Foto José Augusto
AAA COM OS HOMENS DO MFA DO POSTO DE COMANDO DA PONTINHA
FAZER DO 25 DE MAIO
O PRINCIPIO DO 25 ABRIL QUE PRECISAMOS
VOTAR EM MASSA PARA ACABAR COM ESTA DESGRAÇA
MAIS DO QUE EURODEPUTADOS
UTILIZAR O VOTO PARA DAR VOZ AOS EXPLORADOS
Esta foi, em sintese, a mensagem com que abri o AAAalmoço de hoje.
De facto, no rescaldo das comemorações de Abril, o que resta é o reconhecimento de que a grande arma que os miltares nos deram foi a do voto dmocrático.
Utilizemo-la, portanto!
Votando em branco, anulando o voto, votando em todos, menos nos que conduziram a esta desgraça.
Votar, votar sempre.
Para que o Abril de Abril se faça!
A reportagem deste memorável AAA, mais logo!
antónio colaço
ONDE É QUE OS HOMENS DO POSTO DE COMANDO DO MFA ESTAVAM NO 25 DE ABRIL.... PERDÃO,
ONDE É QUE ESTÃO, H-O-J-E, OS HOMENS DO POSTO DE COMANDO DO ABRIL QUE ESTAMOS ESPERANDO????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????
antónio colaço
HOJE, AAANIMADO ALMOÇO COM OS HOMENS DO POSTO DE COMANDO DA PONTINHA DO MFA.
40 anos após o sonho
Faz hoje 40 anos que o Movimento das Forças Armadas concretizou o derrube da mais velha ditadura da Europa.
Dizemo-lo, ontem como hoje, porque parece que há por aí quem, lembrando-se demasiado bem dessa data e do seu significado, que não aceita nem suporta, quer calar a voz dos militares de Abril. A voz de quem, hoje como há 40 anos, continua livre, de mãos limpas e ao serviço de um povo ao qual pertence e jamais trairá.
E se a nossa presença é tão desejada na Assembleia da República, tão imprescindível e tão insubstituível, não compreendemos o medo, sim o medo, de nos olharem para além da “cereja em cima do bolo”!
Pois bem, que fique claro que não nos fecham a boca, nem amarram os braços, com os slogans de que pretendemos um estatuto especial!
Por isso, aqui estamos para lembrar o 25 de Abril e denunciar o que, em nosso entender, atenta contra o seu espírito e os seus valores.
Dizemo-lo e repetimo-lo, aqui e agora, porque os detentores do poder assumem-se, cada vez mais, como herdeiros dos vencidos em 25 de Abril de 1974.
A luta de muitos portugueses contra a tirania, a opressão e o obscurantismo, culminou nessa radiosa jornada de 25 de Abril de 1974 – que nos lançou na mais extraordinária aventura, que um povo pode viver.
Mas se é certo que a grande virtude dos militares de Abril foi o saberem aproveitar as condições criadas por essa luta, bem como as condições resultantes da longa guerra colonial, o certo é que o 25 de Abril de 1974 é da exclusiva responsabilidade desses militares que surpreenderam o mundo pela sua generosidade: pela primeira vez na história de Portugal e do Mundo, as Forças Armadas tomaram a iniciativa de devolver o poder aos cidadãos, logo que foram criadas condições democráticas para tal.
Assim, terminada a guerra colonial, aprovada a Constituição da República e estabilizadas as Instituições Democráticas, os militares regressaram aos quartéis.
Tudo fizeram pelo seu País, nada quiseram para si.
A primeira década da democracia, em que os militares ainda foram o garante da estabilidade, possibilitou aos portugueses a escolha do espaço europeu como modelo político e económico,
Em suma, foi graças a essa “madrugada inteira e limpa”, como a crismou Sophia, que foi possível começar a:
- Construir um País novo, recuperando-o do atraso em que o haviam colocado,
- Fazer um Estado Democrático e de Direito,
- Reconhecer o direito à autodeterminação e independência dos povos colonizados,
- Retirar Portugal do isolamento internacional em que os ditadores o mantinham,
- Inserir o nosso País numa Europa onde o Estado Social garantia há mais de trinta anos uma situação de paz, progresso, bem-estar e justiça social.
Esse, lembramos mais uma vez, foi o tempo de todas as esperanças, convictos de que se caminhava ao encontro de uma sociedade verdadeiramente livre e justa.
Porém, hoje, e repetindo o que afirmámos nesta mesma data há um ano, “assistimos, e sofremos na pele, à destruição de muito do que de bom se conseguiu, ao retrocesso para tempos da outra senhora, à destruição do Portugal de Abril e ao abrir de portas de novas escravidões, à iniquidade, à perda da soberania”.
Vemos com muita preocupação:
- O regresso da emigração em massa porque não há trabalho em Portugal;
- O desemprego avassalador e desumano que atira centenas de milhares de compatriotas nossos para o sofrimento, a desesperança, as bermas da indignidade; ingressámos já no grupo dos quinze países do mundo com mais desempregados;
- A fome a alastrar pelas camadas mais desfavorecidas;
- A enorme desvalorização atingida pelo trabalho;
- O aumento escandaloso da injustiça social;
- As cantinas das escolas abertas nas férias escolares para que crianças portuguesas possam comer alguma coisa nesses períodos;
- Uma classe média destroçada;
- O Estado Social a ser destruído, com consequências maiores no direito à educação, à saúde e à segurança social;
- O aumento da corrupção que, como Vitorino Magalhães Godinho afirmou no seu livro Os Problemas de Portugal, “surge como o regular funcionamento da economia”, que nos arrastou para esta enorme crise;
- A enorme impunidade que campeia entre os poderosos, considerados acima da lei;
- O não funcionamento da Justiça;
- O regresso do medo, aos que sentem o emprego em risco ou temem perder o pouco que ainda têm;
- Os reformados e os pensionistas a serem esbulhados a cada fim de mês porque quem conscientemente nos desgoverna rasgou os contratos assinados pelo Estado com os trabalhadores para respeitar os inaceitáveis contratos assinados com a troika;
- O desrespeito da dignidade humana.
E porque há valores de dignidade humana inquestionáveis, nomeadamente o direito a um eficiente serviço de saúde pública, de educação pública e de segurança social pública, não podemos assistir indiferentes às situações de pobreza extrema, de carência absoluta, de fome que todos os dias se nos deparam!
Hoje, revoltados, assistimos:
- A uma propaganda governamental mais condizente com serventuários do grande capital financeiro do que com governantes eleitos pelo povo para defesa do bem comum;
- À desfaçatez e sem vergonha de políticos que, do alto das cadeiras da casa que devia ser da democracia, vêm a público afirmar, sem pingo de bom senso, que o País está melhor embora os portugueses estejam pior;
- A uma governação que legisla como se a Constituição não existisse, passando pelo descrédito, contínuo desde há três anos, de ver leis suas revogadas pelo Tribunal Constitucional que em permanência afronta.
Neste contexto, muitos dos nossos compatriotas já perderam a esperança. Mas porque “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”, continuamos a lutar – dissemo-lo há um ano e reafirmamo-lo agora – “com as armas que a Democracia conquistada com Abril ainda nos permite, contra os novos tiranos que nos roubam o pão, o trabalho e a soberania”.
A desvergonha é tanta que, no Governo, ao mais alto nível, há até quem se atreva a falar de uma nova Restauração, fazendo de conta que não sabe que um novo 1640 está mesmo a caminho com a inevitável defenestração dos Miguéis de Vasconcelos que por ali andam.
Mas hoje, neste local simbólico que tão gratas recordações nos traz, podemos e queremos dizer sem qualquer hesitação, que quem nos desgoverna subiu ao poder fazendo promessas que não cumpriu. Enganando os cidadãos que neles votaram. Deslegitimando-se, ética, moral e politicamente.
Hoje, além de com subido orgulho homenagearmos aqui um dos nossos – Salgueiro Maia, e nele evocarmos todos os Militares de Abril já falecidos –, queremos lembrar a todos os nossos concidadãos que a democracia não se limita a eleições de quatro em quatro anos.
Queremos afirmar que quem nos desgoverna tem que prestar contas de cada um dos seus actos que mexe com a vida de todos nós. Não podemos ficar de braços cruzados perante um Portugal de joelhos face ao poder estrangeiro, cada vez mais pobre, cada vez mais devedor (a nossa dívida pública nos últimos três anos saltou de 90 para 130 mil milhões), cada vez mais esmifrado.
A situação é esta e não estamos a exagerar. Sabemos que a luta em que estamos envolvidos é uma luta difícil. Disso todos temos que ter consciência. Os inimigos, dentro e fora de fronteiras, são poderosos – mas a nossa História quase milenar, e o direito à nossa vida com futuro, a isso nos obrigam. Não podemos virar a cara à luta.
Sublinho hoje de novo, como já tantas vezes o fizemos: temos a consciência de que a crise é generalizada no mundo ocidental, nomeadamente na Europa – mas isso não justifica a profundidade que atingiu Portugal.
Estamos a lutar contra o marasmo, o conformismo, o amochar que se tem apoderado de muitos portugueses perante as contínuas agressões e roubos de que são vítimas. O País está a ser destruído e temos que nos mobilizar a fundo para pormos cobro a uma situação que seria impensável há meia dúzia de anos.
Estamos a incentivar as acções da sociedade civil que vem despertando, vem assumindo a contestação e vem dando sinais inequívocos ao Poder – os quais, a não serem entendidos, provocarão fortes convulsões sociais, com a violência em pano de fundo.
Insistimos e sabemos do que falamos: cada dia que passa assistimos à destruição do que, de positivo, foi sendo construído no nosso país em resultado da acção libertadora de há 40 anos.
O País está vendido, em grande parte e a pataco, ao estrangeiro!
As desigualdades, consumadas no aumento do enriquecimento dos que já têm tudo e no cada vez maior empobrecimento dos mais desfavorecidos, transforma a nossa sociedade num barril de pólvora que apenas será sustentável numa nova ditadura opressiva, com o desaparecimento das mais elementares liberdades.
Como há um ano, manifestamos de novo, e com maior veemência, a nossa indignação face aos acontecimentos que se estão vivendo em Portugal e que configuram, de modo irrefutável, um enorme e muito grave descrédito dos representantes políticos no Poder, que deliberadamente criaram e sustentam esta situação.
Insistimos, sem tibieza, que a Democracia não é, nem pode ser jamais, a concessão a uns quantos de uma patente de incompetência ou pilhagem, para se enriquecerem a si e a amigos durante quatro anos ou mais.
A Democracia tem o seu fundamento na confiança que os representados têm nos seus representantes e na lealdade destes perante quem os elegeu. Quando essa confiança é traída e essa lealdade desaparece, a legitimidade moral e política da classe dirigente desmorona-se e o cimento da Democracia apodrece. O que não podemos permitir.
Isto é o que, infelizmente há muito tempo, pensamos – mas que em nosso entender se agravou de modo substancial nos últimos anos, com um Governo de joelhos submetendo-se docilmente aos ditames da Troika e, por mais inconcebível que tal seja, indo ainda mais longe do que exigem esses estrangeiros que hoje mandam no nosso país transformado numa espécie de protectorado.
E porque a justificação para a não mudança parece ser a nossa pertença ao Euro e à União Europeia, e porque esta caminha para um projecto falhado, um projecto moribundo, há que questionar a nossa continuidade no Euro e na própria União Europeia.
Numa democracia existem sempre alternativas.
Numa democracia não existem assuntos tabus. Por isso não devemos ter receio de discutir a nossa pertença à EU e ao Euro!
Pertencemos à Europa, irrevogavelmente, pela cultura, pela história, pelos milhões de portugueses que estão no seu território, mas não queremos, não aceitamos ser o lupen proletariado da Europa! Queremos pertencer a uma União e não a um Império!
Somos Europeus, não somos sub-europeus! As nossas razões para estarmos na Europa são as do respeito, as da Igualdade, as da Solidariedade.
Se a União Europeia continuar como está, será preferível sairmos!
Em resumo e para que fique claro: a situação em que Portugal se encontra é inaceitável, insustentável e perigosa. E porque continuamos a considerar que a antecâmara do totalitarismo surge quando, num Estado de Direito, a classe política perde o seu prestígio porque se transforma numa espécie de casta que deixa de servir os interesses de todos para servir os seus próprios interesses e/ou os interesses dos já poderosos, chegou o momento de, com toda a força, a população dizer basta - e, em nome da Pátria, apontar a solução: ou se muda urgentemente de política e inverte o caminho de submissão, austeridade e empobrecimento do país, ou este governo tem de ser apeado sem hesitação. De preferência por iniciativa do Presidente da República, que continua a ser um mero assistente passivo ou mesmo conivente, tardando em fazer uma leitura consequente da situação que se vive em Portugal, desviando-o do plano inclinado em que se encontra, rumo ao precipício.
Temos de ser capazes de aproveitar as armas da Democracia e mostrar aos responsáveis pelo “estado a que isto chegou” um cartão vermelho, que os expulse de campo!
Não duvidemos, temos de ser capazes de expulsar os “vendilhões do templo”!
Os desmandos e a tragédia da actual governação não podem continuar!
Igualmente, temos de ser capazes de retornar às Presidências de boa memória de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio!
Temos de ser capazes de ultrapassar os sectarismos, temos de ter a capacidade de reconhecer o inimigo comum, mesmo antes de sermos totalmente derrotados.
Vencendo o conformismo, temos de ser capazes de resistir de novo, reconquistar as utopias, arriscar a rebeldia e renovar a esperança!
Recolocados os valores da madrugada libertadora, nessa altura, vencido o medo, poderemos então retomar a esperança de reafirmar Abril e construir um futuro melhor!
Largo do Carmo, Lisboa, 25 de Abril de 2014
Vasco Lourenço
Foto. Montijo.Próximo Piscinas Municipais.
Não interessa que seja um cano rebentado.
A mim bastam-me estes pequenos olhos de água e a Nascente a que me reconduzem.
De facto, a minha sede não é deste mundo.
Obrigado.
antónio colaço
O regresso a Belém, ao Restelo donde parti, qual navegante quinhentista, a caminho do ..... Montijo!
De novo a animar o órgão da Eucaristia das 12h na Igreja de S.Francisco Xavier.
E agora, a dar cabo de uma massada de peixe a olhar este saudoso mar....
Lisboa. Campus Justiça.
"Com o gesto do lava-pés aos discípulos, o Evangelista João deu o sentido a toda a vida de Jesus, antes, durante e depois da Páscoa. Indicou-lhes, para sempre, o papel da Igreja no mundo: não ajoelhar diante de nenhum poder (económico, financeiro, político ou religioso); ajoelhar apenas diante dos excluídos da mesa comum, os deixados à porta de tudo sem poder entrar!"
In, Frei Bento Domingues, Público.
2
Que melhor síntese para as comemorações destes 40 anos de Abril?
Obrigado, Frei Bento Domingues.
antónio colaço
Frei Bento Domingues
In Público
João Paulo II, quem o esqueceu? Para vergonha de todos temos o cardeal Bertone.
1. Hoje é domingo de canonizações, de surpresas e decepções. Fizeram-me, a este respeito, uma pergunta estranha: será verdade que uma canonização envolve a infalibilidade pontifícia?
Digo estranha porque, nas questões de ordem teológica, o que me preocupa, em clima cristão, é saber se um determinado acontecimento, atitude, gesto ou palavra servem a dimensão imanente e transcendente dos seres humanos, como criaturas de relação e de interajuda. Respondi que uns teólogos dizem que sim e outros dizem que não. Sabem tanto uns como outros. Estamos, portanto, em matéria opinável. Como a própria noção de infalibilidade tem pouco de infalível, é melhor não ligar muito a esse género de preocupações.
Além disso, o essencial da vida cristã não passa por aí e a Festa de Todos os Santos é muito mais inclusiva e democrática do que todos esses processos de levar gente aos altares. São, aliás, rápidos para uns, muito demorados para outros e impossíveis para quase todos. Preencher os requisitos previstos para obter esse diploma de santo, não é para qualquer um. Um bom currículo não basta. O júri que o avalia não goza de nenhuma garantia divina de imparcialidade.
2. Os produtos da hagiografia, feitos por encomenda ou por devoção, pretendem ser edificantes; os frutos dos incréus, nem sempre são modelos de crítica histórica, como pretendem.
Quanto a modelos, se podemos falar assim, no Ocidente ainda não apareceu nenhum mais interessante do que Jesus Cristo e aqueles que seguem os seus passos e recomendações: os que não procuram nem riquezas nem qualquer outro poder de dominação. Vem tudo muito bem explicado no Evangelho segundo S. Marcos e paralelos (10, 17-45).
Andavam os discípulos a discutir entre si os lugares que desejavam ocupar quando o Mestre, o líder, tomasse o poder. Jesus ia percebendo tudo e andava cada vez mais enjoado com todas essas conversas e segredos. Não reagiu logo. Deixou que eles tivessem a coragem de se manifestarem abertamente e aconteceu. Tiago e João, filhos de Zebedeu, abriram o jogo e pediram logo os primeiros lugares na hierarquia do governo. Jesus tentou dizer-lhes que não tinham entendido nada. Mas os dez, ouvindo isso, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Então o Mestre percebeu que aquela ambição era geral. Chamou-os e pôs tudo em pratos limpos: “Sabeis que aqueles que vemos governar as nações as dominam e os seus grandes as tiranizam e são chamados Benfeitores. Entre vós não deverá ser assim: ao contrário, aquele que, de entre vós, quiser ser grande, seja o vosso servidor e aquele que quiser ser o primeiro, seja o servo de todos. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”.
Com o gesto do lava-pés aos discípulos, o Evangelista João deu o sentido a toda a vida de Jesus, antes, durante e depois da Páscoa. Indicou-lhes, para sempre, o papel da Igreja no mundo: não ajoelhar diante de nenhum poder (económico, financeiro, político ou religioso); ajoelhar apenas diante dos excluídos da mesa comum, os deixados à porta de tudo sem poder entrar!
3. É esse o cânone cristão da santidade. O resto é apenas caminho para esse despojamento libertador. João XXIII deixou-nos uns apontamentos, para seu governo pessoal, com o propósito de reduzir tudo – princípios, directrizes, assuntos – ao máximo de simplicidade e de paz, com o cuidado de limpar em todo o tempo a sua vinha do que são folhas e ramos inúteis e onde brilhe, apenas, a verdade, a justiça e a caridade; sobretudo a caridade. “Qualquer outro sistema de actuação não é mais do que jactância e desejo de afirmação pessoal, que depressa se denuncia, se torna nociva e ridícula. (…) Todos os sábios do século, todos os santos da terra, incluindo os da diplomacia vaticana, que papel mais mesquinho representam, colocados à luz da simplicidade e da graça que emana deste grandioso e fundamental ensinamento de Jesus e dos seus santos!”
Incomodado com o seu bom feitio, inclinado à condescendência e a descobrir o lado bom das pessoas e das coisas, sofre com o ambiente que o rodeia: “Qualquer forma de desconfiança ou de tratamento indelicado com alguém – sobretudo se se trata de deficientes, pobres ou subalternos -, qualquer dureza e irreflexão de juízo causam-me mágoa e íntimo sofrimento. Calo, mas sangra-me o coração. Estes meus colaboradores são uns magníficos eclesiásticos: aprecio as suas excelentes qualidades, estimo-os e merecem tudo. Mas sofro com o desacordo do meu espírito em relação a eles. Prefiro o silêncio, esperando que este resulte mais eloquente e eficaz para a sua educação. Não será isto debilidade?”
Amassada, tendida e cozida com o amor maternal de Macedo de Cavaleiros, como todos os anos, ei-la, a verdadeira Bôla transmontana que, desde há 40 anos, faz os meus encantos.
O casal que mantém a tradição lisboeta de nos convidar para a pascal partilha, acrescentou este ano a novidade dos maranhos beirões.
Resta dizer que foi do Alentejo que veio a água que nos matou a sede.
A amizade, essa, só pode ser alimentada com a nossa continuada presença, sinal de que estamos vivos, sem doença!
É o que esperamos fazer para o ano.
Dá-se o caso de reparar que agora, os ovos de que se faz esta Bôla, e que converti, há anos, numa pequena colagem, ombreiam, lado a lado, com "um Cutileiro"!!!Ó pra mim!
Obrigado, Antónia e Zé Luis.
antónio colaço
Depois da humilhação de ontem, a única solução é mesmo prosseguir a marcha: humilhação com transpiração se vence.
A desenhar, no Ikea/Loures, sete cartões/cenário para uma futura actuação dos meus amigos do Conservatóro Regional de Artes do Montijo, "Quebra Nozes".
Assim eu quebra o enguiço de embarcar em viagens com sereias de...."escamas de barro"!
antónio colaço
Pe Anselmo Borges
In DN
40 ANOS DEPOIS
1- No dia 25 de Abril de 1974, o telefone tocou, estava eu ainda a dormir: "O que tu querias está a acontecer." Uma jovem amiga a dizer-me que estava na rua um golpe de Estado. Como quase toda a gente, fiquei preso às notícias, escassas.
Depois, é o que se sabe. O povo veio para a rua. A alegria explodiu. Os acontecimentos sucediam-se em vertigem. Não se dormia. Será que alguma vez se viveu tão apressada e intensamente como durante aqueles anos de revolução? É mesmo: o tempo não é todo igual. Aqueles foram tempos sobre os quais F. Alberoni teorizou, com o seu conceito de "estado nascente".
O problema foi passar do "estado nascente" à "institucionalização" da democracia, pois não se pode ficar eternamente no entusiasmo eufórico do novo nascimento. Aí, havia imensos interesses contraditórios, e então viveram-se várias revoluções ao mesmo tempo, para recuperar o tempo perdido em ditadura e atraso: uma revolução burguesa, uma revolução soviética, Maio de 68, a descolonização. Esteve-se à beira de uma nova ditadura.
2- 40 anos depois, só por cegueira ou cinismo se não reconhecerá que Portugal está incomparavelmente melhor. Reconquistámos a liberdade, e a liberdade é o que define o ser humano: onde houver homem, tem de haver liberdade, a liberdade é a imagem de Deus no homem. Vivemos em democracia. Houve progresso material. Erradicou-se o analfabetismo e multiplicou-se o acesso ao ensino superior. O desenvolvimento social é inegável: salário mínimo, pensão mínima, Serviço Nacional de Saúde. Mais consciência de cidadania.
3- Mas os portugueses andam descontentes: 83% manifestam-se insatisfeitos ou pouco satisfeitos com o presente estado da democracia. De facto, muita coisa correu mal. Será que temos dificuldade em governarmo-nos a nós próprios? Como é que se explica, por exemplo, que nestes 40 anos tenha havido três intervenções do FMI e tenhamos estado à beira da bancarrota? Fomos incapazes de dar o salto para um país moderno e estável. Tivemos de regressar à emigração, e, desta vez, são médicos, enfermeiros, engenheiros, arquitectos... e jovens... Está aí um tsunami demográfico. Cava-se cada vez mais fundo o abismo entre os muito ricos e os pobres. Apesar de vários sinais felizmente positivos, a austeridade é para continuar. A Justiça arrasta-se, não é célere e dá a impressão de ser selectiva, a favor dos ricos. O mais triste: a desconfiança e a inesperança da maior parte dos portugueses.
4- O que aconteceu? Imensa incompetência dos políticos, passeando depois uma inocência que não têm - em Portugal, ninguém é responsável por nada. Partidos e suas cumplicidades com interesses corporativos - Filomena Martins foi certeira: "São cada vez menos as figuras de destaque disponíveis para se dedicarem à causa pública por dever de cidadania. E isso tem levado à degradação da qualidade política e ao seu descrédito. Porque não se ganha muito dinheiro na política. Ganha-se depois dela. Com o poder e as relações que se conquistaram." Multiplicação acéfala de instituições de ensino superior. Esbanjamento irresponsável de dinheiros públicos: pense-se no número de estádios de futebol, nos quilómetros desnecessários de auto-estradas. Privilégios e corrupção, fuga ao fisco. A Banca a fazer "engolir" cartões de crédito e o consumismo insensato. Aquela mentalidade de encosto ao Estado, de subsídio-dependência, de que só há direitos e não há deveres.
5- E agora? É preciso parar para pensar e reflectir sobre o essencial. Precisamos de mais e melhor democracia. Temos de assumir todos mais responsabilidade na coisa pública. Precisamos de um consenso mínimo entre os partidos sobre temas fundamentais, como a reforma do Estado, a justiça social, o investimento reprodutivo para criar riqueza e emprego. Precisamos de insubordinação frente à plutocracia e de assegurar a dignidade de todos. Precisamos de erguer o futuro pela educação. Se, por insanidade do poder político, os sacrifícios entretanto feitos forem deitados a perder, é preciso preparar-se para o pior.
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
Links Amigos