Acho que no distante 1969, algures, ali para as bandas de Arca d'Água, na vetusta cidade do Porto, onde , então, perseguia os ideais franciscanos, ter visto OS CAVALOS TAMBÉM SE ABATEM, do Sydney Pollack, não terá suscitado em mim as reflexões sobre a crise dos anos 30, nos States, que o filme evoca, e os rituais de sobrevivência a que o pessoal se sujeitava para alcançar melhoria de vida num depauperado quotidiano.
(Um parentesis para dizer, já, antes de tudo o mais, que seria um dos finalistas de idêntico concurso,nesse Verão, mas... por razões de pura diversão de um seminarista em férias, em bailarico a preceito, numa esconsa garagem cardiguense!Acho que não fomos os vencedores.Dou a taça de mão beijada!!!)
Tudo isto me veio à memória, quando, ontem, me deparei com a cena que, creio, a estas horas ainda se desenrolará num dos átrios do Allegro de Alfragide. E não é que entre os concorrente me pareceu ver.... uma grávida! A ansiedade com que aquele nascituro vai acrescentar ansiedade aos ansiosos que somos, quer dizer, andamos, todos, uns mais do que outros!
Sim, confesso-me cúmplice do voyeurismo geral que alimenta a tristeza dos dias em que vivemos - esta prosa a que dou estampa prolonga o que se pretende, como dizer, questionar - e reconheço que o berço para este tipo de iniciativas começa ao encontrar eco na apatia de cada um de nós, no nosso quotidiano baixar de braços, no nosso deixar para os outros a solução para a crise, no nosso quero lá saber do que é que poderei fazer pelo meu país, no ....
-Ei, pst, ó senhor editor de meia tigela, ou lá o que é, você está a dizer mal da minha filha, do meu neto, do meu tio, da minha prima, que apenas pretendem divertir-se um bocadinho e, por que não, zarpar para casa com o carrito?!
Só cá faltava mais um moralista!!!Mas se calhar até é capaz de ir botar discurso num pomposo ciclo de cinema sobre a obra de Sydney Pollack...querem ver...
Deixe lá as pessoas divertirem-se....distrairem-se....
Tra...quê?!
-Traírem-se!
antónio colaço
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