Pe Anselmo Borges
In DN 27Julho
OS TRÊS ESTÁDIOS DA EXSTÊNCIA E O COMBATE DA FÉ
Deixou uma obra filosófica importante, um dos fundamentos das posteriores filosofias da existência - é dele o adjectivo "existencial". Refiro-me a Sören Kierkegaard, cujo segundo centenário se celebra este ano - nasceu em Copenhaga em 1813. O que lhe interessava não era o saber na sua pureza teórica, mas como agir e viver. Escreveu: "O que no fundo me falta é ver claro em mim mesmo, saber o que hei-de fazer e não o que hei-de conhecer, excepto na medida em que o conhecimento deve preceder a acção. Trata-se de compreender o meu destino, descobrir aquilo que Deus no fundo quer de mim, encontrar uma verdade que seja tal para mim, encontrar a ideia pela qual possa viver e morrer." Contra Hegel, cujo eco ouviu em Berlim, argumentou que não há um sistema da existência e do indivíduo. Ora, o decisivo é o indivíduo e a sua interioridade, a liberdade, a possibilidade, a angústia, o desespero, a salvação, numa decisão intransferível. Como dirá Unamuno, "eu sou único e não há outro eu no mundo", como também não há outro tu ou outro ele/ela. É célebre a sua definição da existência humana como "uma relação que se relaciona consigo mesma ou, por outras palavras, como o que na relação faz com que a relação se relacione consigo mesma". É decisiva esta auto-referência, que é, inevitavelmente, hetero-referente. De facto, "uma relação que se relaciona consigo mesma -portanto, um eu -, tem que ter-se posto a si mesma ou ter sido posta por outro". Ora, a existência humana não se põe a si mesma e, por isso, a auto-relação é, necessariamente, relação a outro, o autor da relação, Deus, numa relação única de "comunicação existencial". A existência está colocada perante três possibilidades fundamentais, a que chamou "estádios", não no sentido cronológico e lógico de passagem sucessiva de um a outro, mas de atitudes ou modos de existência. Seja como for, a passagem de um a outro não se dá dialecticamente, mas por um "salto" que transforma radicalmente a existência. O estádio estético (do grego aisthesis, sensação, sensibilidade) tem a sua figura no Don Juan e caracteriza-se pela busca saltitante do gozo imediato das sensações, no instante fugidio da conquista, de prazer em prazer. Esta via da repetição hedonista desemboca no sentimento de frustração e melancolia e pode levar ao desespero. Pode dar-se então o salto para o estádio ético, empenhando a liberdade própria e assumindo a seriedade da existência, no cumprimento do dever e da responsabilidade, concretamente na relação estável e fiel com o outro no casamento. Mas, aqui, o indivíduo ainda está sob a lei geral. Só no estádio religioso o indivíduo se encontra verdadeiramente a si próprio e à sua singularidade no "abandono mais absoluto" a Deus, o totalmente Outro. O religioso é "o sério, e o sério é: o único". "Tornar-se cristão é a coisa mais decisiva que um homem pode tornar-se", pois resolve o seu "paradoxo": no tempo, decidir e encontrar a eternidade. A fé tem o seu modelo em Abraão a quem Deus mandou sacrificar o filho. Segundo a exegese, o que o texto diz é que Deus põe termo aos sacrifícios humanos. Aliás, Kant, confrontado com o tema, escreveu que Abraão deveria ter dito a Deus que não era seguro que a voz que ouvia fosse de Deus, mas era certo que não devia matar. Kierkegaard, porém, coloca-se noutro plano: o do combate da fé, numa luta de vida e de morte com Deus. Deus põe à prova a fé de Abraão e o seu amor, quer ver se realmente O ama. Abraão, por sua vez, põe também Deus à prova: dispõe-se a matar o filho, mas, se Deus não intervier, só pode tornar-se ateu. Deus interveio. A fé e o amor são levados ao paroxismo. Luterano, foi crítico ácido da Igreja oficial dinamarquesa: "Na sumptuosa catedral, eis que aparece o Reverendíssimo e Venerabilíssimo pregador da Corte, o eleito do grande mundo, e aparece perante um círculo de uma elite e prega com emoção sobre este texto que ele mesmo escolheu: "Deus escolheu o que é humilde e desprezado no mundo" - e ninguém se põe a rir." Mas, já à beira da morte, foi-lhe perguntado se acreditava em Jesus Cristo. E ele (cito de cor): "Sim. Em quem haveria de acreditar nesta hora?"
Uma versão video da Palavra que nos convoca para dar a volta a isto!
Partir da constatação do facto de COMO CHEGÁMOS AQUI, para o É PRECISO SAIRMOS DAQUI sobretudo tendo em atenção os mais desfavorecidos.
Ou, de como a pretexto das novas responsabiidades de D.Manuel Clemente, a Igreja, juntando-sè às forças mais dinâmicas da sociedade, pode ajudar a convocar a gente!DECISIVAMENTE.
antónio colaço
Cemitério de Mação, ontem, 21 Julho.
IN MEMORIAM, ZÉ SIMÕES
Como no Princípio, Zé, agora e sempre.
Obrigado.
O meu saudoso Pai, Zé Padeiro, e Zé Simões
Zé Simões, meu sogro, e eu próprio. Lamego 1975
antónio colaço
Pe Anselmo Borges
DESABAFOS DE UM HABITANTE DO ABSURDISTÃO
IN DN 20 Jul
Absurdistão será o reino do absurdo - do latim, por contaminação, de ab-sonus (que não soa bem) e surdus (surdo, que não percebe), ab-surdus: etimologicamente, absurdo é, pois, o dissonante, e, depois, o contra-senso. Num Dicionário de Filosofia, poderá encontrar-se esta definição: a destruição de uma relação normal ou lógica que se esperava entre as coisas ou entre si e o mundo. A situação portuguesa é, neste nosso tempo, assim: surreal, que não se entende, com um futuro incerto e perigoso.
Pergunta-se, por exemplo, quando e como se vai pagar uma dívida de mais de 200 mil milhões de euros, com juros anuais de mais de 7, 5 mil milhões de euros. Mas há aquele velho e tremendíssimo debate entre os atenienses e os mélios, para o qual já chamei aqui a atenção, onde se mostra a terrível lei do mais forte: os mais fortes, neste momento, são os credores - numa situação de protectorado. À beira da bancarrota, chegou a esfola, com impostos sobre impostos, de tal maneira que, a partir de um certo limiar, a receita pode ser menor, porque as empresas fecham e o desemprego cresce. Mas há quem queira austeridade sem austeridade. Ah, e a fuga de capitais! E a corrupção a medrar, também na cumplicidade de política e negócios. E a economia paralela. E a Justiça que não funciona. E o desemprego a caminho de um milhão - quando se fala em desempregado, é preciso entender alguém que não tem trabalho, portanto, que não produz, que não contribui com impostos, que, pelo contrário, vai buscar apoio à segurança social, que pode deprimir... E, pela primeira vez, desde que me conheço, se, antes, se investia pessoalmente e amanhã a vida havia de ser melhor, agora reina o pessimismo do pior. O pior é mesmo isso: perdeu--se a esperança, a confiança, não se acredita, não há crédito. Para todos? Não, pois os muito ricos são-no cada vez mais. E os portugueses são uma "espécie em vias de extinção": temos uma das mais baixas taxas de natalidade do mundo, com a consequência, entre outras, de 1,5 de pessoas activas por cada pensionista. E todos gritam, e bem, por crescimento económico, mas há sempre alguém que, também com razão, pergunta: e quem investe e com o dinheiro de quem?
Pergunta-se como foi possível chegar aqui. Fica-se atordoado, quando se pensa nisso.
Lembro, um pouco a esmo, razões. Não há dúvida de que, seja como for, ao longo dos últimos 25 anos de integração europeia, o país evoluiu bastante. Mas quem duvida de que os 81 mil milhões de euros chegados da Europa poderiam e deveriam frequentemente seguir um rumo outro, em ordem a um desenvolvimento racional e sustentável? Criou-se então aquela mentalidade de falsos ricos, que gastam na irrazão. Ainda me lembro de reformados aos 45-50 anos. E das tais viagens a crédito para Cancún. E da criação de instituições de ensino superior sem critério e qualidade, prejudicando o país por décadas e levando à ilusão de um saber que não há e envenenando o sistema. E criou-se o vício da subsídio-dependência e do encosto ao Estado, que devia ser de providência, mas que cada vez menos o será, já que não teve previdência. E o número de funcionários cresceu e também o das empresas municipais e as PPP... Governou-se para ganhar eleições, perdido o sentido de Estado. O pacto entre a classe política e o povo faliu e agora 87% já não confiam muito na democracia.
Há um verbo latino muito rico: mederi. É importante, porque dá origem a três palavras fundamentais para a nossa necessidade mais urgente: meditação, medicina, moderação. Precisamos de parar e meditar e viver mais moderadamente (todos, não apenas os pobres). Quanto à medicina, ninguém conhece exactamente o remédio, mas ele passa também pela convocação de representantes das forças mais dinâmicas e estruturantes do país - Universidade, partidos, patronato, sindicatos, média, Igreja -, no sentido de um estudo que comunique, sem mentira, a situação real do país, e de um consenso mínimo quanto ao essencial, para salvar o futuro de um país que caminha para o precipício.
Não me perguntem porquê. Dói-me esta ausência do Secretário Geral do Partido Socialista do Debate que acontece em S.Bento. É mais uma vitória desse grande estratega da Ilha Selvagem em que transformou Portugal, de seu nome, Paulo P...ortas.
Não é possível acreditar que o núcleo duro do PS está fechado no Rato quando é no Parlamento que está o facto consumado.
O PS a salvar a direita, a apanhar da esquerda.... Ó balha-me Deus....zzzz.... 2 Bingo! Portas acaba de acenar depois da intervenção de Heloísa, qualquer coisa como "boa intervenção"!!!! António Seguro, a delegação do PS, é que TINHAM DE IMPOR um calendário de retoma de negociações que o não fizesse estar FORA de S.BENTO!!! Ser parte no debate e NÃO ESTAR À PARTE, à mercê de todos por esta ausência!!! FORA DE S.BENTO, está a candidatar-se ser posto FORA DO RATO?! Não acredito!
FOTO Portas , via SICN, com tratamento gráfico, que igualmente apliquei a uma das tantas e maquiavélicas figuras de Hieronymus Bosch. O único a que posso recorrer. Não consigo descortinar imagem que explique o que está a acontecer. Cavaco nas Selvagens a tropeçar nas cagarras?! Ao pé do cinismo de Portas, meus senhores, "peanuts"!!!
PS
António José Seguro a falar nos Passos Perdidos! Não acredito. O lugar onde devia falar (ou não, concedo) era no Plenário. Dá a ideia de que alguém o avisou tarde e a más horas. Mas..o próprio é que devia ter descoberto, antecipadamente, a ARMADILHA!!! O argumento de que está preocupado e a tratar dos problemas do povo é fraco.Ponto.
antónio colaço
Foto.Algures,Montijo.
Gravação "caseira" para os amigos que não puderam ver.
Obrigado.
RTP INFORMAÇÃO ÁS 17H
Uma fonte da estação pública acaba de nos informar que a jornalista Rita Colaço estará nas notícias das 17 para falar do Prémio Gazeta de Jornalismo/RÁDIO com que ontem foi galardoada pelo Clube de Jornalistas.
Ponto.
E mais não digo, senhora minha filha.
Que o seu prémio, a sua alegria, ajude a recuperar a nossa enfraquecida DEMOCRACIA.
antónio colaço
Com o frenesi, o link do trabalho vencedor esqueci!
Um imenso obrigado a todos os amigos que têm partilhado a nossa alegria.
O mérito é da Ritinha, assim ajude a melhorar a saúde da nossa fragilizada democracia.
antónio colaço
ALMOUROL.1980 e picos....
A SAIR DE UMA ESPERA DE MAIS DE TRêS QUARTOS nos correios do Montijo, descubro que a minha filhota Ritinha acaba de vencer o Prémio Gazeta de Jornalismo Para Rádio!
Ó balha-me Deus....zzzz,como diz o MEC que estive a ler "quase" à socapa, "como é linda a puta da vida!"
Vai um telefonema com mil beijos dentro!
O Francisquinho hoje vai chapinhar no iodo de Alcochete até dizer chega!
Parabéns,"menina Rita" como diria o Avõ Zé Padeiro!
Parabéns,Meninha,fizemos uma filhota liiiiiiiiiiinda!
Quem diz uma filhota,diz,também, um filhote,João Miguel, a arquitectar os dias cheios de Beleza!Sim,parabéns,Família!
O QUE FAZEM OS FILHOS QUE FIZEMOS
Mais uma foto falhada.
Para tentar fazer um zoom in que acentuasse a beleza de duas gaivotas nos pináculos dos Jerónimos, uma delas achou ue não deveria colaborar.
Uma imagem para relembrar, ao menos, as gaivotas que tantas vezes fotografei.
Obrigado.
antónio colaço
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