Domingo, 28 de Junho de 2015
WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges
In DN 27 Jun
DEMOCRACIA NA IGREJA

1 Não há dúvida de que o Papa Francisco é uma autoridade político--moral global, universalmente reconhecida. Impôs-se ao mundo pela simplicidade, pela bondade, pela entrega generosa ao bem da humanidade, a começar pelos mais pobres. Exemplo para todos os que exercem o poder. Com bondade e inteligência.

Muitos, porém, perguntam-se, com razão, o que poderá suceder a seguir ao seu pontificado. Não vai haver tentativas de restauração, como se ele tivesse sido apenas um parêntesis? Depois de reconhecer que o problema não é o papa, mas o papado absoluto, que exige reforma, com democracia real, divisão de poderes, escreve o teólogo José Arregi: "A reforma radical democrática será uma condição não suficiente, mas indispensável, para que a Igreja seja espaço de liberdade e de tolerância, lar de humanidade. Chegará até aí o Papa Francisco? O tempo corre contra ele."

 

2 A questão vem de longe. E lembrei--me de outro jesuíta famoso, Karl Rahner, que é, reconhecidamente, senão o maior, um dos maiores teólogos católicos do século XX - tive o privilégio de tê-lo como professor durante um semestre. Um dos principais impulsionadores e peritos do Concílio Vaticano II, assistiu depois, com preocupação e tristeza, ao início do restauracionismo eclesiástico, que lamentou como um "Inverno na Igreja".

No domínio da democratização na Igreja, já em 1970, num livrinho sobre Liberdade e Manipulação na Sociedade e na Igreja, Rahner exigia transformações claras e fundas, em ordem à fidelidade ao conteúdo central da mensagem cristã, que é a liberdade, a caminho da libertação plena.

Evidentemente, enquanto realidade histórica e social, também na Igreja se dá a tensão entre liberdade e manipulação, mas ela só se tornará credível se e na medida em que for um espaço de liberdade e libertação. "Por isso, o que em princípio e em caso de dúvida é necessário admitir como legítimo na Igreja é a máxima liberdade e não a manipulação."

É neste quadro que é preciso levantar toda a problemática da democracia na Igreja, do pluralismo teológico, dos erros do magistério, da não aceitabilidade de leis eclesiásticas, da reinterpretação da autoridade na Igreja, que "se situa na linha do desmantelamento das concepções de carácter feudalista e paternalista da autoridade e dos hierarcas, e na linha de uma compreensão funcional da autoridade. Esta funcionalidade deverá ser a chave de compreensão de todo o sentido da autoridade na Igreja."

Assim, por exemplo, "seríamos uns hipócritas se disséssemos que nos sentimos "queridos filhos e filhas" do papa ou dos bispos. Em termos muito simples, esta nova interpretação significa fundamentalmente que não é necessário demonstrar que a liberdade tem prioridade; significa igualmente que também na Igreja não pode dominar a mentalidade de que é proibido tudo o que não é expressamente permitido pelos superiores. Isto, por sua vez, significa que, portanto, é absolutamente legítimo que a partir de baixo se constituam "grupos de base" formados por leigos ou padres, cujo direito de existência não tem de depender necessariamente da aprovação positiva dos superiores".

A limitação quanto ao tempo de permanência nos cargos eclesiásticos, incluindo o papal, "é uma questão que deriva quase automaticamente, de modo quase evidente, da essência do cargo entendido como função de serviço". Só esta reinterpretação funcional da autoridade permitirá superar "a mentalidade institucionalizada dos bispos, que é, se nos é permitido falar assim, feudalista, descortês e paternalista". Ela "implicaria também que, na medida do possível, as decisões e as directrizes da autoridade eclesiástica fossem explicadas ao público mediante a apresentação dos seus fundamentos e razões" e que se voltasse a "pensar numa colaboração do povo na nomeação dos hierarcas".

No quadro da funcionalidade da autoridade, impõe-se reflectir sobre a opinião pública na Igreja e os contrapoderes. Assim, "a própria autoridade da Igreja deveria criar instituições que fossem contrapostas a ela e à sua dinâmica e que de algum modo servissem de instâncias de controlo da própria autoridade. Não é necessário ser adepto da divisão de poderes, de Montesquieu, ou da aplicação desta doutrina à Igreja, para considerar desejável algo semelhante". "Só quando tivermos um Sínodo nacional que eventualmente (iure humano) adopte decisões normativas que possam ser chocantes para um bispo; só quando, se for o caso disso, um bispo se submeter a um árbitro imparcial; só quando os conselhos presbiterais, os conselhos pastorais, etc., tiverem autonomia e eficiência frente aos bispos..., é que a relação entre liberdade e manipulação na Igreja será tranquila e ao mesmo tempo estará num movimento contínuo, que dissolverá, sempre de novo, o anquilosamento do meramente tradicional".

A Igreja está na história, que deve ser assumida dinamicamente e com um sentido direccional: o da liberdade, "cuja autoridade suprema é o amor".

 

 

 



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Sexta-feira, 26 de Junho de 2015
MONTIJO. QUE REGOZIJO !!!! O S.PEDRO AQUI É QUE É in página AFPDM

 



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Quinta-feira, 25 de Junho de 2015
SANTOS POPULARES . SÓ FALTA O S.PEDRO!!!! NO MONTIJO UM REGOZIJO .... É QUE É!!!

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OUTRAS ANIMAÇÕES . O PODER DE MÁRIO! SEMPRE!

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Domingo, 21 de Junho de 2015
WEBANGELHO SEGUNDO FREI BENTO DOMINGUES

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Novos olhares sobre o casamento (2)

As doutrinas e as instituições da Igreja só valem na medida em que, à luz do Evangelho, respeitarem e promoverem o bem da família.

 

 

 

 

 

 

1. Entrei numa Igreja paroquial para a celebração do casamento de uns noivos, meus amigos, para a qual tinha recebido jurisdição do respectivo pároco. Ao dirigir-me à sacristia para me paramentar, deparei com uma senhora que me perguntou se os noivos se tinham confessado. Respondi que não sabia nem queria saber.

Se não se confessaram a V. Reverência, aqui também não. Havia um pedido do casamento com Missa, mas não haverá Missa. Não posso ser cúmplice de dois sacrilégios.

Procurei saber que sacrilégios eram esses. A informação foi rápida: o primeiro já é inevitável - os noivos vão-se casar em pecado mortal; o segundo é deixar os noivos comungar nessa situação. Este vou impedi-lo, pois não haverá Missa.

Como as noivas chegam, quase sempre, um bocado atrasadas, julguei que tinha algum tempo para uma breve catequese.

Disse-lhe, então, que eram louváveis os seus cuidados com a alma dos outros, mas o seu zelo parecia-me pouco informado e nada esclarecido.

 Pouco informado, porque os noivos, para se confessarem, se quiserem, têm muito por onde escolher. Fazer um juízo sobre o secreto estado de consciência de outra pessoa – dizer, por exemplo, que está em pecado mortal - além de atrevimento insensato, é algo proibido pelo próprio Jesus de Nazaré[1]. Isso, por um lado. Por outro, a senhora parece ignorar que a celebração dos sacramentos cristãos implica a presença pascal da acção de Cristo, que atinge todos os tempos e lugares. Deus e a sua graça não dependem dos sacramentos, pois se assim fosse, serviriam para limitar o alcance da acção do Espírito de Deus!

Lembrei também àquela zelosa senhora de não esquecer que o maior dos sacramentos – signos da graça divina – é a Eucaristia. Ora, está inscrito no tecido simbólico desde sacramento – do começo ao fim – a celebração da misericórdia: oferta do perdão de Deus e partilha recíproca do perdão entre os participantes na Missa. Não se trata de um faz-de-conta ritual, mas da própria substância da Eucaristia.

Esta tentativa de catequese sacramental teve direito a um comentário: vejo que o senhor padre também anda perdido nessas modernices, mas já tem idade para ter juízo!

Só pude acrescentar: eu pecador me confesso, mas ainda que tenha de ir a uma taberna comprar pão e vinho, este casamento terá Missa, como os noivos pediram. Resmungando lá foi arranjar tudo para a celebração e assistiu, num canto da Igreja, “àquele sacrilégio”. A conversa não era secreta. Teve a presença aflita do sacristão.

2. O excelente acolhimento oferecido por muitas paróquias não pode sofrer com o testemunho de um caso lamentável. Não posso, no entanto, esquecer tantos casais que se afastaram da Igreja, para sempre, quando tentavam uma aproximação.

 Estamos, porém, em época de preparação do Sínodo dos Bispos sobre a Família. As espectativas são, como é normal, bastante diversas. Espero que a reflexão da hierarquia vá reconhecendo que o sentido da fé dos fiéis, sensus fidei, especialmente dos noivos e dos casais – nas suas diferentes expressões – deve ser o principal lugar de informação para as orientações pastorais. Estas devem assumir sobretudo um carácter metodológico, resistindo às conclusões definitivas. Esse caminho ajudaria a vencer o cepticismo daqueles que já não esperam nada de novo. Contam, apenas, com a renovada teimosia na absoluta indissolubilidade do matrimónio. Esta não deveria esquecer nem a misericórdia de Deus nem os limites da condição humana. Uma segunda celebração cristã do casamento dos divorciados, que seriamente a procurarem, não tem de ser bloqueada pelo receio de se andar a brincar aos casamentos.

Nesta questão, o recurso à declaração de Jesus esquece algo de elementar, precisamente a pergunta que os fariseus lhe fazem para o rasteirar: É lícito repudiar a própria mulher por qualquer motivo que seja? Sem esta pergunta é impossível entender a resposta. O que Jesus faz é a defesa intransigente das mulheres, sem os subterfúgios de Moisés. Os discípulos entenderam muito bem o alcance da resposta: se é assim a condição do marido em relação à mulher, não vale a pena casar-se [2].

3. Em relação ao referido Sínodo, as preocupações devem centrar-se no primado das pessoas concretas e nos itinerários das suas múltiplas relações. Ao elaborar as orientações da fé cristã em terrenos tão complexos e movediços como os das famílias a constituir, a apoiar, a defender e a refazer, não se pode recorrer apenas a formulações descontextualizadas. A construção de uma família de sólidos laços afectivos, ao contrário do que por vezes se afirma, é o que as pessoas mais procuram. A alta temperatura da paixão juvenil não é a única medida do crescimento do amor.



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WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges
In DN de 20 Junho

 

 

 

 


A MÃE TERRA

Naquele 13 de Março de 2013, ao ouvir o nome que o cardeal Bergoglio escolhera para si como Papa - Francisco -, fiquei convencido de que, mais tarde ou mais cedo, apareceria uma intervenção forte sobre a ecologia. Ela aí está, na encíclica "Laudato si", palavras iniciais do Cântico das Criaturas, de São Francisco de Assis: "Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe Terra, que nos sustenta e governa."

Impossível fazer aqui uma síntese minimamente adequada da sua riqueza. Trata-se de um texto poderoso, argumentado, contundente, também com belas passagens poéticas, articulando a ecologia do meio ambiente e a ecologia humana, um marco histórico para o futuro do planeta, que se impõe debater e meditar. Não é por acaso que aparece nesta data, antes da viagem aos Estados Unidos e no contexto da preparação de um novo tratado sobre o clima numa conferência das Nações Unidas, em Dezembro próximo, em Paris. Por isso, já começaram as críticas por parte, nomeadamente, de grandes poderes relacionados com a energia e a banca. O líder republicano Jeb Bush, possível candidato à presidência dos Estados Unidos, por exemplo, que se converteu ao catolicismo há 25 anos, arremeteu contra Francisco: "Não deixarei que os meus bispos, os meus cardeais ou o meu Papa me ditem a política económica"; a religião deveria ocupar-se mais de "tornar as pessoas melhores e menos de questões que têm que ver com aspectos políticos". Francisco, porém, pensa ser seu dever dirigir-se a crentes e a não crentes, "a cada pessoa que habita este planeta", para a defesa da "casa comum" ameaçada, tanto mais quanto as alterações climáticas afectam sobretudo os mais vulneráveis, estão em causa a paz e as gerações futuras, e o Deus criador entregou a Terra ao cuidado responsável de todos.

A própria encíclica descreve os seus eixos: "A relação íntima entre os pobres e a fragilidade do planeta, a convicção de que no mundo tudo está ligado" - é uma afirmação constante: tudo em conexão e interdependência -, "a crítica ao paradigma da tecnocracia e às formas de poder que derivam da tecnologia, o convite a procurar outros modos de entender a economia e o progresso, o valor próprio de cada criatura, o sentido humano da ecologia, a necessidade de debates sinceros e honestos, a grave responsabilidade da política internacional e local, a cultura do descarte e a proposta de um novo estilo de vida."

Poucos se lembram de que a formação de base de Francisco é a Química, sabendo, portanto, o que significa a ciência, e consultou vários cientistas de renome. Assim, escreve: "Há um consenso científico muito consistente que indica que nos encontramos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Se a actual tendência continuar, este século poderia ser testemunha de alterações climáticas inauditas e de uma destruição sem precedentes dos ecossistemas, com graves consequências para todos." Aliás, com a produção de centenas de milhões de toneladas de resíduos por ano, muitos deles não biodegradáveis, "a Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo", adverte.

O clima é um bem comum e a alteração climática "é um problema global com graves dimensões ambientais, sociais, económicas, distributivas e políticas, e coloca um dos principais desafios actuais para a humanidade", cujas consequências "recairão nas próximas décadas sobre os países em desenvolvimento", com tragédias sem fim a que já estamos a assistir, "lamentavelmente, com uma indiferença geral". O texto sublinha o drama da água e da pobreza e denuncia: "Não se costuma ter consciência clara dos problemas que afectam particularmente os excluídos, mas eles são milhares de milhões de pessoas." E adverte: somos "uma só família humana. Não há fronteiras nem barreiras políticas ou sociais que nos permitam isolar-nos e, por isso, também não há espaço para a globalização da indiferença". Afinal, habitamos a mesma casa.

É mentira "a disponibilidade infinita dos bens do planeta", impondo-se, portanto, avançar com "uma valente revolução cultural", para uma "ecologia integral": "O gemido da irmã Terra une-se ao gemido dos abandonados do mundo, com um clamor que nos obriga a outro rumo." Precisamos de um novo estilo de vida, de consumo e produção e de outra política: "A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo o povo pagar o preço, sem a decisão firme de rever e reformar o sistema todo, reafirma um domínio absoluto das finanças que não tem futuro e que só pode gerar novas crises depois de uma longa, penosa e aparente cura."

"Faz falta voltar a sentir que precisamos uns dos outros, que somos responsáveis pelos outros e pelo mundo, que vale a pena sermos bons e honestos. Já tivemos tempo demasiado de degradação moral, escarnecendo da ética, da bondade, da fé, da honestidade, e chegou a hora de tomar consciência de que essa alegre superficialidade nos serviu de pouco."

 



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Sexta-feira, 19 de Junho de 2015
MOINHO DO ESTEVAL SEM VELAS PARA MOER

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A poucos dias da grandiosas Festas de S.Pedro, no Montijo, o moinho do Esteval, em boa hora recuperado pela Câmara Municipal do Montijo, não tem motivos para festejar.
De facto, as suas velas esfarrapadas e os seus cântaros partidos fazem com que nos ofereça este desleixado aspecto.
S.Pedro, iluminai os senhores da Câmara para que façam o moinho,,,,moer!!!!
antónio colaço



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Quarta-feira, 17 de Junho de 2015
OUTRAS ANIMAÇÕES

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Terça-feira, 16 de Junho de 2015
O SÃO PEDRO É QUE É!!! NO MONTIJO OLARÉ!!!

Terminaram as aulas com os meus pequenos alunos de Atalaia, do CAF-Componente do Apoio à Família, um projecto que conta com o apoio da AFPDM-Associação para a Formação e Desenvolvimento Profissional do Montijo com a qual tenho o privilégio de colaborar.
Apesar das diferenças, quer de idade, quer de anos que entre si frequentam, foi uma experiência globalmente enriquecedora.As artes plásticas irmanaram-nos.A todos.
Os pequenos artistas lá levaram para suas casas os seus projectos de cartaz para as Festas do S.Pedro.
O ano passado conseguimos ocupar durante 15 dias as vidraças do Café da Praça, com direito a vernissage e presença do presidente da Câmara do Montijo, Eng Nuno Canta.

Entretanto, nas ruas da Baixa do Montijo, a decoração das ruas prossegue a bom ritmo.

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Domingo, 14 de Junho de 2015
OS PRIMEIROS TRAÇOS DE UM CORPO!!!

O primeiro desenho com um corpo dentro.

Montijo, 14 de Junho, 14.20, na casa dos Avós.
(Os Pais do Francisco reivindicam primeiras surpresas!)

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ABANÃO

Abanai!Abanai!
Acordai, acordai!
antónnio colaço

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WEBANGELHO SEGUNDO FREI BENTO DOMINGUES

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Novos olhares sobre o casamento

Jesus de Nazaré rejeita apenas a família como um mundo fechado, esquecida do nosso parentesco universal.

 

1. Quem decide casar, seja pelo civil seja pela Igreja, é obrigado a marcar uma data. É por isso que existe um antes de casados e um depois de casados. Banalidade das banalidades. As instituições têm normas. Mas esta evidência jurídica não deve esconder as misteriosas dimensões humanas e cristãs de laços que se desenvolvem no tempo e que nenhum tempo explica.

O casamento é um processo infinitamente mais complexo do que o processo civil e religioso. Para não morrer, tem de ir crescendo sempre nos noivos e no casal. Aquilo a que normalmente se chama o casamento é apenas a Festa de uma realidade que só pode ser bem conjugada no gerúndio. As pessoas que se acolhem como casal serão lúcidas se perceberem que ganham em ir casando cada vez mais, nas diferentes etapas da vida, preparando-se, nos dias calmos, para o imprevisível.

Se for verdade, como diz A. Bessa Luís, que as famílias são férteis em tensões e desajustes e que, sem conflitos, a família não subsistiria, então o casal, para ter futuro, precisa da conversão permanente à escuta recíproca, ao diálogo e ao perdão, sabendo que seremos sempre um mistério para nós próprios e para os outros. A ambição da transparência total é o engano de almas lisas.  

Era ainda criança, mas lembro-me, como se fosse hoje, das conversas que provocou na minha aldeia uma pregação do padre Domingos, que depois foi Bispo da diocese da Guarda. Pregava contando histórias exemplares e parábolas semeadas de aforismos que tinham tanto de rústico como de prático. Num dos sermões, conhecendo a realidade local, resolveu falar, com muitos pormenores hilariantes, sobre três modelos de gestão familiar: a do varão – manda ele e ela não; o da varunca - manda ela e ele nunca; o da varela – manda ele e ela!

A questão mais difícil não é saber quem manda, mas o que comanda, em profundidade, as reacções de um casal que sonhou com um paraíso.

2. Nos debates em torno do Sínodo dos Bispos sobre a Família, alguns parecem obcecados pela indissolubilidade e pela impossibilidade de uma segunda celebração cristã do casamento. Nota-se pouca atenção aos seus modelos culturais e religiosos, no passado e no presente. Mesmo no âmbito da tradição cristã, podem observar-se diversos paradigmas.

 Nem o Antigo nem o Novo Testamento impõem uma estrutura determinada e fixa. A partir da experiência cristã, em confronto com outras culturas, numa época de globalização, é normal que se pense, dentro do próprio cristianismo, em instituições mais aptas para a família e para o casal europeu, latino-americano, africano e asiático.

Embora de forma muito esquemática e rápida, importa passar os olhos pelos traços essenciais da sua história como convite para leituras especializadas [1].

 Nos séculos I-III, o casamento era uma questão terrena que se procurava viver em espírito cristão: casava-se no “Senhor”, sem cerimónias próprias. Os cristãos casavam-se como os não cristãos: uns, segundo os ditames do Direito Romano, outros conforme os costumes locais (o direito consuetudinário). O grande cuidado a ter era com os ritos e sacrifícios pagãos que estivessem em contradição com a mensagem cristã.

Nos séculos IV-XI foi-se elaborando uma liturgia cristã, em duas fases: os esponsais e o casamento. As formas não eram obrigatórias. Obrigatória era a Bênção. Entretanto, foram-se introduzindo as formas civis no direito eclesiástico.

Pelo ano mil, todas as questões relativas ao casamento passaram para a jurisdição eclesiástica. Em suma: antes do ano mil, os cristãos casam-se de modos diversos: uns, segundo um rito cristão (direito eclesiástico); outros, segundo o direito civil; outros, segundo os costumes locais; outros ainda, clandestinamente.

Nos séculos XI-XV, produziu-se uma teologização e uma eclesiologização do casamento. O debate teológico sobre a sua essência agudizou-se. Toda a jurisdição do casamento passou para a Igreja, que ficou a regulamentar até os seus efeitos civis. Acabou assim por subsistir apenas o casamento religioso e o clandestino.

No Concílio de Trento (1545-1563), o casamento tornou-se numa instituição da fé. Todas as causas são transferidas para os tribunais eclesiásticos. É invalidado o casamento clandestino, dada a dificuldade dos tribunais em determinar qual era a esposa legítima de determinado varão comprometido, ao mesmo tempo, com várias mulheres.

3. F. Xavier de la Torre, da U. Pontifícia de Comillas, recorda que essa razoável proibição não pode fazer esquecer que, durante 15 séculos, a cerimónia não era uma exigência e, em termos teológicos, não tem de lhe estar associada. Isto permite-lhe destacar o valor luminoso do casamento e entender a crise de uma certa institucionalização. A trilogia sempre unida de casal, casamento e família, fragmentou-se. O adeus à Família é, no entanto, precipitado. De modos diversos, todos a procuram.

Jesus de Nazaré rejeita apenas a família como um mundo fechado, um egoísmo mais ou menos alargado, esquecida do nosso parentesco universal.

[1] Gabino Uríbarri, SJ (ed),La família a la luz de la misericordia, Sal Terrae, 2015, Santander.



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Sábado, 13 de Junho de 2015
WEBANGELHO SEGUNDO ANSELMO BORGES

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Pe Anselmo Borges

In DN
A IGREJA COM QUE FRANCISCO SONHA

 

Como Francisco de Assis, o que o Papa Francisco encontrou foi uma Igreja em ruínas. Daí, o seu empenho, sem hesitações, na sua transformação e conversão.

O teólogo Agenor Brighenti acaba de apresentar preocupações e modelos fundamentais, em ordem a uma mudança radical, citando Francisco.

1. "De uma Igreja autorreferencial a uma Igreja nas periferias". É essencial pôr termo a uma Igreja autocentrada e, por isso, da exclusão, para passar a uma Igreja que acolhe os que se encontram marginalizados nas periferias: os considerados perdidos, os que pensam de outro modo, longe das certezas eclesiásticas, os das periferias da dor, das injustiças, da miséria, os pobres e analfabetos, os sem--abrigo, os presos, os drogados, os homossexuais, as famílias monoparentais, os recasados que não podem comungar, os padres casados, e tantos tantos outros...

2. "De uma Igreja-alfândega a uma Igreja samaritana". Francisco insiste numa Igreja da "revolução da ternura". "Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É preciso curar as feridas; depois, falaremos do resto." Daí, a urgência de uma Igreja-mãe, samaritana, "capaz de redescobrir as entranhas maternas da misericórdia. Sem a misericórdia, pouco pode fazer para inserir-se num mundo de "feridos", que precisam de compreensão, perdão e amor".

3. "De uma Igreja de prestígio e poder a uma Igreja pobre e para os pobres". "Ah, como quereria uma Igreja pobre e para os pobres!", disse na inauguração do seu pontificado. E dá o exemplo. Numa entrevista: "Os chefes da Igreja, em geral, foram narcisistas, adulados e exaltados pelos seus cortesãos. A corte é a lepra do papado." Conhece bem a admoestação célebre de São Bernardo ao papa Eugénio III: "Não te esqueças de que és sucessor de um pescador e não do imperador Constantino." Por isso, repete constantemente que a Igreja "não pode afastar-se da simplicidade". "Nalguns há um cuidado ostensivo da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, sem se preocuparem com que o Evangelho tenha uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história. Desse modo, a vida da Igreja converte-se numa peça de museu ou numa posse de poucos." Não ignorando a advertência do bispo Casaldáliga, "só há dois absolutos: Deus e a fome", a sua preocupação primeira não é a doutrina e a imagem pública da Igreja, mas o sofrimento e a causa dos pobres no mundo. Afinal, "a realidade entende-se melhor a partir da periferia do que a partir do centro", avisa.

4. "De uma Igreja milagreira e providencialista a uma Igreja profética". Denuncia "a cultura do descarte. Não se pode descartar ninguém" nem cair na "globalização da indiferença". Concretiza: "Hoje temos de dizer "não" a uma economia da exclusão e da iniquidade. Essa economia mata. É inaceitável que não seja notícia um ancião que morre de frio na rua, mas que o seja uma queda de dois pontos na Bolsa." "Enquanto os lucros de alguns crescem exponencialmente, os da maioria ficam cada vez mais longe do bem-estar dessa minoria feliz. Este desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira. Daí que neguem o direito de controlo dos Estados de velar pelo bem comum. Instaura-se uma nova tirania invisível." Assim, "o futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política, que é uma das formas mais altas da caridade".

5. "De uma Igreja encerrada na sacristia a uma Igreja acidentada por sair à rua". Claro que a uma Igreja que sai à rua pode acontecer o que acontece a qualquer um: um acidente. "Mas quero dizer francamente: prefiro mil vezes uma Igreja acidentada a uma Igreja doente. A doença maior da Igreja fechada é a doença autorreferencial: ver-se a si mesma, curvada sobre si própria." Daí, a tarefa constitutiva da "missionariedade", do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.

6. "De uma Igreja centralista a uma Igreja de Igrejas locais". É necessário superar o modelo centralizado de Igreja, a começar pela Cúria, que urge reformar radicalmente, para ser organismo de ajuda e não de censura - "impressiona ver as denúncias de falta de ortodoxia que chegam a Roma", adverte.

7. "De uma Igreja clerical a uma Igreja toda ela ministerial". A descentralização deve estar presente em todas as instâncias da Igreja e opõe-se ao clericalismo: este "não tem nada a ver com o cristianismo. Quando tenho diante de mim um clerical, instintivamente transformo-me num anticlerical". Se a Igreja é o Povo de Deus, todos têm de participar. Que lugar para os leigos e para as mulheres?

8. "De uma Igreja governada por bispos-príncipes a uma Igreja de pastores", que caminham "com e no seu rebanho". Evitai, diz aos bispos, "o escândalo de ser bispos de aeroporto".

O que mais impressiona, digo eu, é que o que Francisco sonha, quer e faz seja considerado extraordinário, quando deveria ser pura e simplesmente o normal.



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Sexta-feira, 12 de Junho de 2015
OUTRAS ANIMAÇÕES . MAS QUE GRANDE ANIMAÇÃO

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Terça-feira, 9 de Junho de 2015
ALCOCHETE 500 ANOS DE FORAL . A DOÇARIA CONVENTUAL OU A DOCE FUGA À RÍGIDA CLAUSURA MEDIEVAL

Demos um saltinho à Feira Quinhentista que durante três dias animou o centro da cidade de Alcochete e integrada nas comemorações dos 500 anos do Foral manuelino.

Nas tasquinhas medievais, entre outros produtos, pudemos apreciar a doçaria conventual.
O nosso destaque foi para as "Maminhas de Noviças", uma deliciosa combinação entre ovos e farinha.
A crise não consentiu que provássemos os "Pescoços de Freiras".
Nada mais encontrámos à venda das respeitáveis irmãs, ao tempo, radicadas por Alcochete.
Nos licores, ficámo-nos pela leitura de um "Viagra para adultos", ao lado do poejo e outras especiarias.
Fica um cheirinho da animação musical de um grupo cujo nome desconhecemos mas cuja qualidade aplaudimos.

antónio colaço

 



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