Alcochete.Sítio das Hortas.Reserva Natural.Estuário do Tejo.Esta tarde.
Acho que a história deste abandonado barco não vai ficar por aqui....
antónio colaço
ATELIER DE ARTES DO CRAM
VISITAS DE ESTUDO SOMAM E SEGUEM
Esta tarde recebi a turma de Artes Gráficas da EPM-Escola Profissional do Montijo, acompanhados pelas professoras Dina e Alexandra.
Alunos com outras exigências e que, creio, só consegui "agarrar" para o final da visita.
Acho que vamos voltar a ver-nos um destes dias.
antónio colaço
Frei Bento Domingues
In Publico
SANTAS, SUBMISSAS E REBELDES
1. A preocupação com o futuro do cristianismo, e nomeadamente com a sua versão católica, ditou, no âmbito da nova evangelização, o Ano da Fé. Multiplicam-se as iniciativas para que o Evangelho não se torne insignificante, mesmo nos países cuja matriz cultural e religiosa é, precisamente, o cristianismo. É normal a preocupação pelo seu futuro. A Igreja não existe para passar certidões de óbito ao cristianismo europeu. O modo mais adequado para evitar o seu apagamento no futuro não é desenhar cenários, optimistas ou pessimistas, mas fazer com que as experiências do presente, pela sua criatividade de vida transfigurada, sejam uma fonte de beleza e de alegria, que ninguém queira perder. É do presente plural, aberto ao futuro, que importa experimentar e falar. O que não se pode é persistir em opções que desconvocam, logo à partida, a maioria dos cristãos, as mulheres.
Esta persistência da hierarquia católica em não contar com elas para conceber, projectar, orientar e realizar a missão da Igreja no mundo contemporâneo é considerada altamente negativa, em alguns ambientes eclesiais, embora noutros essa situação ainda se possa apresentar como absolutamente normal, pois "sempre foi assim".
Este último argumento só pode ser usado por quem não vê o papel activo das mulheres em todos os sectores das sociedades ocidentais. Portugal não é excepção. Não procurar alterar o funcionamento da Igreja, tendo em conta esta tendência irreversível, parece cegueira, fuga aos sinais dos tempos, tantas vezes evocados em vão.
2. Como as fontes do Espírito nunca secam, todas as viragens são possíveis e ainda é tempo de perguntar: qual o papel original que as mulheres estão a ter, no desenho dos projectos da chamada "nova evangelização"? Não recorrer à sua intuição, experiência e saber é esquecer a própria simbólica da Anunciação do Anjo, ao colocar o futuro na graça de uma mulher.
Maria de Nazaré não acolhe a proposta divina sem a questionar frontalmente. A sua fé não é cega. Aliás, acredita-se sem evidências, mas não sem sentir que é por ali que corre a vida e o amor.
Neste sentido, será importante meditar nas narrativas da Paixão e da Ressurreição, consideradas as mais decisivas para entender a significação do atribulado percurso histórico de Jesus com os seus apóstolos.
Ora, o que há a destacar de mais extraordinário e paradoxal, nesses relatos, é a enorme falta de fé de Jesus nos seus discípulos. Tão grande que recorreu às discípulas, às mulheres, individualmente e em grupo, para que fossem elas a comunicar-lhes que nada estava acabado com a crucifixão: o projecto, o sonho e Ele próprio estavam vivos e para sempre.
As mulheres, tidas por mentirosas, não podiam testemunhar em tribunal. Jesus viu que foram elas que, sem arredar pé, O seguiram até ao fim. Eram elas as suas testemunhas e encarregou-as de evangelizar os apóstolos, que o medo e a falta de fé tinham feito dispersar. Os próprios textos insistem, no entanto, que os homens, os discípulos, não lhes deram crédito. Continuavam com a ideia velha e derrotada de que o testemunho das mulheres não valia nos processos jurídicos. Elas serviam, quando muito, para levantar boatos. Como Tomé, tinham de ser eles a verificar. Cristo repreende-os: homens de pouca fé, continuais incapazes de vos render à palavra das discípulas.
Paulo cunhou a fórmula cristã mais curta e mais exacta da igualdade e da liberdade de todos na Igreja: Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher; pois todos vós sois um só em Cristo Jesus (Gal. 3, 28). Não ficou por aqui. São-lhe atribuídas outras, muito infelizes, acompanhadas de razões teológicas, cristológicas e antropológicas demasiado rabínicas: As mulheres estejam em tudo sujeitas aos seus maridos (Ef. 5, 21) e para preservar as tradições, pede às mulheres que mantenham a cabeça coberta e em silêncio nas assembleias (1 Co. 11, 2; 14, 34) (1).
Na história da Igreja, nem todas as mulheres se sentiram obrigadas a essas tradições que Cristo já tinha sacudido. Contudo, pelo que se ouve dizer, as santas rebeldes não conseguiram ser tantas como as submissas.
3. Multiplicam-se as notícias de violência sobre as mulheres. Não vêm só do Paquistão e do Afeganistão, dos Estados Unidos ou da Índia, do Brasil ou de Portugal. Cobrem o planeta. As mulheres já não são, apenas, as mais discriminadas no trabalho, usadas nos negócios de publicidade para vender carros e outros produtos, na pornografia e na prostituição. A violência doméstica, as violações em série, o tráfico de mulheres e órgãos são tão frequentes que o modo de abordar estas questões - espectáculos de momentos televisivos - tende a banalizar o crime.
É de espantar que nas paróquias, nas dioceses, nas organizações católicas, não se desenvolvam movimentos, de homens e mulheres, que incarnem estas questões, como centrais para a Nova Evangelização.
Aliás, uma "evangelização" que não faça destas situações, e do que elas revelam, o seu tema incontornável, fica longe do comportamento de Jesus Cristo, narrado nos Evangelhos.
Não é uma questão reservada a algumas mulheres rebeldes.
1) Cf. Pe. Carreira das Neves, Paulo e as Mulheres, in São Paulo, Presença, 2011, pp 198-221.
Alcochete.Ontem.Tarde de agitadíssimas águas.
Mesmo que o mar esteja encapelado, sim, creio, que nunca deixas de estar a nosso lado.
Obrigado.
antónio colaço
Pe Anselmo Borges
IN DN
O KAICIID EM MADRID
Independentemente de se ser crente ou não, ninguém, consciente da presente situação do mundo, em convulsão global e à procura de um novo horizonte de compreensão, porá em dúvida a importância fundamental do diálogo inter-religioso e intercultural em ordem à paz. De facto, como há anos vem repetindo o teólogo Hans Küng, autor principal da "Declaração para uma Ética Mundial", aprovada pelo Parlamento Mundial das Religiões, em Chicago, em 1993, "Não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos globais. Não haverá sobrevivência do nosso globo sem um ethos global, um ethos mundial."
Em Novembro de 2007, o rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdulaziz, encontrou-se no Vaticano com o Papa Bento XVI, sublinhando ambos a urgência da promoção do diálogo em ordem à convivência pacífica entre os povos.
No ano seguinte, com o seu patrocínio, realizou-se em Madrid uma Conferência Internacional para o Diálogo.
No dia 26 de Novembro último, na presença de centenas de convidados e de figuras eminentes do universo religioso, cultural e político de todo o mundo, foi inaugurado em Viena o KAICIID (King Abdullah bin Abdulaziz International Centre for Interreligious and Intercultural Dialogue: Centro Internacional King Abdullah bin Abdulaziz para o Diálogo Inter-religiosos e Intercultural). O Centro teve o apadrinhamento dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos sócios fundadores, do secretário- -geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, bem como de representantes das principais confissões religiosas mundiais.
A sede do Centro é Viena. Os fundadores são a Áustria, a Espanha e a Arábia Saudita. A Santa Sé (Vaticano), apoiando explicitamente a iniciativa impulsionada pelo monarca saudita, que dá o nome à instituição, participa como observador fundador. Há um comité directivo, constituído por representantes católicos, protestantes, ortodoxos, judeus, hindus, budistas e os três ramos principais do islão: sunita, xiita, wahabi. Entre os seus membros, conta-se uma mulher, a budista japonesa Kosho Niwano.
Embora seja Riade a financiar o Centro, sediado no Palácio Sturany, o seu secretário-geral, o saudita Faisal bin Abdul Rahman bin Muaammar, afirmou que "não haverá interferências políticas de nenhum tipo", sendo a direcção o único responsável pelas actividades. Aliás, fontes diplomáticas austríacas declararam que o centro faz parte dos esforços do rei saudita para apoiar sectores mais abertos do seu país. Neste sentido, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha, J. M. García- -Margallo, depois de sublinhar que "o que pretendemos é inverter a situação e que a religião seja, não parte de um problema, mas parte de uma solução", acrescentou que a iniciativa é um fórum de diálogo "não entre religiões, mas entre crentes de diferentes religiões que partilham valores e princípios, em última análise para alcançar um mundo mais pacífico, mais harmonioso e mais estável". O cardeal J.-L. Tauran, presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, apresentou a saudação do Papa bem como "os seus melhores desejos para o sucesso deste Centro para o Diálogo".
Ontem e hoje, o KAICIID celebra, em Madrid, o seu primeiro acto internacional, com o primeiro encontro do Comité Directivo, a que voltarei.
Quais os objectivos estratégicos do Centro? Dentro da sua missão de "facilitar o diálogo e a compreensão inter-religiosos e interculturais, aumentar a cooperação, o respeito pela diversidade, a justiça e a paz", consistem em "gerar, desenvolver e difundir o conhecimento no âmbito do diálogo inter-religioso e inter-cultural; cultivar e promover o respeito pelas diferenças através do diálogo; criar pontes, debater e promover a colaboração entre os diversos grupos".
Perante tão elevados desígnios, só se pode, sinceramente, pedir: Oxalá! Mas fica, inevitável, a pergunta: para quando uma reunião internacional, com a presença de representantes das grandes religiões mundiais, em Riade?
A SAIR DA EB 2.3 de ALCOCHETE.
Que saída fabulosa para o fim-de-semana alimentado com as questões colocadas pelos fantásticos alunos de quatro turmas, tudo pessoal entre os 10/11 anos!
Mas a questão que mais me empolgou, e que ainda continua a mexer, foi colocada, já quase ao final da tarde, pela "Margarida" (nome ficcionado) e que apontou certeira ao coração do meu dia:"Alguma vez teve medo de falhar na sua arte?!"
Também o Gonçalo, quando queria explicar a distinção que conferi à minha mota ao elevá-la à categoria de objecto artístico, vendo a minha dificuldade, atirou ,convicto:"A mota marcou a sua vida!"
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Um privilégio esta colaboração com o CRAM-Conservatório Regional de Artes do Montijo e que torna,assim,uma realidade este meu velho princíoio de que a Arte não se esgota nas galerias!
Não há maior honra e glória do que esta pedagógica descida ao mundo das crianças que já fomos.
Obrigado.
antónio colaço
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