Chegou o tempo da azeitona e os campos animam-se. Vindas das cidades e dos seus subúrbios, velhos silenciosos armam sob a copa das árvores centenárias imensos panais verdes, encostam escadas às suas ramarias densas e ali passam os dias, ripando ou varejando as oliveiras.
Sozinhos ou em pequenos grupos comandados pelos mais velhos (mais saudosos, mais sabedores), despidos das roupas citadinas, perdem-se nos descampados assolados pelas chuvas, escondidos nas neblinas ou crestados pelas geadas, regressando sempre ano após ano, reavivando os caminhos velhos que ninguém percorre.
(...)
Têm saudades da terra e voltam, pontuais, cada vez mais velhos e teimosos. Contidos, reúnem-se sob as copas vetustas, parcos de palavras; são testemunhas de um outro tempo que soçobrou, e os seus gestos passados de geração em geração, não são suficientes para acordarem o passado. Os campos abandonados já não acolhem cânticos nem risos, apenas silêncios.
A NÃO PERDER!!!
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