Foto.José Augusto
Mesmo ao fechar deste número o privilégio de partilhar convosco um dos momentos mais altos dos meus últimos anos: almoçar com dois dos principais protagonistas da história recente deste país.
Nesta imagem, ofereço a Mário Soares uma caixinha em madeira pintada por mim, como habitualmente faço com todos os convidados destes almoços, e que contém dentro de si licor de amoras feito com as amoras e aguardente de Mação.
Na dedicatória que deixei a Mário, no interior da caixa, para além de significar o reconhecimento pelo seu empenhamento na devolução da Liberdade aos portugueses, sabendo que está quase a acabar o seu último livro, “Amar Portugal”, sugeri-lhe que, de vez em quando, fosse bebendo “um dedal” do dito licor. Disse-me que também gosta muito deste licor.
2
Longe de mim pretender que Mário adoce a pílula aos desanimados dias que vivemos, antes, qual elixir de juventude, que o ajude a conservar no meio de nós por muitos e longos anos.Um pequeno parêntesis para dizer que Mário Soares completa no próximo dia 7 de Dezembro 89 anos. De facto, quando o questionei sobre a reconhecida falta de novos lideres e lideres com o seu estofo, de imediato me disse que “há muito boa gente em Portugal.O que acontece é que muitos estão calados e com medo de retaliações!”. E Mário foi igual a si próprio neste Animado Almoço - que resulta, todas as quartas-feiras, na Associação 25 de Abril, por iniciativa da ânimo em parceria com a mesma Associação- e uma vez mais veio alertar-nos, que, neste momento, “mais do que defender a Constituição temos de nos defender a nós próprios!”. Vasco Lourenço, que nunca escondeu algumas divergências com Soares, veio ali dar conta do enorme respeito e admiração que nutre por ele, perante o desassombro das suas mais recentes intervenções ao ponto de afirmar que “estou a ser ultrapassado pela esquerda pelo Dr. Mário Soares!”
3
No recato do almoço, antes da parte pública do debate, sempre que o questionei sobre questões já acontecidas, como as relações com Alegre e outros factos internos do PS, de imediato me dizia, “meu amigo ,isso é passado!”
Com Mário Soares, todo o tempo que resta é para viver o presente com os olhos no futuro. Ao pé de si, mais do que uma figura do passado, o que nos impressiona é que nos pressiona para não deixarmos que nada se passe que ponha em risco o amor a Portugal.
Com Soares, Portugal só pode ser mesmo fixe.
Obrigado, camarada e “velho amigo”, como me escreveu na dedicatória do seu livro “Mário Soares. Um político assume-se”.
NR
Texto enviado, agora mesmo,para o mensário VOZ DA MINHA TERRA, de Mação e que aqui partilho.
antónio colaço
Links Amigos