PERGUNTAR POR DEUS
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Releiam Frei Bento no Público e ouçam uma síntese traçada pelos oradores no final de um riquíssimo tempo de reflexão!
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Uma citação de Frei Bento:
"Deus é inexprimível: nós não sabemos o que é Deus em si mesmo; dele captamos, apenas, um esplendor fraco através do mundo criado e no decurso da nossa história no mundo, história feita de acontecimentos felizes e de tragédias. Não é só o Deus incognoscível, mas também as expressões ou os dogmas sobre Deus que pertencem, à sua maneira, ao objecto da fé. Isto não implica, porém, de modo nenhum, que devam ser tratados em pé de igualdade.
A auto-revelação de Deus é dada em experiências humanas interpretadas. Nunca temos acesso à “Palavra de Deus” de modo imediato. Estritamente falando, a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas um conjunto de testemunhos de fé de crentes que se situam numa tradição particular da experiência religiosa. É por isso que E. Schillebeeckx, no uso litúrgico, utiliza, o menos possível, a conclusão solene: “palavra do Senhor”, precisamente porque Deus nunca fala assim. São crentes que falam.
Isto significa que, se em todo o dogma uma verdade se exprime de facto, fá-lo, no entanto, sempre de modo defeituoso e historicamente condicionado. Enquanto expressão verbal da fé, o dogma pode mudar no decurso do tempo. A partir das nossas questões, a fidelidade ao Evangelho e aos dogmas da Igreja pode, por vezes, exigir de nós romper com a imagem ultrapassada do ser humano e do mundo, na qual a verdade evangélica foi outrora expressa."
NR
Aconselhamos o uso de auscultadores para uma melhor audição.
PROCURAR DEUS É PERGUNTAR POR ELE
Deus mora na pergunta por Ele!
Reportagem alargada da Conferência promovida pelo Pe Anselmo Borges, no Hotel Altis, a propósito do lançamento do seu último livro "DEUS, RELIGIÕES (IN)FELICIDADE".
Retratos do primeiro amanhecer de uma nova camera e do seu primeiro ver-com-olhos-de-ver.
Bem vistas as coisas, nada que não se tenha já visto.
Mas....cada momento continua a ser único!
Estamos vivos....
Estamos cá para ver.
Bom dia para todos.
COMUNICAR É PRECISO
POR UMA SOCIEDADE MAIS FELICITANTE
No ontem e hoje dos media de comunicação de proximidade dou por mim a retirar de circulação, tal como na recuada mas gloriosa década de oitenta, então, o modernaço mini gravador Sanyo, hoje, volvidos estes anos todos, um dos topos de gama da Nokia, o modelo E72.
Através de ambos consegui alcançar vários objectivos que, creio, e aqui o reivindico publicamente sem qualquer falsa modéstia, contribuíram, à sua maneira para a afirmação de uma sociedade mais livre, democrática e comunicante.
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No caso da rádio, após quatro horas de intensa "perseguição", lá consegui que o general Ramalho Eanes, então Presidente da República, falasse pela primeira vez para uma rádio pirata!
Um escândalo mas que, em muito ajudou a acelerar o proceso de legalização das muitas rádios locais.
No caso dos telemóveis, a afirmação de que era possível ir mais longe, tornar a comunicação mais próxima, fosse com quem fosse, do mais humillde ao mais prestigiado cidadão com responsabilidades na afirmação do Portugal Democrático, através, fundamentalmente, da realizalção dos saudosos AAAnimados Almoços, uma parceria com a Associação 25 de Abril, e que levou a sentar à mesa e debater a situação do país desde Mário Soares, Pinto Balsemão, passando por Marcelo Rebelo de Sousa, actual Presidente, para não falar de Vasco Lourenço, Otelo Saraiva de Carvalho, até Eduardo Lourenço, Boaventura Sousa Santos, Carlos do Carmo, José Mário Branco, Maria José Morgado e tantos outros de uma lista que ronda as quase oitenta personalidades.
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Neste último capítulo bem tentei, no início do movimento dos Blogs, e depois do Facebook, à semelhança do que acontecera com o movimento das Rádios Livres, tentar juntar esforços para uma reflexão em conjunto sobre o que poderíamos fazer para romper com o individualismo que caracteriza este meio - é impossivel que não seja assim, bem o sei - e dar passos significativos, por exemplo, como aconteceu com a recente cimeira da Websummit mas...numa escala menor, claro.Quando agora vi o que se passou na FIL, lembrei-me do sonho que acalentei para o então pavilhão Carlos Lopes, todos "sintonizados" num grande ecran onde cairiam todas as mensagens dos participantes.Falei nisso a alguns amigos que não me desmentirão.
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Só para dizer, no momento em que consegui superar a "crise" do meu querido mono E72, como lhe chamou o meu querido amigo Luiz Carvalho, que passo a dispor de uma nova maquineta - nada topo de gama! - que me possibilitará continuar, a partir desta trincheirinha dos media de proximidade ( como continuo a preferir chamar às redes sociais, sem que recuse ir na corrente,claro!) a tudo fazer, sem deslumbraments bacocos, como também sempre disse, colocando as novas tecnologias ao serviço de uma sociedade mais "felicitante", para citar o meu querido amigo Pe Anselmo Borges.
Ânimo, pois, para....tornar os dias mais leves.
antónio colaço
as imagens estão de volta na ânimo
A PARTIR DE AGORA OUTRO GALO CANTARÁ
AS ARMAS E OS MEGAPIXELS ASSINALADOS....
Ainda meio desfocadas, meio atabalhoadas, os olhos cansados da longa hibernação, quase recusando sair do bem-bom da pantufinha, perdão, do diafragmazinho, como que a dizer, "não viste o êxito que alcançaste com os últimos posts em que foste obrigado a recorrer à força que as palavras têm para desmentir o velho ditado que nos atribui tanto poder - "uma imagem vale ...mais que mil palavras" - para que é que nos foste desencantar à montra onde estávamos tão quietinhos, nós os megapixels que tanta gente deslumbra por estes dias de almejadas prendas?!
Pronto, deixa lá, afinal nascemos para isto e aqui estamos com esta estreia absoluta dos teus galos que metem o galarão da Joaninha a um canto mas havemos de voltar para os fotografar melhor.
( Já reparaste que ultimamente andas a puxar demasiado pelos galões?A tua mota mete a lata de sopa do Warhol a um canto, agora os galos metem o galarão da Joaniha a um bla, bla.Achas que é assim que o Berardo se convence a levar-te para o CCB agora que renovou o "contrato" por mais seis anos?!)
Vamo ao trabalho, meninos megapixels, há muito para megapixelar!!!
MATINAS
Manhã fria.Cais do Seixalinho.Gente que corre para apanhar o barco das 7.30.Não se vê um palmo à frente dos olhos.
Meia hora até Lisboa para passar pelas brasas!
O barco parte agora mesmo.
Fico a vê-lo a afastar-se.
Leva almas que vão dar o seu melhor para a grande cidade.
Provavelmente, amanhã já poderei ter imagens do bando de pardais que saltitam à minha beira aqui no cais...
Que procuram?
Restos do farnel de quem não quis comer mais?
Uns e outros, sobreviventes até de mais...
NÃO INVOCAR O NOME DE DEUS EM VÃO
Frei Bento Domingues
In Publico 20 Nov
1. Apesar do Papa Francisco e das suas intervenções carregadas de humanidade divina, o fundamentalismo religioso, mesmo no seio da Igreja católica, não desarma. Panfletos como o da folha dominical de uma paróquia da Califórnia - votar no Partido Democrata é pecado mortal; declarações como a do padre italiano à emissora católica Rádio Maria- os sismos, em Itália, são um castigo divino pelas uniões civis dos homossexuais, ou as expressas à revista Família Cristã pela responsável da Associação de Psicólogos Católicos - um filho homossexual é como ter um filho toxicodependente, são afirmações que não pecam por muito inteligentes. Infelizmente há outras mais tóxicas. Cresce um mal-estar muito vasto não só em relação ao tom e ao conteúdo fundamentalista das homilias dominicais, como acerca das desastradas atitudes no acolhimento aos pedidos de baptismo e de casamento. Em certos casos, em vez de constituírem uma oportunidade de evangelização, resultam em afastamento e azedume contra a Igreja.
Talvez mais perigoso ainda, sob todos os pontos de vista, é o populismo político que tomou proporções alarmantes com a eleição do pobre Trump. Geralmente, há sempre queixas por os eleitos não cumprirem as promessas eleitorais. Neste caso, até os republicanos gostariam que ele não as cumprisse todas. O homem é um susto e a aliança com o Putin faz aquecer a guerra fria. A Europa, que teve momentos de lucidez, já não tem certezas de nada. Tudo pode acontecer.
Com perspectivas diferentes, existe uma curiosa coincidência de desassossego entre os textos de encerramento do ano litúrgico e os textos políticos do PÚBLICO[1] desta segunda-feira, em que escrevo.
2. Não vou regressar ao meu texto do Domingo passado. Dizem-me que gozei com a exclusão definitiva das mulheres ao sacerdócio, embora pelo baptismo sejam tão sacerdotes como os homens. As minhas razões eram e são de ordem teológica. Não são apenas minhas, que não teriam importância nenhuma. Como diz Edward Schillebeeckx[2], seguindo Tomás de Aquino, não temos nenhum conceito adequado para falar de Deus. A nossa linguagem é e permanece limitada. É uma linguagem terrestre para coisas terrestres.
Deus é inexprimível: nós não sabemos o que é Deus em si mesmo; dele captamos, apenas, um esplendor fraco através do mundo criado e no decurso da nossa história no mundo, história feita de acontecimentos felizes e de tragédias. Não é só o Deus incognoscível, mas também as expressões ou os dogmas sobre Deus que pertencem, à sua maneira, ao objecto da fé. Isto não implica, porém, de modo nenhum, que devam ser tratados em pé de igualdade.
A auto-revelação de Deus é dada em experiências humanas interpretadas. Nunca temos acesso à “Palavra de Deus” de modo imediato. Estritamente falando, a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas um conjunto de testemunhos de fé de crentes que se situam numa tradição particular da experiência religiosa. É por isso que E. Schillebeeckx, no uso litúrgico, utiliza, o menos possível, a conclusão solene: “palavra do Senhor”, precisamente porque Deus nunca fala assim. São crentes que falam.
Isto significa que, se em todo o dogma uma verdade se exprime de facto, fá-lo, no entanto, sempre de modo defeituoso e historicamente condicionado. Enquanto expressão verbal da fé, o dogma pode mudar no decurso do tempo. A partir das nossas questões, a fidelidade ao Evangelho e aos dogmas da Igreja pode, por vezes, exigir de nós romper com a imagem ultrapassada do ser humano e do mundo, na qual a verdade evangélica foi outrora expressa.
Há aí uma missão importante de diálogo no seio do cristianismo, missão que constitui uma missão própria para os teólogos. O que nos é transmitido a partir do Antigo e do Novo Testamento são interpretações de experiências de Deus. Ora, experiências não podem ser comunicadas a outros enquanto experiência. Cada geração deve, ela mesma e de modo pessoal, fazer a experiência. A experiência cristã de Deus também não pode ser transmitida. Podemos apenas permitir que essas expressões e descrições se abram, em nós, como experiência pessoal. Só a partir do ponto de falhanço de todas as nossas palavras é que podemos falar do mistério divino. Mas nessa palavra, decifração rigorosa e tacteio razoável no seio das possibilidades culturais de compreensão, o Deus vivo já “se dirigiu” silenciosamente a nós, antes mesmo de termos podido exprimir a nossa experiência. São experiências humanas que são, no entanto, realmente suscitadas pelo Deus incompreensível, esse Deus activo, embora não intervenha nem se imponha.
3. E. Schillebeeckx, neste texto, como em várias das suas obras, diz as razões pelas quais um dogma pode mudar. A sua expressão já não serve para defender o que estava em causa quando foi formulado. Mas se um dogma pode mudar, quanto mais uma declaração que só é definitiva porque foi declarada como tal, mesmo que pretenda interpretar uma tradição secular.
Em qualquer caso, não podemos usar o nome de Deus em vão como legitimação das afirmações, frutos da nossa responsabilidade ou irresponsabilidade.
20.11.2016
[1] Público 14.11.2016
[2] A Identidade Cristã: Desafio e Desafiada, in Deus no século XXI e o futuro do cristianismo (coor. Anselmo Borges), Campo das Letras, 2007, pp 409-411. O texto de E. Schillebeeckx interpreta duas referências fundamentais da Summa Theologiae, I. q. 1. a 7. ad 1; II-II. q. 1. a. 2, c. São da minha responsabilidade os recortes, as divisões e a pontuação das transcrições do texto de E. Schillebeeckx, para facilitar a sua leitura.
COMENTÁRIO
1.As desculpas pela não publicação das duas crónicas anteriores.
2.A urgência na publicação deste texto espantosamente BELO, LUMINOSO, ESCLARECEDOR, IMPERDÍVEL para quem quer certificar-se numa fé autênctica liberta de antigas, tremendistas, culpabilizantes e claustrofóbicas crenças faz com que concentremos neste WEBANGELHO do passado domingo a nossa atenção.
Um privilégio a amizade e proximidade de Frei Bento, daí a escolha da imagem de hoje!
Porque sim.
Obrigado, Frei Bento.
antónio colaço
Últimas Conversas. Testamento de Bento XVI. 1
Pe Anselmo Borges
In DN 19 Nov
Falei com ele uma vez, era ainda o cardeal Josef Ratzinger. A impressão que me ficou foi a de alguém muito afável, tímido e com um objectivo fundamental: conciliar a fé e a razão. Ao ler agora Letzte Gespräche (Últimas Conversas), e são mesmo as últimas, pois não pensa publicar mais nada e quer destruir notas dispersas, confirmei essa primeira impressão. Estas conversas do Papa emérito com Peter Seewald constituem uma espécie de balanço de uma vida e de um pontificado, sendo esta a primeira vez que um papa o faz. Impressiona a sua dignidade na humildade, reconhecendo os seus limites e fragilidades, procurando ser fiel à verdade, inevitavelmente na perspectiva dele, e sabendo que a última palavra pertence a Deus, de quem espera um juízo misericordioso e para o qual se prepara com serena confiança. Diz: "Crer não é senão, na noite do mundo, tocar a mão de Deus e assim - no silêncio - ouvir a Palavra, ver o Amor." Qual é "o verdadeiro problema deste nosso momento da história? Deus desaparece do horizonte dos homens e, com a extinção da luz que vem de Deus", a humanidade é apanhada pela falta de orientação, "cujos efeitos se manifestam cada vez mais".
Nasceu de uma família modesta, profundamente enraizada na fé da Igreja Católica. O pai era polícia, mas crítico e capaz de pensar pela sua própria cabeça, a mãe era muito cordial. Teve uma infância feliz, com muito afecto. "Para nós era claro que uma pessoa religiosa devia ser antinazi." Foi um miúdo vivaço e algo irrequieto e até "rebelde". O nazismo e a guerra complicaram tudo. Com o tempo, tornou-se "mais reflexivo e menos alegre". Manifestou desde sempre interesse pelas questões religiosas.
Aos 17 anos foi chamado para o serviço militar do Reich. Foi desertor e prisioneiro dos americanos. Essa experiência tê-lo-á marcado definitivamente. De facto, quando já Papa, visitou Auschwitz e fez um discurso deveras dramático e emocionante. "Tomar a palavra neste lugar de horror, de crimes contra Deus e contra o ser humano sem precedentes na história, é quase impossível, e é particularmente difícil e deprimente para um cristão, para um Papa que procede da Alemanha. Num lugar como este faltam as palavras; no fundo, só há espaço para um atónito silêncio, um silêncio que é um grito interior para Deus: porque te calaste? Porque quiseste tolerar tudo isto? Onde estava Deus nesses dias? Porque é que se calou? Não podemos perscrutar o segredo e o mistério de Deus, só fragmentos, e enganamo-nos quando queremos converter-nos em juízes de Deus e da história. O nosso grito dirigido a Deus tem de ser ao mesmo tempo um grito que penetra no nosso próprio coração para que desperte em nós a presença oculta de Deus, para que o poder que depositou nos nossos corações não fique coberto ou sufocado em nós pelo egoísmo, pelo medo dos homens, pela indiferença e pelo oportunismo." É necessário elevar esse grito até Deus particularmente no momento actual, "no qual parecem surgir novamente nos corações dos homens todas as forças obscuras: por um lado, o abuso do nome de Deus para justificar uma violência cega contra pessoas inocentes e, por outro, o cinismo que não reconhece Deus e que ridiculariza a fé nele. Gritamos a Deus para que leve os homens a arrepender-se e a reconhecer que a violência não cria paz, mas suscita mais violência, um círculo de destruição no qual, no final de contas, todos perdem".
Foi sempre excelente nos estudos e fez uma carreira académica brilhante, sendo reconhecido como um dos mais lúcidos intelectuais contemporâneos. Agostiniano na sua orientação teológica - Deus é "o Deus da fé, que toca o coração do homem, que me conhece e me ama, mas, de algum modo, Deus deve ser também acessível à razão" -, conservador, também quis, concretamente a seguir à guerra, renovar a Igreja: "Éramos progressistas. Queríamos renovar a teologia e com ela a Igreja, tornando-a mais viva. Queríamos que a Igreja progredisse e estávamos convencidos de que deste modo seria rejuvenescida." Não ousaria alguma vez apresentar-se como "reverendo". Nós, sacerdotes, "não somos patrões, mas servos". Em 1958, era capelão, escreveu um texto intitulado: "Os novos pagãos e a Igreja", em relação ao qual se chegou a dizer que "continha afirmações heréticas". Ajudou financeiramente estudantes. Foi "fã" de João XXIII. "Tínhamos uma certa reserva interior face à teologia de Roma." Participou com entusiasmo na renovação da Igreja com o Concílio Vaticano II, assessorando concretamente o cardeal Josef Frings, de Colónia, e dando contributos decisivos para o documento sobre a Revelação. Partidário de mais "colegialidade" no governo da Igreja, assinou um texto de Karl Rahner - é certo que "mais por amizade" -, para debater e até abolir a lei do celibato. Pôs reservas à encíclica Humanae Vitae: "O que dizia era válido na substância", mas "eu procurava uma aproximação antropológica mais ampla".
Como se deu a viragem? Temeu a fragmentação da Igreja, pois havia interpretações indevidas do Concílio, a liturgia parecia à deriva, as pessoas já não tinham uma orientação clara para a fé, estava a impor-se "a ditadura do relativismo". O Concílio terminou em 1965 e já em 1967, numa aula em Tubinga, chamou a atenção para que a fé cristã estava agora, "como nunca antes na história", circundada "pela névoa da incerteza". Por isso, eu penso que a zona mais negra ou, pelo menos, mais problemática da sua vida, que foi a da condenação de tantos teólogos durante o tempo da sua presidência da Congregação para a Doutrina da Fé, tem neste temor a sua explicação: "Vi que a teologia já não era a interpretação da fé da Igreja Católica." Exemplo típico de desvio teológico, segundo Ratzinger: Hans Küng, de quem foi amigo e colega e com quem não é meigo na crítica, embora "nunca tenha aconselhado tomar medidas contra ele".
Por decisão pessoal, o autor do texto não escreve segundo o novo Acordo Ortográfico
PARABÉNS, MENINA RITA!!!
Acho que seria assim que o seu Avô Zé Jacinto lhe daria conta da alegria pelo Prémio de sua neta.
(Esta versão tipo meninos da linha fica bem, tá a ver, para o seu saudoso Avô da alentejana praia da Messejana!!!!).
NR1
A reportagem da RTP sobre a cerimónia da entrega dos prémios, aqui:
http://www.rtp.pt/noticias/cultura/rtp-em-destaque-nos-premios-gazeta_v963176
NR2
Rita Colaço, Prémio Gazeta de Jornalismo 2015 com a reportagem que pode ouvir o link que se segue, discursando depois de receber o Prémio das mãos do Presidente Marcelo.
Link da reportagem:
http://www.rtp.pt/noticias/grande-reportagem/mar-da-palha-zona-c_a874935
Pe Anselmo Borges
In DN 12 de Dezembro
EM NOVEMBRO ESTÓRIAS DE AMOR E MORTE
Por influência dos celtas e questões de calendário - é Outono a caminho do Inverno, que evoca a noite -, mesmo nas nossas sociedades modernas é no mês de Novembro que os mortos são mais lembrados. Sim. Mesmo nas nossas sociedades que fizeram da morte um tabu - disso não se fala, é de mau gosto e mau tom. Vive-se como se a morte não existisse. É melhor esquecê-la. Mas há este alçapão: ela não se esquecerá de nós. Por isso, em todas as culturas e sociedades, há estórias, mitos, que tentam explicar o inexplicável, esse mistério da morte, a coisa mais natural - como diz a nossa palavra nada, do latim, res nata: tudo o que nasce morre -, mas que não devia ser, a ponto de, segundo os antropólogos, sabermos que na longa história da evolução há seres humanos quando encontramos rituais funerários.
Aí estão algumas dessas belas estórias míticas.
1. A primeira foi o filósofo Manuel Fraijó que ma relembrou. Um antigo mito melanésio conta que no princípio os humanos não morriam. Quando chegavam a uma certa idade, mudavam a pele e ficavam outra vez jovens. Mas, um dia, aconteceu o inesperado: uma mulher aproximou-se de um rio para o rito da mudança de pele; atirou à água a pele velha e regressou rejuvenescida e contente; aconteceu, porém, que o filho a não reconheceu: aquela não era a sua mãe. Desejosa de recuperar o amor do filho, voltou ao rio e voltou a pôr a pele velha, que tinha ficado enredada num arbusto. Desde então, os humanos já não mudam a pele, e morrem. Um belo mito que relaciona a origem da morte com a única força superior a ela: o amor, o amor de mãe.
2. Em África, encontramos o mito do "mensageiro fracassado". Deus mandou um camaleão a anunciar que os humanos seriam imortais e também enviou um lagarto com a notícia de que morreriam. Aconteceu que o camaleão fez o caminho lentamente e o lagarto chegou antes, e a morte deu entrada no mundo. A culpa não é de Deus, que, segundo outra estória, deu ao primeiro homem a possibilidade de escolher entre dois pacotes - um continha a vida, no outro estava a morte. O homem enganou-se e escolheu a morte, que ficou no mundo para sempre.
3. Quem nunca ouviu falar de Orfeu e Euridice? Quando Orfeu tocava a sua lira, até os pássaros ficavam tomados de encanto e deixavam de voar para escutar e as árvores curvavam-se. Apaixonado pela bela Euridice, casou-se com ela. Mas ela foi mordida por uma serpente e morreu. Orfeu caiu numa tristeza mortal. Mas, pegando na sua lira, convenceu o barqueiro Caronte e foi ao outro mundo, conseguindo, depois de adormecer Cérbero ao som da lira, chegar até à sombra da sua amada. Hades acabou por atender o pedido de Orfeu. Euridice podia voltar, com uma condição: não podia olhar para ela enquanto não chegasse à luz do Sol. Mas, claro, Orfeu olhou para trás, para ver se ela o acompanhava (quem não olharia?), e perdeu-a para sempre. A morte e o Sol não podem ser encarados de frente.
4. A mais velha epopeia da humanidade tem cinco ou seis mil anos ou mesmo mais. Chama-se a Epopeia de Gilgamesh, na antiga Suméria, actual Iraque. Gilgamesh era o rei de Uruk, um belo rei, mas que os seus súbitos temiam por causa da sua crueldade. A deusa Aruru ouviu as suas súplicas e formou um guerreiro brutal a quem foi dado o nome de Enkidu. Ele deveria enfrentar o jovem rei Gilgamesh. Depois de seis dias e sete noites de amor com uma prostituta, Enkidu desafiou Gilgamesh, e os dois lutaram numa longa e terrífica peleja. Por fim, como que por encanto, foram tomados pela amizade, abraçando-se como irmãos, e houve festas na cidade. Mas a deusa Ishtar quis Gilgamesh para amante. Tendo recusado, os deuses vingaram-se com a morte de Enkidu. E Gilgamesh chora inconsolável, deixa Uruk e empreende a longa e penosa viagem até ao outro mundo, entre perigos sem conta, na busca do amigo e da imortalidade. Seguindo o conselho do único sobrevivente do dilúvio, Utnapishtim, traz com ele a erva da imortalidade. Mas, esgotado como estava, parou no caminho para beber água e banhar-se. Aí, uma serpente roubou-lhe a planta sagrada da eterna juventude e Gilgamesh soube então que não há remédio para morte. E chorou a sorte do amigo e a de todos, num lamento sem fim em frente dos muros da sua gloriosa cidade de Uruk.
5. Para a eternidade vamos: a eternidade do nada ou a eternidade da vida plena em Deus. Uma das raízes essenciais das religiões tem que ver precisamente com o seu afã de salvação contra a morte, e concretamente o cristianismo foi e é, como diz Fraijó, o mais denodado combate contra "o nada como origem e como meta final da existência". Lá estão os grandes teólogos, também contemporâneos. Uma das irmãs perguntou a Hans Küng: "Acreditas verdadeiramente na vida depois da morte?" E a resposta continua a ser um "sim" espontâneo e sem hesitações. Depois da morte, confessa, "não me aguardará o nada". O grande Karl Rahner, que tenho a honra de ter tido como professor, também passou a vida a fundamentar o seu "não" ao nada.
Para lá ciência, da teologia e da filosofia, ficam aí estes versos do poeta indiano R. Tagore: "A morte é doce, a morte é uma criança que está a mamar o leite da sua mãe e de repente põe-se a chorar porque o leite acabou naquele peito. A mãe dá-se conta e suavemente passa-a para o outro peito para que continue a mamar. A morte é um choramingar entre dois peitos."
E ainda.....
MATINAS
margem sul
Sem o stress das superlotadas Lojas do Cidadão da Grande Lsboa, acordaste um dos muitos braços do estuário do grande Rio Tejo, passeaste por uma Moita ainda com ramela nos olhos, desenjuaste-te no fabuloso balcão da pastelaria A Fragata, constituído, exactamente, por metade de uma fragata, e às nove em ponto foste o primeiro de mais dois ou três cidadãos moitenses a entrar no Espço Cidadão da Moita!
Tranquilo, sereno, e...vinte minutos depois saías com o teu pedido de revalidação da carta de ...condução bem aconchegado na mochila.
A ternura dos 65 à porta!
É bom viver na margem sul!
LISBOAS
NOSSA SENHORA DO AMPARO NA IGREJA EM BENFICA
Construção inciada em ....1750,em Benfica.
A fazer tempo para uma outra tarefa, recolho-me por algum tempo....
Lá fora a algazarra de um Jardim-escola quase que não perturba o silêncio à dúzia de pessoas que aqui se encontram.
Trê homens, nos quais me incluo, o resto mulheres idosas.
Por que tenho, cada vez mais, a sensação de que Deus deve estar cansadíssimo de estar enclausurado,lá ao fundo no altar-mor, numa casinha luxuosamente revestida de ouro, claustrofóbica, Ele que só quis que contássemos com Ele, TODOS OS DIAS e em TODOS OS LUGARES?
Por que "permitiu" que se tivesse investido tanto esforço quando, de facto,o que mais gosta é que O amemos em cada um dos que connosco se cruza?
Fico cada vez mais sem palavras quando entro nestes lugares mas.....sinto-me bem neles, inteiramente disponível para que "fale" comigo!
Mas...nada ouço.
Ou Ele fala muito baixo ou, então, com a idade ,acentua-se a minha surdez!
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Acabei há pouco de almoçar com um colega da minha cardiguense infância e despedimo-nos com o meu amigo a dizer, "olha, temos que nos amparar uns aos outros"!
Como será o amparo da Senhora a quem esta igreja é dedicada?
Ela que não teve ninguém que a amparasse na sua dor de Mãe, a ver ali o Seu Filho a morrer-lhe nos braços, nem sequer Deus, que, pelo Espírito Santo,nela gerou o Seu Filho muito amado?....
Tanto mistério que toma conta da minha cabeça...
E o meu querido amigo Pe Anselmo a vir-me à cabeça: "por que há algo e não nada?"
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Vês, Deus, no que deu ter entrado na Tua Casa?
É só....inquietação, inquietação....
Ampara-me, Senhora, Tu que já sabes do que falamos mas que não temos a tua Coragem de então!
EM NOVEMBRO DE 1971,DESCIA DO PORTO ATÉ LISBOA,
EM BUSCA DE MELHORES DIAS
Para trás deixava um curso de Filosofia/Teologia a meio.
Deambulei por Lisboa batendo a várias portas....
Dei cabo da minha vida de estudos ( saí no início do 3º ano e só a sua conclusão me daria equivalência ao então sétimo ano dos Liceus) mas uma crise de fé fez com que não aguentasse mais tempo estudando matérias que já nada me diziam.
Um outro sacerdócio esperava por mim.
Pelo menos era o que pensava.
Foi também por isso que vi recusada a minha entrada no 1º ano do Curso da Escola Superior de Meios de Comunicação Social, ali para a Lapa e a dar os primeiros passos nesse ano.
Mas não desisti de assumir os desafios que se me apresentaram.
O cinema foi uma das trincheiras em que me refugiei face aos primeiros ataques de desânimo com que me defrontei.
No velho Império, "A primeira noite", THE GRADUATE, de Mike Nichols, com Dustin Hoffman, visto vezes sem par, para sempre me marcaria.
Hoje, nesta primeira manhã, meio "aTRUMPalhado, sinto uma irreprimível vontade de voltar a refugiar-me na música do Simon e Garfunkel.
"Jesus love you more than you will know.."
IMPERDÍVEL
DE AGENDAMENTO OBRIGATÓRIO
Todos ao Altis, em busca de um pouco mais de FELICIDADE!!!
Com o Pe Anselmo, mais do que um estafado Evangelho repetindo acriticamente o que aconteceu,torna-se urgente a proclamação de um Evangelho que continua a FAZER ACONTECER!
Um tempo de "Boa Nova FELICITANTE"!!!
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