animadas conversas
ANTÓNIO FERRAZ
DA MÚSICA E DO CHAMAMENTO INTERIOR QUE NOS FAZ
Terminou no passado fim de semana a tournée de António Ferraz pelos diversos Auditórios da Fnac.
Pudemos presenciar a excelente prestação na Fnac do Forum Almada e testemunhar a evolução criativa de António Ferraz.
Foi uma conversa muito breve aquela que mantivemos com o compositor no final da actuação por entre as tantas solicitações de amigos presentes.
Fica o essencial, e já não é pouco, com o apelo ao "chamamento interior" que a música em nós faz, como um dos caminhos a seguir no meio dos tantos ruídos que se fazem sentir.
antónio colaço
MARÇO, MARÇAGÃO
ANIMADAS CONVERSAS ATÉ MAIS NÃO!!!!
Estamos quase!!!!
...PS
Obrigado, uma vez mais e SEMPRE, ao meu querido amigo José Augusto que tornou possíveis grande parte, se não mesmo, a maioria destas fotos com os convidados dos AAnimados Almoços, uma saudosa parceria da ânimo com a Associação 25 de Abril.
ESTA QUARESMA COMEÇOU BEM (2)
Frei Bento Domingues
In Público
1. Há 25 anos, a convite do Centro Bartolomé de Las Casas, de Cusco, participei num congresso internacional sobre modelos de Inculturação e Modernidade, realizado na cidade do México. Samuel Ruiz Garcia, bispo de San Cristobal de las Casas, estava hospedado no convento dominicano onde também eu tinha sido fraternalmente acolhido. Pude conversar longamente com esta figura do catolicismo mexicano que, na altura, já andava nas bocas do mundo, vigiado pelo Governo e pelo Vaticano. Contou-me que tinha sido um padre muito conservador. O contacto com a vida terrível e humilhada dos índios de Chiapas, a participação no Vaticano II e na conferência de Medellin (Colômbia), mostraram-lhe que o caminho do catolicismo era o da incarnação nas culturas nativas. Daí brotou a teologia indigenista que se prolongou na teologia da libertação.
Participei, então, com representações de várias dioceses, numa fervorosa romagem ao Santuário da Virgem de Guadalupe, presidida pelo referido bispo, de protesto contra a prisão de um padre responsável pela nova orientação pastoral indigenista [1].
Voltei a encontrar o bispo Samuel no meio do seu povo, onde se anunciava a guerra na qual ele desempenhou um papel de mediador, evitando um genocídio. Gostei de ver o Papa Francisco a rezar junto ao seu túmulo.
2. Na visita pastoral ao México, o Papa foi extremamente duro com os exploradores da população pobre, sobretudo com os narcotraficantes. Mas ao fazer o balanço da viagem com os jornalistas, foi enfático: Quero dizer uma coisa, uma coisa justa, sobre o povo mexicano. Tem uma cultura… milenária. Sabeis que hoje, no México, se falam 65 línguas, contando as indígenas? É um povo duma grande fé, também sofreu perseguições religiosas, existem mártires: irei canonizar dois ou três.
(…) O “povo” não é uma categoria lógica; é uma categoria mística. Como conseguiu este povo não falir, com tantas guerras? E as coisas que sucedem agora... Um povo que ainda tem esta vitalidade só se explica por Guadalupe.
No primeiro dia, o destaque foi para o encontro com o episcopado. Perante os graves problemas que este tem de enfrentar, o Papa lembrou que era preciso um olhar que reflectisse a ternura de Deus. Por isso, sede bispos de olhar límpido, alma transparente, rosto luminoso; não tenhais medo da transparência. A Igreja não precisa da obscuridade para trabalhar. Vigiai para que os vossos olhares não se cubram com as penumbras da névoa do mundanismo; não vos deixeis corromper pelo vulgar materialismo nem pelas ilusões sedutoras dos acordos feitos por baixo da mesa; não ponhais a vossa confiança nos “carros e cavalos” dos faraós de hoje, porque a nossa força é a “coluna de fogo” que irrompe separando em duas as águas do mar, sem fazer grande rumor [2].
O Papa observou que a hibridação irreversível da tecnologia aproxima o que está afastado, mas, infelizmente, torna distante o que deveria estar perto.
Por isso, nos vossos olhares, o povo mexicano tem o direito de encontrar os indícios de quem “viu o Senhor”. Isto é o essencial. Assim, não percais tempo e energias nas coisas secundárias, nas críticas e intrigas, em projectos vãos de carreira, em planos vazios de hegemonia, nos clubes estéreis de interesses ou compadrios. Não vos deixeis paralisar pelas murmurações e maledicências. Introduzi os vossos sacerdotes nesta compreensão do ministério sagrado. A nós, ministros de Deus, basta a graça de “beber o cálice do Senhor”, o dom de guardar a parte da sua herança que nos foi confiada, apesar de sermos administradores inexperientes. Deixemos o Pai atribuir-nos o lugar que preparou para nós [3]. Poderemos nós ocupar-nos verdadeiramente doutras coisas que não sejam as do Pai? Fora das “coisas do Pai” perdemos a nossa identidade e, culpavelmente, tornamos vã a sua graça.
Se o nosso olhar não dá testemunho de ter visto Jesus, então as palavras que recordamos d’Ele não passam de figuras retóricas vazias. Talvez expressem a nostalgia daqueles que não podem esquecer o Senhor, mas, em todo o caso, são apenas o balbuciar de órfãos junto do sepulcro. No fim de contas, são palavras incapazes de impedir que o mundo fique abandonado e reduzido ao próprio poder desesperado.
COMENTÁRIO
PALAVRAS QUE NOS INTERPELAM, CONFRONTAM, CONVOCAM
MAS, SOBRETUDO, QUE NOS APAZIGUAM.
A Igreja tenebrosa, culpabilizante, que nos verga ao peso de uma "culpa" sem rosto, aos poucos, começa a dar lugar, outra vez, como no princípio, a este lugar de apaziguamento, condição sem a qual não somos capazes de partir para dar testemunho.
Obrigado, Frei Bento e, claro, Irmão Francisco, o senhor Papa, como diria Francisco o que deixou tudo.
antónio colaço
SOBRE A EUTANÁSIA:PERPLEXIDADES
Pe Anselmo Borges
in DN27Fev
1. O debate está aí. Só espero que seja sério, sereno, argumentado, sem pressas, distinguindo muito bem as questões e os conceitos. Por exemplo, todos querem a eutanásia, sim, no sentido etimológico da palavra: uma "boa morte" e também uma "morte assistida", com cuidados médicos adequados, presença afectiva, moral, espiritual. E é bom reflectir que, quando o que está em causa é viver ou morrer, não se pode pretender impor-se aos outros, para vencer a todo o custo. Aqui, não há vencedores nem vencidos: todos seremos vencidos. Mesmo para os crentes, que acreditam na vida para lá da morte, neste mundo, a morte, irreversível, é o poder que a todos derrota. Daí, o primado do combate pela vida.
2. Neste e noutros casos, há muitos que parece terem medo de referendos. Chamo a atenção para que, na base da recusa de referendar a questão, pode haver razões que posso compreender. Mas quem teme o referendo pergunte lealmente a si mesmo se, em última análise, não é também por medo de ver perdida a sua causa e por julgar que o saber sobre a questão e o modo correcto de decidir está do seu lado: de um lado - partidos (o tema não foi debatido na campanha eleitoral) e Parlamento -, estão os iluminados e, do outro, o povo ignaro, que não sabe decidir sobre o que lhe convém nem o que deve ser feito, seguindo a razão.
3. Sobre este tema, escrevi no meu livro Corpo e Transcendência. Aí cito textos que obrigam a reflectir, também do ponto de vista cristão e católico. De facto, embora a ética e a política sejam autónomas em relação à religião, não deixa de haver pontos de contacto. Assim, o teólogo A. Torres Queiruga, para quem autonomia e teonomia acabam por coincidir, escreveu, no contexto do caso bem conhecido de Ramón Sampedro: "Neste caso, como no da eutanásia ou de toda a grande decisão moral, do que se trata antes de mais e sobretudo é de buscar o bem da pessoa (da pessoa-em-sociedade, é claro). Para saber o que é que Deus quer no caso de Ramón Sampedro, nas suas circunstâncias irrepetíveis e concretas, a fé não dispõe, em última análise, de outro critério que não seja o de procurar descobrir o que é bom para ele como pessoa humana. De facto, é estritamente equivalente afirmar "isto é bom para Ramón Sampedro" e "isto é o que Deus quer para Ramón Sampedro"."
De qualquer modo, pergunta essencial é: qual é o limite para a autonomia humana no direito de dispor responsavelmente (não arbitrariamente) da sua morte? O teólogo H.M. Kuitert escreveu: "O direito à vida e o direito à morte é o núcleo da autodeterminação, é um direito inalienável e inclui a liberdade de decidir sobre o quando e o como do nosso fim, em vez de entregar essa decisão a outros ou ao resultado da intervenção médica." Se se aceita hoje como normal a intervenção livre e responsável no início da vida, com a paternidade e a maternidade responsáveis, porque é que em determinadas circunstâncias se não há-de aceitar como legítima também a intervenção responsável no termo da vida? É evidente que nenhum ser humano pode ser obrigado ou pressionado a morrer um dia ou uma hora antes que seja. Mas, por outro lado, deve alguém ser obrigado em todas e quaisquer circunstâncias a continuar a viver? Se a vida toda foi entregue por Deus à liberdade responsável do ser humano, porque é que essa liberdade, numa decisão única da própria consciência, deverá ser tirada no que se refere à última fase da vida, em situações extremas? Será de reprovar moralmente e condenar criminalmente a ajuda para pôr termo à sua vida, quando, após diagnóstico inquestionável, ameaçado, por exemplo, de demência senil talvez por longos anos, alguém quer despedir-se da vida com dignidade? É neste contexto que o famoso teólogo Hans Küng, que, após uma enorme obra teológica, quer morrer em paz, disse recentemente em Glücklich sterben (Morrer feliz): "O ser humano tem o direito de morrer quando não tem nenhuma esperança de continuar a levar o que, no seu entender, é uma existência humana."
4. Despenalizar a eutanásia? Trata-se de uma questão civilizacional, e é preciso estar bem consciente dos perigos dramáticos e temíveis que se corre. Por exemplo, com uma lei aberta à eutanásia e ao suicídio assistido, não poderá surgir depois uma pressão disfarçada e subtil sobre os doentes e os velhos, que acabará por ser interiorizada por eles, para que exerçam o direito à eutanásia "voluntária" ou ao suicídio medicamente assistido? Não se aninha aí o risco de enormes equívocos na própria terminologia: "morte por compaixão", "mercy killing", "Gnadentod"? Precisamente porque é imisericordiosa, já que assenta no economicismo e no hedonismo, a nossa sociedade cada vez menos humanista, não tendo tempo nem solidariedade compassiva para com os mais fracos - os doentes graves e os moribundos -, atira-os para o que chama a "morte misericordiosa", a "morte por compaixão"? E o Estado fica com mais um encargo: dar a morte?
ANIMADAS CONVERSAS
COMEÇAM COM A MÚSICA DE ANTÓNIO FERRAZ
Estivemos esta tarde no Auditório da Fnac do Forum Almada para mais um dos concerto de António Ferraz Megsprojectproducer.
A apresentação do segundo álbum " Enigmatic Encounters" veio confirmar, se ainda fosse preciso, a qualidade e evolução do trabalho do jovem músico portuense.
2
A música como ponto de partida paa as nossas ANIMADAS CONVERSAS.
A reportagem mais tarde.
Até lá, o convite para que apareçam, amanhã, pelas 17horas, na Fnac do Vasco da Gama.
Parabéns, António.
AS MÚSICAS DA MÚSICA
Ligação "em directo" à Matriz do Montijo.
PS...
De novo o recurso ao velhinho Nokia E72.A captação de som não é a melhor dada a proximidade da fonte. Isto, claro, sem falar da "qualidade" do executante.
Obrigado.
A FALA DAS SEMENTES
No mais íntimo das terras de mim, vai um estremecimento, um contentamento por tanto sofrimento, por causa de um futuro deslumbramento.
Falo-vos de sementes que em mim se agitam, que em mim rompem águas, forças incontidas, tantas mágoas sofridas, eis que lá para Março, vão romper aquela terra mais fina, à espera de um abraço, e eu, desajeitadamente, a olhar para elas, a perguntar a quem passa, digam-me o que faço, com este vulcão dentro de mim, a explodir, ...sementes com ideias dentro de ideias a querer trepar, hastes, pétalas, corolas, das coisas mais lindas às ideias mais tolas, e eu, parolo de tanta loucura, incapaz de um gesto, incapaz de uma censura.
Ide, ideias, espalhai-vos pelas áridas planícies do meu país, crescei e multiplicai-vos, que é como quem diz, desinvernai Portugal, que mil sóis e outras tantas luas façam suas as sementes de uma terra decididamente muito mais fraternal.
EM MARÇO, MARÇAGÃO
ANIMADAS CONVERSAS ATÉ MAIS NÃO!!!!
antónio colaço
PS
Curioso: só agora li a crónica do meu querido amgo Frei Bento. E não é que no último parágrafo fala em "semente de cristãos", referindo-se aos "inúmeros mártires que testemunharam a sua fidelidade a Cristo e se tornaram semente de cristãos".
Estamos numa outra dimensão, é certo, ou.... talvez não.
ANIMADAS CONVERSAS
As conversas são como as cerejas, sim, mas também podem ser como as sementes.Do muito que se fala fica sempre alguma semente que, aos poucos, acaba por germinar e dar fruto.
A terra, os nossos leitores, é da melhor.
Não duvidamos que vão aproveitar.
A lista de assuntos é vasta e diversa e os convidados, tal como os quase oitenta convidados dos AAANIMADOS ALMOÇOS, prometem animar.
Daremos mais notícias das sementeiras que "andamos preparando", como se diz no meu Alentejo.
A falta de humor teológico e litúrgico acaba sempre por sacralizar o ridículo
1. As Igrejas Católica Romana e Católica Ortodoxa, em 1054, consumaram, de forma solene, o seu progressivo divórcio: excomungaram-se reciprocamente. Dizia-me um amigo, pouco entendido em questões de religião: isso de excomunhões deve ser com como lançar um feitiço para o quintal do vizinho. Só funciona se os dois acreditarem nisso.
De facto, quase durante um milénio, foi mantida essa sacralizada ficção. As duas partes faziam de conta que Deus dependia das suas quezílias teológicas e culinárias. Teológicas, porque se imaginavam a viajar pelo interior da Santíssima Trindade e a observar o percurso seguido pela fonte do Espírito Santo. Culinárias, porque não se entendiam acerca do uso do pão, fermentado ou não fermentado, na celebração da Eucaristia, nem reconheciam a cada uma das igrejas a liberdade de seguir a receita da sua preferência.
A falta de humor teológico e litúrgico acaba sempre por sacralizar o ridículo. Certas instituições e pessoas que pretendem manter intacto o depósito da fé e as invioláveis tradições litúrgicas esquecem que não há imagem nenhuma nem nenhum conceito que possam corresponder a Deus. A idolatria confunde a imagem com a realidade. Todas as artes, a começar pela música e pela poesia, são aspirações à plenitude, mas sabem que não são a plenitude, são apenas pontes para o invisível e inaudível. Confessam, no mais sublime que conseguem, o que lhes falta. Como dizia Messiaen, ficam na zona da imperfeição.
A linguagem litúrgica é simbólica, é a poética da fé, mas não é divina. A teologia que esquece que só conhece a Deus como desconhecido resvala para a arrogância pastoral e incapacita-se para reconhecer que lhe falta o essencial: o Outro.
Com o Vaticano II, a Igreja redescobriu que não existe ecumenismo, diálogo inter-religioso e diálogo com o mundo, na sua diversidade, sem o acolhimento do que não pode dominar: Deus e os outros.
2. O abraço de Paulo VI e do Patriarca Atenágoras [1] foi o reconhecimento público de que as Igrejas Católicas Romana e Ortodoxa vivem mal uma sem a outra. As excomunhões, que serviam apenas para camuflar orgulho e vontade de poder, foram anuladas. Só agora [2], no entanto, o Papa Francisco e o Patriarca Kirill saltaram, a pés juntos, um abismo milenar de suspeitas e acusações. Razão tinha Bergoglio quando disse, a propósito de um encontro entre católicos e protestantes: se deixarmos nas mãos de teólogos obtusos o processo ecuménico, teremos de esperar pela eternidade para ver a unidade entre as igrejas cristãs.
Importa destacar que este encontro não foi apenas para que os dois bispos se falassem de viva voz, coração a coração. Foi para que as duas Igrejas se tornassem, em simultâneo, Igrejas de saída para as periferias do Mundo.
A histórica declaração conjunta não precisa de ser explicada. Não é um texto esotérico. Precisa de ser conhecida. Estes irmãos na fé cristã analisaram as relações mútuas entre as duas Igrejas, os problemas essenciais dos seus fiéis e as perspectivas de progresso da civilização humana.
Porque terão realizado este encontro em Cuba? Porque é a encruzilhada entre Norte e Sul, entre Leste e Oeste. Foi a partir desta ilha, símbolo das esperanças do “Novo Mundo” e dos acontecimentos dramáticos da história do século XX, que dirigiram a sua palavra a todos os povos da América Latina e dos outros continentes.
Destacaram o crescente dinamismo da fé cristã, o forte potencial religioso da América Latina, a sua tradição cristã secular, presente na experiência pessoal de milhões de pessoas, como garantia de um grande futuro para esta região.
Em Cuba, longe das antigas disputas do “Velho Mundo”, sentiram-se mais fortemente a necessidade de um trabalho comum entre católicos e ortodoxos, chamados a dar ao mundo, com mansidão e respeito, a razão da esperança que está em nós [3].
Partilharam a Tradição espiritual comum do primeiro milénio do cristianismo, cujas testemunhas são a Virgem Maria, Santíssima Mãe de Deus e os Santos que veneramos. Entre eles, contam-se inúmeros mártires que testemunharam a sua fidelidade a Cristo e se tornaram semente de cristãos.
Pe.Anselmo Borges
In DN 20 Fevereiro
A CAMINHO DO MÉXICO, HAVANA
1 A causa fundamental da divisão da Igreja do Ocidente e da Igreja do Oriente e do cisma em 1054, com a excomunhão mútua, foi política, com reivindicação de importância e poderes de Roma e Constantinopla, respectivamente. Depois, sucederam-se lutas, inclusive com massacres de um lado e do outro, com o que isso significa de indignidade e escândalo entre cristãos.
Em 1964, o Papa Paulo VI e Atenágoras I, Patriarca de Constantinopla, abraçaram-se em Jerusalém, concordando em declarar nulas as excomunhões. Houve mais encontros entre Papas e Patriarcas. Mas, em quase mil anos, isso nunca aconteceu, até ao passado dia 12, entre um Papa e um Patriarca de Moscovo. Agora, os tempos são outros; o Papa é Francisco e o Patriarca de Moscovo e de toda a Rússia é Cirilo; a ameaça de uma Terceira Guerra Mundial é real; a perseguição dos cristãos no Médio Oriente e no Norte de África é brutal; os desafios para as Igrejas são gigantescos; a importância de Putin na geopolítica é enorme; o pedido de Jesus pela unidade, sempre presente... Os esforços da diplomacia ao longo de anos conseguiram o encontro, com razão considerado histórico, de Cirilo, de visita a Cuba, e de Francisco a caminho do México.
2 Houve um comunicado conjunto, assinado em Havana, símbolo das disputas dramáticas do Velho Mundo no século XX e das esperanças do Novo Mundo no século XXI. Fica aí o essencial.
"Somos irmãos, não somos concorrentes." E, assim, sublinham a alegria da reunião de irmãos, que se encontram para falar de "coração a coração" e debater "as relações mútuas entre as Igrejas, os problemas palpitantes do nosso rebanho e as perspectivas do desenvolvimento da civilização humana". Partilham "a Tradição espiritual comum do primeiro milénio do cristianismo" e sentem fortemente a necessidade da "obtenção da unidade mandada por Deus" e da colaboração entre católicos e ortodoxos, para poderem "em conjunto responder aos desafios do mundo moderno", aos quais, nas mudanças em curso, não podem ser "indiferentes".
A sua atenção dirige-se principalmente para aquelas regiões do mundo nas quais os cristãos são brutalmente perseguidos: "Em muitos países do Médio Oriente e da África do Norte, extermina-se famílias completas de irmãs e irmãos nossos, aldeias e cidades inteiras." "Na Síria, no Iraque e noutros países do Médio Oriente observamos com dor o êxodo em massa de cristãos da terra onde a nossa fé começou a espalhar-se e onde viviam desde os tempos apostólicos com outras comunidades religiosas." Levantam as suas vozes em defesa desses cristãos, solidarizando-se igualmente com o sofrimento dos seguidores de outras religiões. Fazem apelo à comunidade internacional para que se una na ajuda humanitária - "não podemos permanecer indiferentes ao destino de milhões de migrantes e refugiados" - e na obtenção da paz, pondo "fim à violência e ao terrorismo". Pedem a Deus que "não permita uma nova guerra mundial".
Testemunham "o alto valor da liberdade religiosa", dando também conta de que "algumas forças políticas, guiadas pela ideologia do secularismo", tendem a empurrar os cristãos para as margens da vida pública. Manifestam respeito pelo "contributo de outras religiões para a nossa civilização", mas estão "convictos de que a Europa deve manter-se fiel às suas raízes cristãs". A violência não pode justificar-se em nome de Deus e, nestes tempos conturbados, "é necessário o diálogo inter-religioso".
"A família é o centro natural da vida de um ser humano e da sociedade." Estando fundada no "amor fiel entre um homem e uma mulher", "lamentam que outras formas de convivência se equiparem agora com esta união". Apelando para "o respeito inalienável pela vida", condenam o aborto e a eutanásia.
"Os ortodoxos e os greco-católicos" - estes são católicos de rito oriental unidos a Roma - "precisam da reconciliação e da busca de formas de convivência mutuamente aceitáveis." Neste contexto, lamentam "o enfrentamento na Ucrânia", pedindo às duas Igrejas que trabalhem para "conseguir a harmonia social, abster-se de participar no confronto e de apoiar o desenvolvimento do conflito".
"Poderemos, num tempo crucial, dar testemunho conjunto do Espírito da verdade? Disto depende, em grande medida, o futuro da Humanidade."
3 Convicto de que "a unidade se poderá realizar", Francisco seguiu para o México, para dar testemunho da verdade. Ao lado das "periferias humanas" (índios, presos, migrantes...) e arremetendo, na presença do Presidente, contra "a corrupção, o narcotráfico, a exclusão das culturas diferentes, o sequestro e a morte" e, num discurso duro aos bispos, contra a "auto-referencialidade" e o "carreirismo", pedindo-lhes "coragem profética" na denúncia do mal e "transparência" entre eles: "Briguem como homens e rezem como homens de Deus."
PARABÉNS, EDUARDO GAGEIRO!!!!
Parabéns atrasados, ANOS ACRESCENTADOS, pá!!!!Desculpa lá, amigo Eduardo. E vão 81, perdão, 18 anitos, pá.Tás a ver o caminho que ainda te falta percorrer.
Em jeito de homenagem, lembramos aqui o AAAnimado Almoço que contigo mantivemos e....não só, também uma pequenina homenagem de alguns dos mais consagrados nomes do nosso fotojornalisno e que assim quiseram associar-se à homenagem outra que te proporcionámos com uma exposição na Galeria da Associação 25 de Abril, com quem mantivemos agradável parceria.
Sob a batuta desse intrépido fotojornalista, então, ainda em ascensão, de seu nome José Augusto, aqui ficam os links desse saudoso AAA:
http://animo.blogs.sapo.pt/364906.html
http://animo.blogs.sapo.pt/364578.html
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