chegou a Buda por causa de...S.Francisco de Assis.
Obrigado, Irmão Paulo!
antónio colaço
O anúncio da saída de Júlio Magalhães e da sua substituição por José Alberto Carvalho na direcção de informação caiu como uma bomba na TVI.
A RTP já reagiu às notícias de que o seu Director de Informação pode estar de saída para a TVI.
Em comunicado oficial, a televisão pública disse apenas: " O José Alberto Carvalho é o Director de Informação da RTP", acrescentando que não farão mais comentário sobre o tema.
A notícia de que José Alberto Carvalho podia estar a caminho da estação de Queluz-de-Baixo surgiu num dia em que a TVI está em tumulto com a saída do director de informação Júlio Magalhães e a entrada de um novo accionista, Miguel Pais do Amaral, fundador da Media Capital, que regressa após comprar 10% das acções da empresa proprietária da estação.
(In Diário Económico/Sol)
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NR
Compreendemos, agora, que algo já se passaria quando, na passada semana, em cima da hora, a secretária de Júlio Magalhães nos telefonou a pedir desculpa mas o "Júlio foi convocado para uma reunião de emergência com a Administração!"
Júlio, amigo, a ânimo....quer estar contigo, quando tu puderes estar com a ânimo e...com ânimo!
O que quer que esteja a passar-se contigo, desejamos que seja para teu bem.
Obrigado, pois, pelo teu sim tão convincente ao nosso convite!
Aguardemos que "os ânimos serenem"!!!
antónio colaço
Paulo Borges é o convidado de amanhã nos AAA-Animados Almoços Ânimo/RES PUBLICA.A alteração do dia nada tem a ver com o facto de Paulo Borges ser vegetariano afastando-o, assim, do Cozido à Portuguesa que, às quartas, ali é servido!!!
De qualquer forma, a ânimo, amanhã, vai ser vegetariana por um dia, quer dizer, por uma refeição!
A alteração deveu-se à apertada agenda universitária de Paulo que não lhe permite faltar às suas aulas!
Com o almoço de amanhã damos início ao modelo de almoço/TERTÚLIA dando, assim, possibilidade a todos os que se desloquem ao RES PUBLICA (clique no link e inscreva-se!!!) de poderem colocar questões ao nosso convidado!
Continuaremos a registar em vídeo, no finan, uma pequena síntese do que de mais importante foi abordado!
O que continua em aberto, é a possibilidade de os nossos leitores colocarem aqui, por mail, as questões que desejam ver respondidas.
Faça favor:
antónio colaço
Monsanto
S.Bento
Mas... o dia de hoje só pode ser entendido pela noite em que, finalmente, se fez dia, o dia há tanto esperado!
HOJE É DIA DE CELEBRAR A PRIMEIRA NOITE!!!
Não, nada a ver com o The Graduate, do Dustin Hoffman!
Ou talvez, sim, se ouvirmos o que, a partir de agora, passamos a ver com uma intensidade nunca antes vista:
A nossa "bridge over troubled water...."
antónio colaço
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