A derrota socialista começou a desenhar-se quando os primeiros alertas foram mal aceites pela entourage seguidista de José Sócrates.
A felicidade do dever cumprido que Sócrates anunciou hoje teria sido muito mais genuína se tivesse dado o lugar a outro (qualquer que ele fosse) há, pelo menos, um ano atrás.
É por isso que, quem vier a seguir, tem o indeclinável dever de confessar a falta de coragem de então, se quiser ganhar a confiança para os dias que se avizinham.
"Luis, como é que fico melhor?!"
Nunca, assim, Zé, a escorrer por todos os poros!Como o dilúvio desta tarde em Mação.
Que pena.
antónio colaço
O que resta da minha visita ao Vale das Árvores.Nenhuma outra imagem.Tenho o coração enleado nas incontroláveis ervas que quase me impediram de entrar.
Até as hortênsias, esplendorosas no seu violáceo passado, resolveram ausentar-se este ano. Uma dor de alma.
O Vale devolve-me, assim, nestas tantas e sofridas ausências anunciadas, as ausências outras, prolongadas, dos últimos dias.
Haveremos de nos reconciliar à sombra dos adivinhados girassóis.
Um salto a Abrantes.Solidárias, as hortênsias que desapareceram do Vale, aqui estão nesta comunitária e fascinante paleta.
Mação.Nuvens aos molhos para alegrar os nossos olhos.
Sem palavras.Subamos à setecentista Matriz de Mação.
Pe Anselmo Borges
In DN,hoje
A DÚVIDA,A PERGUNTA, O TRANSCENDENTE
Há um texto de Joseph Ratzinger, em 1968, ainda só professor, que dá que pensar. "Não há fuga possível ao dilema do ser humano. Quem quiser escapar à incerteza da fé terá de experienciar a incerteza da descrença, que, por sua vez, nunca pode dizer com certeza definitiva se não é a fé que é a verdade. Ninguém pode tornar Deus e o seu Reino evidentes aos outros nem a si mesmo. Tanto o crente como o não crente, se não se ocultarem a si próprios e à verdade do seu ser, participam, cada um à sua maneira, na dúvida e na fé. Nenhum deles pode escapar completamente à dúvida, nenhum pode escapar completamente à fé; para um a fé torna-se presente contra a dúvida, para o outro mediante a dúvida e sob a forma da dúvida. É a figura fundamental do destino humano: só poder encontrar a definitividade da sua existência nesta rivalidade sem fim de dúvida e fé, perplexidade e certeza. Talvez assim precisamente, a dúvida, que impede um e outro de se fecharem em si mesmos, possa tornar-se o lugar da comunicação. Ela impede-os de se encerrarem totalmente em si próprios, abre o crente ao que duvida e o que duvida ao que tem fé; para um é a sua participação no destino do descrente, para o outro a forma como a fé, apesar de tudo, permanece um desafio."
O ser humano é, constitutivamente, o ser da pergunta, do perguntar ilimitadamente, pois, estando nós referidos ao não-dito e indizível, toda a resposta é ela própria perguntável. Assim, quando se pergunta pelo próprio perguntar, isto é, pela perguntabilidade, não é difícil concluir que, em última instância, toda a pergunta tem como termo último o Infinito, de tal modo que, se se reflectir até à raiz, concluir-se-á que o fundamento último da dignidade humana é neste estar referido estrutural do ser humano ao Infinito que reside: nessa referência constitutiva do homem à questão do Infinito, se se quiser, à questão de Deus, precisamente enquanto questão (independentemente da resposta, positiva ou negativa, que se lhe dê), o homem aparece como fim e já não como simples meio. De facto, o que é que há para lá do Infinito?
A crise do nosso tempo é uma crise económica, financeira, de valores, uma crise moral, crise política, local e global... Mas, se se reflectir sempre mais fundo, a raiz dessa crise é uma crise filosófica. Mais do que de respostas, do que o nosso mundo precisa é de não obturar a pergunta, a pergunta insconstruível, porque radicada e referida ao Ser. Sem essa pergunta, assistimos à morte do próprio homem.
A dúvida coloca-nos ao mesmo tempo para lá dos dogmatismos fundamentalistas e dos cepticismos niilistas, pois põe-nos em marcha, na pergunta radical, para a busca da verdade. Com o eclipse dessa pergunta, desaparece o sentido do mundo e da dignidade humana, pois a humanidade sucumbe à imediatidade, a uma visão fragmentária do aqui e agora. Infelizmente, talvez seja isso que realmente está a acontecer, como constatou já o marxista heterodoxo e ateu religioso Ernst Bloch: "Está a concretizar-se o que Nietzsche profetizou para o século XX: Vamos ao encontro de uma época de terrível miséria. Com subprodução de transcendência."
Acumulamos racionalidade científica e técnica. Mas, então, ainda falta responder ao essencial do humano. Um ser humano atento pode dar-se conta de que a reflexão consciente sobre o eu como centro reflexivo e sobre os objectos pressupõe a sua apreensão vivida, pré-reflexiva, num fundo de um Ser omnicompreensivo, metafenoménico e inabarcável, pois é ele que tudo abarca. Precisamente dessa experiência de fundo, ainda que vaga, nascem as diferentes interpretações, da poesia às metafísicas, da ciência às religiões. Afinal, a experiência humana é mais vasta do que pretende a ciência experimental. Por isso, escreve com razão o filósofo F. Copleston que talvez se possa inverter a famosa frase de Wit-tgenstein: "os limites da minha linguagem significam os limites do meu mundo", dizendo: "os limites do meu mundo significam os limites da minha linguagem", entendendo aqui por "meu mundo" a experiência que estou disposto a reconhecer: mais estreita ou mais vasta
Hoje, amanhecemos na vinha mais generosa de Mação com o Amorim Lopes.Um amigo solidário que tem feito questão de animar não só as vernissages das nossas exposições com o seu inefável abafado e o seu aveludado vinho branco, como, igualmente tem assegurado o alargamento dessa generosidade a alguns dos passatempos que por aqui costumamos fazer.
Hoje, na continuação da marcha matinal a que vimos dedicando o nosso tempo, em Lisboa como a caminho do maçanico Vale das Árvores, demos de caras com o Amorim empenhadíssimo na desfolha da sua vinha!
Para percebermos de que quantos suores se fazem os nossos sabores nessas ocasiões, entremos, a manhãzinha a começar, na vinha do alto da Ventosa, mesmo às portas da Via de Mação!
Fala, Amorim!
(As nossas desculpas por alguma aragem que entra pelo micro adiante!!!
Uma semana de LISBOAS, sem data!
O privilégio de ter como vizinho o Parque dos Moinhos do Alto de Santana.A pequenada encheu o parqiue no seu dia!
No inacabado Palácio da Ajuda, quem tem um poiso é rei! Sua Majestado El Rei D.Pombo!
Ajuda, a Torre da Cabaça.
Um novo produto do novo atelier:pedrinhas do rio com "qualigrafias" dentro!
Para a semana falaremos!
ESTÁTUAS.Lisboa, Rua Augusta.
O PAN em quinta-feira de espiga!Olá, Paulo Borges!
Rua do Carmo.Luz, karma.
O Luiz Carvalho deve estar a aparecer por aí....
MATINAS.A minha nova rota matinal, a caminho da Piscina do Restelo, faz-me desfrutar esta paisagem quase penhascosense!
Os moinhos de Penhascoso - Valter, jovem Presidente da Junta, por que demoras em recuperá-los?! - aqui tão perto?!Obrigado
O nosso convidado bem nos avisou, no final da gravação da habitual conversa, que se sentia bastante cansado.
De facto, já na redacção e ao visionar as imagens que se seguem pudemos confirmar isso mesmo.
Mas, confessamos, o entusiasmo que Jorge Sampaio desde sempre coloca nas suas intervenções cresce à medida que os temas se vão sucedendo e esse cansaço quase nos iludiu.
Um obrigado também por esta colaboração
A explicação está no facto de Jorge Sampaio ter investido, e de que maneira, na conversa havida com os comensais que enchiam por completo o RES PUBLICA da Associação 25 de Abril.
Sampaio como que quis compensar a ausência da passada semana - por diversas vezes pediu-nos desculpa ao ponto de quase o proibirmos de voltar ao assunto - e não fugiu a nenhuma das questões que foram colocadas quer pelos comensais, quer pelos nossos leitores.
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De tudo o que vamos ouvir permitimo-nos destacar uma questão que, não temos dúvida alguma, vai saltar para a actualidade na noite de 5 de Junho, a capacidade dos nossos políticos de saberem perceber que o seu tempo chegou ao fim e, com a humidade dos sábios, saberem dar a vez a outros. Sampaio percebeu ao que íamos mas não se limitou a dar uma resposta politicamente correcta, ouçamo-lo, então:
"A humildade é uma característica que não estou a ver muito naqueles que ocupam lugares, seja na política seja na comunicação social, com excepção de gente de grande sabedoria nesses sectores.De qualquer forma, é preciso renovar métodos, renovar pessoas.É certo que a política também não é, agora, muito atractiva.Já não há a ideia do serviço cívico.As pessoas querem é ganhar dinheiro.Mas é o momento essencial para que essa reflexão se faça!"
Jorge Sampaio, igual a si próprio.
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Um almoço onde o convidado e o privilegiado animador de serviço aproveitaram para rever 21 anos de muitas histórias.
Mas essa história fica para uma outra história!
antónio colaço
"FALHÁMOS TODOS!NÃO CONSEGUIMOS ENCONTRAR PONTOS DE COMPROMISSO!""É PRECISO INVADIR OS PARTIDOS!OS PARTIDOS ESTÃO ENVELHECIDOS!""ESTAMOS A SER TESTADOS.TEMOS QUE PROVAR QUE SOMOS CAPAZES!"
Jorge Sampaio, há instantes, nos AAA-Animados Almoços Ânimo/RES PUBLICA.
A reportagem e a entrevista exclusiva, mais tarde!
antónio colaço
Este é o pôr-do-sol na grande cidade, hoje.
Mas...o mesmo sol, ontem, nos céus de Cardigos....
... um sol igual ao sol das nossas brincadeiras de quase adolescentes teimou em apresentar-se, esplendoroso, como que a pedir que nunca nos esqueçamos dele.
As rosas da Ti Ermelinda, desfolhando-se, em final de tarde,pesarosas, pelas mãos que já não vão ter a cuidar delas.
Foi nesta casa, à direita, que, aos cinco anos, vindo do meu Gavião altoalentejano encontrei a Beira que para sempre me marcaria.
Foi no chão de terra batida destes caminhos, hoje alcatroados, que rebolamos ora em acaloradas brigas, ora em saudosas e cúmplices revelações sobre quem éramos, donde vinhamos e, Deus sabe até onde fomos, gaiatos e gaiatas, na escuridão dos seus palheiros e tulhas no inocente tactear dos corpos por descobrir.
E os carnavais, anunciados pelo inebriante aroma dos pessegueiros e ameixoeiras, com as suas tantas marafonas onde contávamos com a criatividade dos nossos pais?E as nossas abóboras, os halloween que desconhecíamos e com que atemorizámos quem por ali passasse?
Estás vivo em mim, meu querido Quintal da Estrada, mesmo se quero continuar a olhar para a tua capelinha das "alminhas", mas, agora, já sem qualquer temor pelas labaredas do inferno com que tantas noites nos assustaste nos teus azulejos ali escancarados, assustadores, sim, a nossos olhos!
E os domingos que as nossas mães ali festejavam, tarde dentro, entretidas a costurar as esfarrapadas roupas do nosso adolescente frenesi?!
E?E?
Obrigado.
antónio colaço
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