O Arqto
António Castelbranco, filho, cede à
ânimo o artigo que enviou para os nossos amigos do semanário
Primeira Linha, de Abrantes, a quem agradecemos, igualmente, a cedência da respectiva foto. Antes de o publicar, gostava de deixar muito claro que o meu amor por Abrantes é antigo e enquanto pude, enquanto nela estive, sempre defendi o seu bom nome por muito que algumas das memórias de alguns dos actuais protagonistas do facto já se tenham esquecido. A luta pela legalização das rádios livres fez de Abrantes uma
pátria de todos os debates. Foi, também , com a minha colaboração, com a
minha palavra, que a
Central Termoelétrioca do Pego, a sua localização, então envolta numa polémica - que só não conheceu os contornos de hoje porque ainda não tínhamos televisões, telemóveis, twiters, blogs... - pode ser debatida e discutida na rádio que, então, dava os primeiros passos. Fui eu quem coordenou, dentro e fora da rádio, os acalorados debates que então se realizaram. Fui eu quem no seio da rádio garantiu que por ali passariam
todas as vozes, a favor e contra! Os abrantinos puderam dizer de sua justiça! Foi graças a um homem de que só recordo o primeiro nome,
Eng Garcia, militante comunista, com uma poderosa, persuasiva e esclarecida capacidade de a todos nos esclarecer/convencer que a EDP está hoje no Pego!
Pois bem, o
pedregulho que se aproxima vertiginosamente de Abrantes, não me parece ter percorrido todos os caminhos de um, ou mais DEBATES abertos, sérios e AMIGOS DE ABRANTES!
Deixo-vos, colhidas este fim de semana, duas ou três imagens da Abrantes que eu gosto. Sem pedregulhos a ferir-nos os olhos e com as nuvens por companheiras,
inteiras. Sem sombra de qualquer projectada sombra pedregúlhica!
1.E agora o texto do Arquitecto António Castelbranco. Ah, não deixem de passar pelos Comentários.Para aqueles que só agora aqui chegaram, têm
esta petição ao vosso dispor. Sirvam-se, quer dizer,
assinem!
2.O título deste post é da inteira responsabilidade do animador de serviço.
antónio colaço
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Foto: Arqto Castelbranco (Primeira Linha)
No passado dia 25 de Junho, tivemos na Igreja de Santa Maria do Castelo a apresentação do projecto para o Museu Ibérico. Fiquei satisfeito por ver que houve interesse por parte dos abrantinos em assistirem a esta apresentação.
Os desenhos e as maquetas são de grande qualidade apesar das fotomontagens não representarem correctamente o volume que se pretende construir, que afinal não é de 30 metros de altura mas sim de
45 metros de altura (ou seja uma
torre de 15 andares).
O arquitecto apresentou o projecto e falou bem, todavia, nem eu nem a audiência ficámos convencidos, o que de resto valeu um reparo de desespero por parte do projectista, Carrilho da Graça, que perguntou se “na sala não há ninguém que goste do projecto?”. Com efeito “as primeiras críticas de quantos encheram a Igreja de Santa Maria, no castelo, foram de tal modo corrosivas” que o autor do projecto procurou o apoio de alguém mas a audiência deixou claro que este projecto tal como está não se enquadra, não cabe e não fica bem no meio do centro histórico da nossa cidade.
Neste sentido, está a decorrer uma petição on-line -
http://www.gopetition.com/online/28923.html - que já conta com mais de 325 assinaturas (em menos de 3 dias) a pedir para que o projecto seja repensado.
Da conversa do projectista ficaram-me 3 argumentos:
1- O projecto respeita a beleza da paisagem de Abrantes e envolvente
2- O projecto respeita o delicado convento e o seu claustro
3- O projecto respeita tem um diálogo entre a cidade e o museu
Quanto a mim, penso e disse que:
1-
O projecto não respeita paisagem nenhuma, impõe-se à paisagem2-
Pelo seu tamanho (torre de 45 metros) o projecto não respeita o convento e muito menos a linguagem arquitectónica delicada do seu claustro3-
O projecto não tem qualquer diálogo com cidade, terá um eventual monologo, mas um diálogo NUNCA!… e foi justamente isto que foi publicado no Público de Sábado: "Eu só vejo um monólogo - o projecto fala e a cidade ouve!"
Em todo o caso, deixo-vos algumas opiniões que foram emitidas pelas pessoas que votaram na petição on-line, e sugiro que vão ver o que Portugal (porque não é só Abrantes que tem votado) tem a dizer sobre este projecto.
- Para aberrações já bastam as que se estão a construir na Encosta Sul- Estou farto de "caixotes", perante os quais devemos fazer mesuras e exclamações de admiração bacoca!- Não é possível uma absurdidade como esta !- Acho que se devem de pronunciar os abrantinos sobre um empenho deste calibre.
Obrigado- Isto e' uma monstruosidade que só' cabe na cabeça do presidente- Basta à ditadura dos arquitectos sobre o património e sobre a ignorância dos decisores políticos!-Continuará este a ser um "Portugal dos Pequeninos" ? Haja visão de futuro e enquadramento paisagístico.
Basta de mamarrachos como o de Sagres!!!- O País vai estando saturado de "mamarrachos". Em Abrantes, mais um, não!!- O museu parece-me bem, mas não neste local. Com ou sem eleições, a localização deve ser discutida-Por favor, deixem de desequilibrar as harmonias arquitectónicas tradicionais, em pseudo-criações (que são mais imitações) post-modernistas ou minimalistas, descontextualizadas e infectadas pelas megalomanias político-construtivas...-Mais um tenebroso atentado urbanístico na nossa martirizada Cidade. Esta velha e florida urbe não merecia este funesto destino. Se é para "dar nas vistas", encham este -paralelepípedo estanque com terra e prantem-lhe por riba uma frondosa araucária!!!- Basta de mamarrachos. Mandem os arquitectos fazer os seus delírios fora dos centros históricos- Um edifício com a volumetria proposta e o impacto visual que promete causar, merece amplo debate e o consenso da população, que deve ser auscultada. Por isso assino pela suspensão do avanço da obra, já que está provado que a mesma não tem ainda consensoArqº António Castelbranco